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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Está certo o plural de gol ser ‘gols’?

“Tive um velho professor que dizia que é um erro ridículo o plural de gol ser ‘gols’. Segundo ele, o certo é ‘goles’ (pronúncia ‘gôles’). Me lembrei desse professor vendo a final da Copa das Confederações. Isso faz algum sentido? Será que o Brasil enfiou três goles na Espanha?” (Arlindo Souza) Não, Arlindo, o Brasil […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 03h37 - Publicado em 23 jun 2014, 11h40

“Tive um velho professor que dizia que é um erro ridículo o plural de gol ser ‘gols’. Segundo ele, o certo é ‘goles’ (pronúncia ‘gôles’). Me lembrei desse professor vendo a final da Copa das Confederações. Isso faz algum sentido? Será que o Brasil enfiou três goles na Espanha?” (Arlindo Souza)

Não, Arlindo, o Brasil meteu três gols na Espanha mesmo. No entanto, seu velho professor tinha uma dose de razão: o plural de gol é realmente uma anomalia do português brasileiro – o Houaiss o chama de “barbarismo consagrado pelo uso”.

Em Portugal não existe esse problema porque a palavra inglesa goal, ao ser importada, ganhou uma vogal final para se aclimatar. “Fred saltou com Arbeloa, caiu no relvado, a bola surgiu-lhe frente ao pé direito e, ainda no chão, chutou para golo”, escreveu o repórter do jornal luso “Público” em sua crônica sobre a grande partida de ontem. O plural de golo, claro, é golos – tudo conforme o espírito da língua.

Ao optar pela grafia “gol” como forma de reproduzir em nossa língua o som do vocábulo original (palavra que fez sua estreia por escrito na revista “O Malho” em 1904), o português brasileiro instituiu, em primeiro lugar, um ligeiro descompasso entre grafia e prosódia. Basta pensar em exemplos como futebol e (apropriadamente) espanhol: a regra de que palavras terminadas em ol são pronunciadas com o aberto – ou vice-versa, com a fala vindo antes da escrita – tem apenas duas exceções: álcool e gol. No primeiro caso, porque a sílaba tônica é deslocada. No segundo, porque… porque…

Ora, porque é assim que se fala em inglês.

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Dessa primeira esquisitice deriva a segunda: o plural “gols”, também ele um espelho do idioma original, é um caso único em português. A flexão de número gramaticalmente correta seria “gois” ou, como queria o professor de Arlindo, “goles”. Seria – só que, como se sabe, ninguém fala assim, e a língua é sempre feita pelos falantes.

Pode-se encarar o plural “gols” como um solecismo disseminado ou um charmoso capricho do português brasileiro. O que não se pode é deixar de reconhecer sua vitória acachapante.

Publicado em 1/7/2013.

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