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Por Sérgio Praça
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Bruno Covas aprende que São Paulo não é a Disney

O neto de Mario Covas está descobrindo que São Paulo não é a Disney que ele pensava ser

Por Sérgio Praça Atualizado em 30 jul 2020, 20h28 - Publicado em 3 Maio 2018, 11h03

Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo desde a saída de João Doria (PSDB) para disputar o governo estadual, já disse que comandar a cidade sempre foi seu sonho. Algo equivalente a ter dez anos e ir para a Disneylândia. Aos 38, Covas acumula grande experiência política. Já foi vice-prefeito, secretário municipal, secretário estadual, deputado estadual e deputado federal. É injusto atribuir seu sucesso político apenas ao sobrenome. Basta compará-lo a Mario Covas Neto (que é filho de Mario Covas) vereador que conduz mal sua carreira. O novo prefeito tem crédito e mérito para estar no cargo. Mas, nessa semana, descobriu que São Paulo está para a Disney como água para petróleo.

O edifício Wilton Paes de Almeida, que ruiu no Largo do Paissandu após um incêndio, era controlado (de modo obviamente irregular) pelo Movimento Luta por Moradia Digna. Seu dono é o governo federal, que há 17 anos deixou de usá-lo. Em todo esse tempo, a cidade foi governada por Marta Suplicy (ex-PT, agora MDB), José Serra (PSDB), Gilberto Kassab (ex-DEM, agora PSD), Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB). Covas diz que a prefeitura não pode ser responsabilizada pois fez todo o possível para regularizar a situação deste e outros prédios ocupados no centro da cidade. Mentira. Seus antecessores ignoraram o problema. Não firmaram acordo com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão do Ministério do Planejamento responsável por cuidar dos imóveis do governo federal no país.

Por que esse acordo não foi firmado? A SPU costuma ser comandada por dirigentes corruptos. Em 2003, por exemplo, a superintendente da SPU no Distrito Federal era a ex-deputada petista Lúcia Helena de Carvalho. Foi demitida por “fraude processual, falsidade ideológica e formação de quadrilha pelo repasse de uma área de valor milionário do governo federal para mãos privadas, após fraude em documentação”. Contra o atual secretário, Sidrack Correia Neto, não há suspeita de atos corruptos.

De 2004 a 2012, Evangelina Pinho chefiou a Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo. Junto com a prefeitura da cidade (ocupada sucessivamente nesse período por Marta Suplicy, José Serra e Gilberto Kassab), era responsável por regularizar a situação de prédios como o que pegou fogo e matou dúzias de famílias no centro de São Paulo. Evangelina foi demitida por corrupção. Fellice, indicada pelo PRB, assumiu o cargo logo após. Hoje, Robson Tuma, filho de Romeu Tuma, é o responsável pela SPU em São Paulo.

Falta, também, capacidade e expertise para a SPU fazer seu trabalho. É um órgão bastante ineficiente, a julgar pelos resultados de auditoria realizada em 2014 pelo Tribunal de Contas da União. Segundo o TCU, a secretaria tem “um grande número de avaliações de imóveis vencidas e dados que não refletem os valores de mercado”. Os auditores também afirmam que “as superintendências estaduais da SPU encontram dificuldades em empreender gestões para que os órgãos da administração pública mantenham essas informações atualizadas e que as próprias superintendências não conseguem manter atualizada a avaliação imobiliária dos bens sob sua responsabilidade”.

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Bruno Covas não se mostrou bom gestor no primeiro (e único) ano de Doria à frente da prefeitura. Nomeado para a Secretaria das Prefeituras Regionais, foi demitido e realocado para cuidar mais da articulação política com vereadores. Agora poderá testar sua habilidade de diálogo com funcionários do governo federal cujos incentivos estão pouco alinhados aos seus. Covas tem obrigação de solucionar, com Tuma e quem quer mais que seja, os outros prédios ocupados irregularmente por movimentos sociais de moradia. O neto de Mario Covas está descobrindo que São Paulo não é a Disney que ele pensava ser.

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