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CPI: operação tabajara dá tiro no pé

Testemunha (plantada?) tumultua a sessão e piora as coisas para Bolsonaro

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jul 2021, 09h25 - Publicado em 1 jul 2021, 17h56

O depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira foi, até agora, o mais estapafúrdio da CPI. E olha que já teve muito depoimento estapafúrdio.

Dominguetti denunciou Roberto Ferreira Dias, do Ministério da Saúde, por um esquema bilionário de corrupção, mas a história é esquisita. Ele se diz representante de uma empresa com a qual não tem vínculo, e que, sendo mero cabo da PM, pretendia vender ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses, no valor de bilhões de reais, de uma vacina que o mundo inteiro queria e ninguém tinha. E, mesmo sendo um policial da ativa, ouviu uma proposta de corrupção sem dar voz de prisão em flagrante ao criminoso.

E ficou mais esquisita ainda quando, em plena CPI, Dominguetti apresentou uma gravação incriminando —falsamente — o deputado Luís Miranda e seu irmão Luís Ricardo, responsáveis pela denúncia de outro esquema bilionário que também inclui Roberto Dias.

A perplexidade foi geral: afinal, Dominguetti queria denunciar o governo ou defendê-lo? A testemunha tem boa fé ou foi plantada para desqualificar Miranda e proteger o governo? Nesse caso, por que denunciou Dias?

A própria tropa de choque do governo parece ter ficado atordoada. Ainda pela manhã, Flávio Bolsonaro dizia que a denúncia de Dominguetti era “fantasiosa”, mas, no início da tarde, já defendia a testemunha. Quando ficou claro para todos que a prova contra Miranda era de araque, a tropa passou a atacar a testemunha.

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Curiosamente, apesar de o comportamento de Dominguetti ser estapafúrdio, a denúncia contra Dias, em si, é perfeitamente crível: o denunciante sabe precisar perfeitamente todos os detalhes das circunstâncias em que Dias lhe pediu a propina. O que não é crível é que um cabo da PM estivesse fazendo uma venda bilionária de um produto que ninguém no mundo tinha.

Muito mais razoável é que o encontro de Dominguetti e Dias em fevereiro tenha sido uma armadilha para fornecer a Pazuello o pretexto perfeito para se livrar de um funcionário que o ministro queria demitir desde setembro, mas que o governo, a pedido do centrão, não permitia.

Uma hipótese aventada para explicar o comportamento de Dominguetti é que agora, no calor da denúncia dos Miranda, o governo possa ter acreditado que se Dias sofresse nova denúncia e Bolsonaro imediatamente o demitisse, isso demonstraria o compromisso do presidente com o combate a corrupção… e debelaria a crise.

E, assim, teria determinado a Dominguetti, bolsonarista entusiasmado, que fizesse a denúncia. E, de quebra, incriminasse Luís Miranda com uma prova falsa. (Ambas as ideias são completamente descerebradas, mas o governo está em pânico, produzindo ideias descerebradas quase todo dia).

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Seja lá qual for a explicação, está dando tudo errado. A denúncia de Dominguetti foi um desastre para o governo, a falsa denúncia contra Luís Miranda foi desmascarada em minutos e transformou o desastre em catástrofe.

Enfim, o depoimento foi uma confusão, e ainda há muitos buracos a serem explicados, mas a crise piorou. O governo sai com a imagem de ter plantado uma testemunha. E o resultado líquido da sessão será uma acareação com Dominguetti; Cristiano Alberto Carvalho, representante da Davati (a empresa que, supostamente, tinha as vacinas para vender); e os ex-funcionários do Ministério da Saúde Roberto Dias, Coronel Marcelo Blanco e Coronel Alexandre Martinelli, os três suspeitos de corrupção.

Ficou um pouco mais difícil para Arthur Lira manter o impeachment na gaveta.

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