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Um espantoso cartão vermelho

Não há nada normal nos recorrentes desentendimentos entre Bolsonaro e sua equipe econômica

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 set 2020, 13h49 - Publicado em 16 set 2020, 13h46

É difícil saber o que é mais espantoso.

1. A equipe econômica teve a espantosa ideia de congelar aposentadorias e benefícios, no rescaldo da pandemia, em plena recessão, no exato momento em que a inflação volta a mostrar as garras. É a mesma equipe que já teve as espantosas ideias de tomar dinheiro dos desempregados para criar um plano de combate ao desemprego, e de financiar o Renda Brasil tirando “dos pobres para dar aos paupérrimos”. Guedes, que se escandaliza com a ideia de empregada doméstica na Disneilândia, é candidato ao Prêmio Maria Antonieta de insensibilidade social.

2. Todo chefe detesta saber por terceiros, especialmente pela imprensa, de propostas importantes criadas por seus subordinados, mas Bolsonaro é particularmente irascível, já teve muitas reações destemperadas por causa desse tipo de coisa antes. Mesmo assim, a equipe econômica decidiu, espantosamente, negociar sua proposta de congelar as aposentadorias e benefícios no Congresso sem antes submetê-la ao presidente.

3. Bolsonaro abateu a ideia malsã. Não é a primeira vez. Melhor. Mas é espantoso que alguém tão insensato quanto Jair Bolsonaro seja a voz da sensatez no governo.

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4. Em vez de mandar demitir o responsável pela ideia descerebrada, Bolsonaro disse que o autor da ideia deveria levar “cartão vermelho”. É um espanto. Ora, quem tem poder de demitir, e quer demitir, demite, não vem lavar roupa suja em público. Com essa atitude, Bolsonaro não desgasta apenas a Guedes e a equipe econômica, mas a si próprio, mostrando-se um presidente fraco, sem pulso firme, incapaz de tomar decisão.

5. Guedes disse que o cartão vermelho não era para ele. Para quem era, então? Para a Damares?! Claro que era para Guedes, afinal, Waldery Rodrigues é seu assessor, não estaria negociando a proposta sem seu conhecimento. Ainda que Guedes entendesse que a falha é de Waldery, deveria tê-lo demitido, mas, espantosamente, tirou o corpo fora.

6. Guedes é desautorizado com tanta frequência que a gente já nem dá importância. Na semana passada, Bolsonaro mandou o ministério da Justiça pressionar os supermercados, Guedes pediu esclarecimentos, e o presidente avisou pelos jornais que foi ele quem mandou e ponto final. Guedes fez cara de paisagem. Se tivesse um mínimo de brio e amor próprio, já se teria demitido, mas não. Ainda acaba servindo cafezinho. Um espanto.

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6. Guedes não tem um plano, em nada ajuda o governo, em muito o atrapalha. Qualquer presidente com noção do cargo, como FHC ou Lula, já o teria demitido, mas Bolsonaro, espantosamente, prefere fritá-lo semana sim, a outra também, mantendo-o onde está.

7. Bolsonaro não demite Guedes porque o mercado ainda o vê como uma garantia de ortodoxia econômica. Guedes não privatizou nada, não fez abertura comercial, não lutou pela PEC Emergencial, não apresentou proposta de reforma tributária, deixou Bolsonaro quebrar as pernas da reforma administrativa, permite que o governo intimide supermercados. Enfim, tornou-se um dois de paus, mas o mercado, espantosamente, ainda lhe dá valor.

8. O Brasil está à deriva, mas Bolsonaro continua com altos níveis de aprovação, inclusive entre as camadas mais bem informadas da população. Um espanto.

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