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Por Sérgio Praça
A partir do que há de mais novo na Ciência Política, este blog do professor e pesquisador da FGV-RJ analisa as principais notícias da política brasileira. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Rogério Favreto e os terraplanistas de Lula

As trapalhadas de domingo ajudaram a narrativa petista

Por Sérgio Praça Atualizado em 10 jul 2018, 21h27 - Publicado em 10 jul 2018, 19h46

O Brasil não está dividido entre grupos políticos definidos ideologicamente. Os seguidores de Jair Bolsonaro (PSL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se distinguem, à exceção da política de direitos humanos, por posições firmes sobre políticas públicas. Tudo bem. Nada contra. Mas, se nada de substantivo diferencia esses dois grupos, o que eles têm em comum? Há pelo menos dois pontos que podem uni-los.

É possível que os apoiadores tanto de Bolsonaro quanto de Lula sejam pessoas que por natureza acreditam em teorias conspiratórias. Segundo um estudo publicado ontem pelo British Journal of Political Science, a teoria conspiratória é uma maneira de interpretar eventos como causados por um plano secreto de poucos grupos ou indivíduos, cujos objetivos são parcialmente ocultados, mas normalmente relacionados à obtenção de poder político.

Ou então essas pessoas partem da fé em um grupo político para observar o mundo. É o que cientistas políticos chamam de motivated reasoning. De acordo com o estudo já citado, trata-se de um mecanismo psicológico inconsciente através do qual pessoas processam e integram informações a partir de crenças, atitudes e emoções prévias ao recebimento da informação. Se sou filiado a um partido político como o PDT, por exemplo, é possível que eu leia sobre a dívida pública de um modo diferente do que se eu fosse filiado ao DEM. A crença ideológica precede as informações que o mundo oferece. (Informações podem ser enviesadas? Neste blog não. Nunca mais!)

Podemos, a partir disso, entender melhor os acontecimentos do famigerado domingo do juiz Rogério Favreto. Sua decisão para libertar Lula é risível: participar de eleições não é justificativa razoável para tirar alguém da prisão. Mas quem interpreta o cotidiano com os óculos da hashtag LulaLivre viu em Favreto um redentor. Finalmente um juiz corajoso! E a interferência atrapalhada de Sergio Moro logo em seguida só reforçou a narrativa de que o sistema judicial brasileiro persegue petistas e era necessário um herói para trazer equidade à Justiça. Favreto, o homem-aranha que pula instâncias.

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Mais interessante do que entender as interpretações sobre o último domingo é saber a origem dos motivos para apoiar Lula. É o partidarismo ou a predisposição para acreditar em teorias conspiratórias? Não sei, é preciso fazer pesquisas específicas sobre isso. Só quero apontar que a paranoia não pode ser subestimada como filtro de informações políticas. E aí não há fact-checking e campanha com programas partidários claros que faça diferença.

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