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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Xiii… A Economist decidiu provocar de novo a soberana, agora afirmando que ela optou, sim, por privatizações, só que tarde

Pode parecer que a revista inglesa The Economist escreve certas coisas só para torrar a paciência da presidente Dilma Rousseff. Trata-se, obviamente, de uma impressão falsa. Tudo não passa de… amor aos fatos, coisa com a qual o PT e os petistas passaram a se dar muito mal a partir de 2003. Os companheiros entendem […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h05 - Publicado em 11 jan 2013, 06h09

Pode parecer que a revista inglesa The Economist escreve certas coisas só para torrar a paciência da presidente Dilma Rousseff. Trata-se, obviamente, de uma impressão falsa. Tudo não passa de… amor aos fatos, coisa com a qual o PT e os petistas passaram a se dar muito mal a partir de 2003. Os companheiros entendem que jornalismo sério é sinônimo de elogio. A crítica – ou o simples apego à realidade – é entendida como sabotagem. Por que isso tudo?

Dilma, a gente sabe, não gosta de algumas palavras. Não é só superstição, embora haja, sim, um apelo místico, só que de viés ideológico. Um dos vocábulos hoje praticados pelo petismo, mas que estão no território do nefando é “privatização”. Não, não! Isso é coisa de tucanos. Petistas praticam… “concessões”, como se houvesse, no que concerne ao serviço público, diferença entre uma coisa e outra.

Vamos ver. O governo brasileiro já foi dono de hotel. Sim, de hotel. Ao vendê-lo, privatizou-o. Se o novo titular tocou o negócio ou resolveu meter fogo no prédio, não sei.

Os tucanos também fizeram concessões. De fato, todos os serviços públicos – e os bens do subsolo brasileiro (como o ferro da Vale) – são explorados em regime de concessão. Há um contrato com tempo determinado. Descumpridas as regras ou as leis, o governo pode tomar tudo de volta.

Isso basta para evidenciar a falácia das críticas feitas às privatizações no governo FHC. Houvesse mesmo alguma ilegalidade, como denunciaram os petistas, estariam livres para intervir e pegar a estatal de volta. Só não o fizeram porque tudo estava nos conformes. A gritaria era fruto da vigarice ideológica.

Não há diferença, entendam bem, entre o que o governo Dilma fez com os aeroportos e o que se fez com as ações da Telebrás que pertenciam ao estado. Nenhuma! Zero! Nos dois casos, estamos falando, a rigor, de CONCESSÃO. Chama-se também privatização porque, de fato, a gestão passou o controle do serviço para mãos privadas. É o caso da Vale.

Mas Dilma não quer que se diga que ela privatizou. Afinal, como o PT pode admitir que seus adversários históricos estavam, no fim das contas, certos, e eles, os petistas, errados?

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De volta à Economist
Há quase um mês, a revista tratou das dificuldades do Brasil para crescer e até chegou a fazer troça: se Guido Mantega não entregava os resultados prometidos, não seria o caso de demiti-lo? Dilma ficou furiosa e resolveu bater boca com a revista. Antes dela, só Silvio Berlusconi havia se dado a tal desfrute.

Muito bem: na edição desta semana, a Economist fala o óbvio. Dilma aderiu às privatizações, sim, só que o fez tardiamente. Mais uma matéria de fato que deve irritar um tantinho a governanta. Segue texto publicado na VEJA.com. Volto em seguida.
*
A revista britânica The Economist destaca em reportagem na edição que chega nesta quinta-feira às bancas o fato de o Brasil ter “despertado para a necessidade urgente de melhorar a infraestrutura do País”, em especial nos transportes. A reportagem diz que o governo de Dilma Rousseff era “relutante” em aderir às privatizações e que isso teria atrasado o plano das novas concessões, especialmente dos aeroportos.

“O governo do Brasil despertou para a necessidade urgente de melhorar a infraestrutura do País. Ele está leiloando concessões de rodovias, estradas e aeroportos. No mês passado, acrescentou portos à lista e prometeu gastar R$ 54 bilhões para expandir, dragar e melhorar os portos ao longo dos próximos cinco anos”, afirma a reportagem.

A decisão de repassar projetos à iniciativa privada, no entanto, não foi fácil. A revista britânica diz que o governo de Dilma Rousseff tinha “relutância” em privatizar alguns setores da economia. Para a Economist, o atual governo brasileiro foi “tardiamente convertido” às privatizações.

“Depois de vender 51% das ações em três aeroportos em fevereiro do ano passado, o governo ficou temeroso e passou o restante do ano sondando operadores estrangeiros para verificar se algum consideraria entrar em uma licitação para investimento minoritário. Somente depois de perceber que não teria compradores, o governo decidiu continuar a vender o controle acionário”, relata o texto.

(…)
A revista lembra, porém, que “muitos planos da infraestrutura brasileira não conseguem sair do papel” e cita as propostas para a Copa do Mundo de 2014 como exemplo. Dos 102 projetos apresentados em 2010 para o mundial de futebol, quase um quinto – ou 19 obras – sequer começaram.

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Voltei
Pois é… Dilma era a gerentona do governo Lula quando sobreveio o caos aéreo. Em vez de respostas, os petistas preferiram fazer proselitismo: tudo seria decorrência do milagre petista, já que pobre passara a andar de avião. Notem: o quiproquó nos aeroportos brasileiros se tornou insuportável em 2006. Estamos em 2013. Só agora há a chance de a solução, com o perdão do trocadilho óbvio, decolar.

Este blog se orgulha de algumas coisinhas. Nada de muito miraculoso. Com alguma frequência, orgulha-se de enxergar o óbvio com alguma antecedência. No dia 7 de fevereiro do ano passado, escrevi um post intitulado “O PT que privatiza – Partido chega aonde estavam os tucanos, mas 15 anos depois; Infraero como sócia de consórcios é só uma vela para o atraso”.  Lia-se lá o que segue em azul:

“Eu sou a favor de privatização até de escolinha de jardim da infância, desde que bem-feita. Dilma Rousseff não só é uma notória, como chamar?, retardadora de parcerias com a iniciativa privada como tem em sua carreira um estrondoso insucesso. O seu genial “modelo” de privatização de estradas federais, que levou Elio Gaspari a flertar com a poesia épica, deu com os burros nos buracos. Escrevi bastante a respeito já. Há muita coisa em arquivo. O resumo é este: antes, o usuário enfrentava buracos sem pagar pedágio; agora, enfrenta-os pagando. Bem baratinho!
O setor de aeroportos estava sob o controle de Dilma quando era chefe da Casa Civil. O caos se instalou, e nada de a privatização sair. Saiu. Mas de um jeito, de novo, meio esquisito. Vamos ver. Eu não sou especialista em privatizações, economista, financista ou o que seja. Sou apenas alguém que cuida de alguns aspectos lógicos dos processos. E costumo flagrar algumas incongruências, não devidamente respondidas pelos especialistas. Antes que entre no mérito, uma nota de ironia.”

Encerrando
Como vocês leem, eu fazia referência a um programa de privatizações de estrada lançado por Dilma em 2007, saudado por muitos como a revolução do “bom e barato”. Foi um desastre. Se você clicar aqui, saberá detalhes do imbróglio.

Sim, Dilma demorou demais para fazer o óbvio. Os petistas mantêm relações ambíguas com o capital privado. Em algumas áreas, a restrição é de natureza ideológica; afinal, sabem como é, eles são socialistas… Trata-se de desonestidade intelectual. Em outras, o capital é visto apenas como uma fonte inesgotável de bons negócios. Trata-se de desonestidade. Ponto.

Texto publicado originalmente às 4h29
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