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Sobre denúncias e gomos de lingüiça

Vocês já sabem o que acho de valeriodutos, não é? Seja o federal, seja o mineiro, em si desiguais. Este é caixa dois, aquele era um modo de comprar o Congresso — dois crimes com implicações diferentes, ambos a pedir punição. Como dizem que quero derrubar Lula, o que não chega a ser de todo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h21 - Publicado em 30 set 2007, 09h18
Vocês já sabem o que acho de valeriodutos, não é? Seja o federal, seja o mineiro, em si desiguais. Este é caixa dois, aquele era um modo de comprar o Congresso — dois crimes com implicações diferentes, ambos a pedir punição. Como dizem que quero derrubar Lula, o que não chega a ser de todo mentira, deveria estar interessado em queimar o ministro Walfrido dos Mares Guia. E estou. Mas por aquilo que ele fez, não pelo que ele não fez. Leio na Folha deste domingo o seguinte título: “Walfrido agrega a seus bens R$ 23,5 mi nos últimos 2 meses” (íntegra aqui). Até cheguei a pensar: “Esse pessoal não tem jeito mesmo”.

Fui ver do que se tratava. E li o seguinte, em reportagem de Paulo Peixoto: “Investigado pela Polícia Federal por suspeita de participação no valerioduto mineiro, o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) construiu carreira no setor de educação, em Minas Gerais, antes mesmo de ingressar na política. Fundou o grupo Pitágoras, em 1966, até hoje conhecido como o ‘colégio do Walfrido’. Nos últimos dois meses, Walfrido agregou R$ 23,5 milhões ao patrimônio com a abertura do capital da Kroton Educacional, que administra a rede de educação Pitágoras, uma das três maiores do país.”

Não há nada de errado com a reportagem, é bom dizer. Ela conta como o ministro se tornou um dos maiores empresários de educação do país — e seria interessante saber se o que ele produz na área presta ou não. Mas é evidente que o título induz a pensar que o ministro aprontou mais uma. E ele não fez nada de errado. Apenas abriu o capital de sua empresa.

Aos poucos
Aliás, é bom começar a ver as coisas com cuidado. Reportagem de Frederico Vasconcelos na mesma Folha informa: “Rogério Lanza Tolentino, advogado do publicitário Marcos Valério, foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais e recebeu dinheiro do valerioduto durante a campanha de 1998, quando o então governador Eduardo Azeredo (PSDB) tentou, sem êxito, a reeleição. Atuando como juiz eleitoral, Tolentino votou favoravelmente ao candidato tucano em decisões próximas a depósitos em sua conta e na de sua mulher. Relatório da Polícia Federal no inquérito do valerioduto mineiro registra que, entre agosto e outubro de 1998, foram feitos cinco pagamentos no total de R$ 302.350 ao juiz e a sua mulher, Vera Maria Soares Tolentino. Para a PF, seriam ‘recursos de estatais desviados para o caixa de coordenação financeira da campanha’ (integra aqui).”

Na minha terra, há uma piada assim.

O velho padre do vilarejo estava doente, cego, acamado, e já não podia mais ouvir a confissão dos fiéis na igreja. Fiel a sua missão, recebia-os em seu próprio leito. O caboclo chegou para contar seus pecados e sentou-se no chão. Reparou que sob a cama do padre havia uma bacia com muitos gomos de lingüiça, enrolados, que haviam sido dados de presente ao cura por um outro fiel. Não resistiu à tentação e resolveu levar alguns pra casa. Começou a confissão.
– Padre, roubei um gomo de lingüiça.
– Tá bom, meu filho, eu o perdôo.
– Padre, roubei outro gomo de lingüiça.
– Tá certo, meu filho, está perdoado.
– Padre, roubei mais um gomo de lingüiça.
– Meu filho, por que você não me diz logo quantos gomos de lingüiça roubou? Perdôo tudo de uma vez.
– É que eu não sei quantos há na bacia…

A acusação da PF e as reportagens sobre o valerioduto mineiro lembram o comportamento do caboclo. Vai indo aos gomos. Esse relatório da Polícia Federal rende mais do que o baú de Fernando Pessoa.

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