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Presidente fora de controle

O Brasil não é um país de maricas. É um país de pacóvios.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 nov 2020, 11h28 - Publicado em 11 nov 2020, 10h21

A Anvisa — dirigida por um militar bolsonarista — suspendeu de maneira unilateral os testes com a vacina do Instituto Butantan (que o presidente Bolsonaro denomina “vacina chinesa”). E manteve a decisão mesmo depois que ficou claro que sua justificativa não procedia, escancarando a motivação política.

Bolsonaro não perdeu tempo e foi às redes criticar a vacina e, como um adolescente, se vangloriou de ganhar “mais uma” de João Doria. Ao criticar a vacina e comemorar sua suspensão, Bolsonaro contribui para desmoralizar a imunização e aumentar o número de mortes — mas isso não tem muita importância, importante é impedir o rival de marcar pontos com o eleitorado.

Animado, declarou que o Brasil “tem que deixar de ser um país de maricas” e enfrentar a pandemia “de peito aberto” (pelo jeito, sem máscara nem vacina). Após ofender brasileiros em geral e homossexuais em particular, Bolsonaro, que se considera corajoso (quando todo mundo sabe que a palavra correta é bravateiro), referiu-se a Joe Biden como “candidato” e ameaçou usar “pólvora” contra os EUA.

É provável que o capitão tenha tentado desviar a atenção do fato de que, no mesmo dia, Ricardo Lewandowski enviou à PGR uma notícia-crime contra Bolsonaro pelo aparente envolvimento do governo na defesa do filho Zero Um. Se foi isso, conseguiu: não é todo dia que um país periférico ameaça declarar guerra à maior potência militar do planeta.

Todd Chapman, embaixador dos EUA, não se impressionou. Sutil como uma revoada de hipopótamos, publicou um vídeo comemorando o aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, a unidade de elite da Marinha americana que com frequência é a primeira tropa a invadir países estrangeiros. Aproveitou para elogiar a diplomacia.

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10 de novembro de 2020 foi o dia mais estapafúrdio do governo Bolsonaro até agora. O que, dado o histórico de nosso alucinado presidente, não é um feito trivial.

Na única não-besteira que proferiu em todo o dia, Bolsonaro afirmou que “não adianta fugir da realidade”. De fato. E a realidade é que a pandemia já matou 160 mil brasileiros (e vai matar muito mais), precisamos da vacina, nossa situação econômica é um desastre, Joe Biden é o presidente dos EUA, o Brasil é um país a cada dia mais irrelevante, ameaçar guerra contra os EUA é uma maluquice ridícula, e Jair Bolsonaro é o presidente mais incompetente e sem noção de que se tem notícia.

E o Brasil, que dá alta popularidade a um tal presidente, não é um país de maricas.

É um país de pacóvios.

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