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TV de Lula contrata por R$ 6 milhões empresa onde atua filho de Franklin Martins

Ai, ai, leitor amigo… O ministro da Verdade, Franklin Martins, era aquele que mais se opunha à demissão de Erenice Guerra. Seu argumento essencial e exemplar, consta, era este: “Se cedermos nesse caso, quem será o próximo?” A pergunta, claro!, embutia a sugestão de que a então ministra não havia feito nada de errado. Seria […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h10 - Publicado em 22 set 2010, 07h23

Ai, ai, leitor amigo… O ministro da Verdade, Franklin Martins, era aquele que mais se opunha à demissão de Erenice Guerra. Seu argumento essencial e exemplar, consta, era este: “Se cedermos nesse caso, quem será o próximo?” A pergunta, claro!, embutia a sugestão de que a então ministra não havia feito nada de errado. Seria tudo tramóia da tal mídia, contra a qual os aliados do ministro pretendem fazer um protesto! Respondo a pergunta do valente: “Não sei quem será o próximo. Por mim, seria Franklin Martins”. E por bons motivos.

Uma das coisas encantadoras dos petistas é o talento de seus filhos  — geralmente em área de atuação ou influência da Mamãe Gansa e do Papai Ganso. Lula compreende isso muito bem. Em 2002, Lulinha era monitor de Jardim Zoológico. Hoje, é um empresário que já mexe com milhões. Não há zebra que dê tanto dinheiro.

Erenice fez a pergunta emblemática a respeito: “Meus filhos vão ter de viver todos à minha custa?” Respondo essa também: “Que é isso!? Deixe que vivam à nossa custa!” Leiam trecho da reportagem de Leandro Cólon no Estadão de hoje. Volto ao fim de tudo.
*
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do governo federal, contratou por R$ 6,2 milhões uma empresa que emprega o filho do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, presidente do Conselho de Administração da estatal, conhecida como “TV Lula”.

A Tecnet Comércio e Serviços Ltda. venceu, no penúltimo dia de 2009, a concorrência para cuidar do sistema de arquivos digitais da EBC, um dos grandes projetos do governo. E-mails da própria EBC obtidos pelo Estado mostram que o ministro Franklin Martins pediu “prioridade zero” para o assunto, embora pareceres feitos em dezembro alertassem quanto à falta de recursos orçamentários para o projeto. A EBC é a única emissora de televisão brasileira cliente da Tecnet na área digital. A empresa é o braço operacional do grupo que dirige a RedeTV!

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O jornalista Cláudio Martins, filho do ministro Franklin, trabalha na Tecnet há pelo menos dois anos como representante comercial, segundo a própria direção da empresa. De acordo com o comando da Tecnet, ele é o responsável pelos negócios de software e tecnologia da empresa no exterior e com as afiliadas do grupo. Cláudio acaba de chegar do Chile e da Argentina, onde foi apresentar serviços da Tecnet.

A licitação vencida na EBC foi realizada às pressas em 30 de dezembro passado. No dia seguinte, o governo emitiu a nota de empenho (compromisso de pagamento) para a empresa. Segundo a direção da EBC, o trabalho da Tecnet está em fase de execução em São Paulo e, em breve, deve atingir Rio de Janeiro e Brasília. O sistema da Tecnet cuidará da gestão dos arquivos digitais novos e futuros da empresa do governo. Além desse contrato, a Tecnet tem outros dois com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 5,4 milhões, para prestar serviços de telemarketing.
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Sem recursos
Um empresário do mercado admitiu anteontem, em conversa gravada com o Estado, que deu orientação à comissão de licitação sobre como elaborar o edital de contratação. E, apesar disso, sua empresa participou da concorrência, tendo sido a única adversária da Tecnet na disputa. Os papéis mostram, ainda, que não havia recursos disponíveis. “Não há disponibilidade orçamentária para atender à despesa em questão”, diz relatório, de 11 de dezembro, da coordenadora de licitações Maria Cristina Brandão Santos. Ainda assim, a EBC fez um pregão presencial às pressas, 19 dias depois.
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O empresário Fábio Tsuzuki, que dirige a Media Portal, contou ao Estado que contribuiu para a elaboração do edital, o que quebra o caráter de impessoalidade da licitação. Ele menciona, como interlocutor, o gerente-executivo de Tecnologia da estatal, Gerson Barrey. A EBC pôs no papel uma estimativa de R$ 16 milhões num processo que contou com a participação de duas empresas. A Tecnet jogou os preços para baixo e fechou um contrato de R$ 6,2 milhões.
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O empresário da Media Portal disse que orientou servidores da EBC a buscarem no site da empresa requisitos técnicos da disputa. Alertou que não fossem citados nomes específicos de “produtos”, mas apenas de funções, da concorrência pública. “Se você coloca nome de produto, fica muito direcionado”, disse. “De certa forma a gente ajudou validando a descrição das funções (do sistema). A gente disse que eles poderiam usar nossa descrição. Se você olhar, vai ver que é igual ao edital”, disse. “A gente foi prejudicado porque achou que iria ganhar e não ganhou. De certa forma poderia dizer que estava direcionado (para a Media Portal), mas não fomos beneficiados.” Tsuzuki disse não ter condições de afirmar que a Tecnet foi favorecida pelo governo.

O que diz Franklin
Procurados pelo Estado, o ministro Franklin Martins, a direção da EBC e o comando do grupo Tecnet/RedeTV disseram não ver nenhuma irregularidade na licitação. O ministro afirmou que seu filho Cláudio Martins “não teve qualquer influência no resultado da licitação em questão”. “Ela foi vencida pela Tecnet por uma razão muito simples: ofereceu o menor preço no pregão eletrônico”, acrescentou.
(…)
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Comento
Tadinho do empresário inocente… Achou que estava participando de uma boa jogada — uma licitaçãozinha direcionada —,mas só estava preparando a cama para outro deitar. Chato isso.

Outra coisa encantadora na Petelândia é a quantidade de coincidências. Em nenhum outro grupo elas se dão com essa espantosa freqüência. A empresa onde Franklin manda soltar e prender precisa de um serviço. Faz-se uma licitação cheia de heterodoxias. E a vencedora, por coincidência, é a empresa onde o filho de Franklin é chefe.

“Quem será o próximo?”, quis saber Franklin.

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Numa democracia normal, seria você, Franklin!

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