Primeiro foi a parada militar, encomendada para intimidar o Congresso Nacional. O desfile produziu (literalmente) muita fumaça, mas não intimidou ninguém, e viralizou em incontáveis memes pela Internet.
Em seguida, o cantor Sérgio Reis prometeu “parar o país” com um locaute de caminhoneiros financiado por empresários do agronegócio, e ameaçou invadir o Supremo, “quebrar tudo” e “tirar os caras na marra”.
Golpe militar convocado por cantor já seria duro de acreditar, mas Reis foi imediatamente desmentido por líderes de caminhoneiros, e um representante do agronegócio disse que o cantor exagerou, que devia “ter tomado umas pingas”.
A mulher do cantor deu conta de que o marido estaria “triste”, “depressivo” e “magoado” por ter sido mal interpretado. O próprio cantor deu entrevista em que afirmou não ter querido agredir ninguém, e chorou. Como se não bastasse, um deputado do PT deu a entender que Reis teria usado dinheiro público para substituir uma prótese peniana.
Bolsonaro divulgou texto para a militância dando desculpas por estar demorando a dar o golpe, e convocou para uma manifestação “absurdamente gigante” que lhe dê respaldo para, enfim, desfechá-lo. (O presidente irritou-se porque o zap vazou.)
A operação de treinamento da Marinha em Formosa foi transmitida pela rede oficial de TV. O vídeo da operação, em que se podem se ver três fuzileiros explodindo uma casinha de papelão ao som da trilha sonora do filme “Missão Impossível”, viralizou em incontáveis memes pela Internet. Um veículo de comunicação trocou a trilha sonora do filme de Tom Cruise pela trilha sonora de “Os Trapalhões”.
O general Augusto Heleno, notório golpista, deu uma entrevista tentando preservar um mínimo de respeitabilidade para o golpe, e defendeu, com argumentos disparatados, que as Forças Armadas poderiam “intervir” (mas que, claro, não seria o caso neste momento). Não serviu para muita coisa, até porque tem tempo que ninguém mais leva Heleno a sério.
O governo, possivelmente porque os comandantes militares estejam cansados de passar vexame, desistiu da parada militar de 7 de setembro.
Marx afirmou que a história acontece duas vezes, a primeira como tragédia, a segunda como farsa, mas ele não conhecia o Brasil.
Aqui, está mais para mico, mesmo.