Wilson Witzel saiu do anonimato direto para notoriedade, sem chegar a se tornar célebre. Em menos de dois anos, foi do nascedouro à queda sem conhecer o apogeu.
Em sua curta e malfadada carreira política, Witzel colecionou momentos bizarros, como o fato de confeccionar e envergar, dias a fio, uma constrangedora e estapafúrdia faixa governamental. Ou quando deu alegre corridinha pela ponte Rio-Niterói em comemoração à morte, pela polícia, do sequestrador de um ônibus. Sem falar de sua insistência em querer dar tiros “na cabecinha” de bandidos e de sua permanente obsessão em ser presidente da República, que começou antes mesmo de tomar posse como governador.
Nada, entretanto, causa mais perplexidade do que ter ele repetido fielmente o esquema que levou à cadeia seu antecessor Sérgio Cabral: desvio de dinheiro na área da Saúde disfarçado como serviço de advocacia prestado pela própria mulher.
Por algum motivo ignorado, Witzel — mesmo tendo sido juiz federal, mesmo tendo acompanhado a Lava-Jato (que, segundo afirmou, pretendia levar para Poder Executivo do estado) — imaginou que, ao replicar de maneira mais rudimentar o modelo que deu a Cabral quase 300 anos de cadeia, sairia impune.
Atribui-se a Albert Einstein a tese de que fazer repetidas vezes a mesma coisa esperando diferentes resultados é a definição de loucura. A tese pode explicar muita coisa no comportamento de Wilson Witzel — possivelmente, o político mais estrambótico já gerado pelo Rio de Janeiro. O que, considerando-se que o estado já produziu gente como Anthony Garotinho, Roberto Jefferson e Enéas Carneiro (deixemos Flordelis, que está em uma categoria bem mais complexa do que “política”, de lado), não é pouca coisa .
Não deixará saudades.