11 senadores e uma sentença
A CPI não se divide em apenas dois campos, a favor e contra Bolsonaro, como muitos imaginam
A CPI não se divide em apenas dois campos, a favor e contra Bolsonaro, como muitos imaginam.
Cada um dos integrantes da comissão tem seus próprios interesses, e não está absolutamente claro ainda o que cada um pretende, até porque os interesses tendem a flutuar ao sabor de acontecimentos provocados pelo andar do próprio inquérito.
Há, evidentemente, os que querem pôr as ações e omissões de Bolsonaro em pratos limpos, o que, na prática, equivale a buscar o impeachment. Parece ser o caso de Tasso Jereissati, talvez seja o caso de Randolfe Rodrigues.
Mas há quem queira prejudicar Bolsonaro sem nem por isso derrubá-lo. Humberto Costa, do PT, por exemplo, quer sangrar o presidente, mas não pode matá-lo, porque Lula precisa que Bolsonaro esteja no segundo turno. Tudo indica que o relator Renan Calheiros se encontra no mesmo grupo de Costa. Acertar a mão não é simples, por sinal: se o relatório for forte, tem potencial para derrubar o presidente ou tirá-lo do segundo turno; se for fraco, pode sair pela culatra e fortalecê-lo.
Os senadores bolsonaristas querem ajudar Bolsonaro, claro. Mas uns mais, outros menos. Primeiro, porque político não faz favor de graça, e é preciso ver o que o presidente vai entregar em troca. Segundo, porque, no caso dos senadores do centrão, quanto mais Bolsonaro sangrar, mais fácil será arrancar dele cargos e verbas.
Ciro Nogueira, um dos principais líderes do centrão, parece querer entender para onde o vento vai soprar, deixando a porta aberta para mudar de posição: na contramão do bolsonarismo, declarou de público que votou em Omar Aziz para presidente da Comissão e que não vê problema em que Renan seja relator.
Assim como se costuma dizer que há 11 supremos tribunais federais, talvez haja 11 CPIs da Covid.