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Só um homem não se surpreendeu: Bento XVI

Dei uma rápida olhada nos sites dos mais influentes veículos de comunicação do mundo ocidental. Ninguém contava com a ascensão do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o Francisco I. A partir de agora, leitores, passo a operar apenas com base no fluxo dos fatos e na possível lógica que determina seus movimentos. Como diria aquele […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h41 - Publicado em 13 mar 2013, 20h45

Dei uma rápida olhada nos sites dos mais influentes veículos de comunicação do mundo ocidental. Ninguém contava com a ascensão do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o Francisco I. A partir de agora, leitores, passo a operar apenas com base no fluxo dos fatos e na possível lógica que determina seus movimentos. Como diria aquele velho barbudo e furunculoso, que não gostava de igrejas, os homens não fazem a sua história como querem, mas premidos por circunstâncias que não são de sua escolha. Já um colégio de 115 cardeais pode escolher, sim, conduzir os fatos em vez de se deixar conduzir por eles. Estou convicto de uma coisa: só um homem não se surpreendeu (e, claro!, os cardeais que ele mobilizou): o papa emérito Bento XVI. Por que digo isso?

A decisão foi rápida. Depois de duas fumaças pretas, uma branca. Bento XVI, por exemplo, só surgiu no terceiro dia do conclave; Francisco I, no segundo. Não se teria chegado ao cardeal Bergoglio, que não estava entre os favoritos, se um intenso trabalho já tivesse sido feito antes, junto a cardeais que certamente seguiram uma orientação — e não foi, por exemplo, a de Tarcisio Bertone, ex-secretário-geral do Vaticano.

Que Bento XVI estava descontente com a cúpula que governava a Igreja Católica, eis uma verdade que não é matéria de interpretação. É fato! Isso estava em suas palavras. Do anúncio da renúncia até deixar o Trono de Pedro, o papa emérito certamente cuidou do nome do cardeal Bergoglio. Contra todas as expectativas, o mais provável é que ele tenha sido um dos mais votados logo na primeira rodada. Como cardeais não fazem campanha eleitoral, alguém cuidou de elevá-lo a essa condição.

Nesse contexto, o nome de Angelo Scola parece ter surgido mais como forma de despiste. Adversário de Tarcisio Bertone, a polarização que atraiu as atenções do mundo escondia o tertius que, em verdade, era primus. Não fosse assim, ter-se-ia chegado à solução mais tarde, depois de novas rodadas de votação.

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Como escrevi no artigo publicado na VEJA, Bento XVI só renunciou porque queria ter o controle de sua sucessão. Papa, vivo ou morto, não vota em conclave, mas só o vivo pode interferir. Se quisesse deixar o futuro da Igreja para as circunstâncias, o agora papa emérito teria ido até o fim.

Bento XVI estava descontente com os setores da Igreja que se moviam nas sombras, mas também é sabido que considera, e está certo, que a saída não é a laicização. Ou a instituição existe para pregar a verdade revelada pelo Cristo ou não tem razão de ser. A Santa Madre não é uma ONG ou um “partido progressista”. Queria uma Igreja mais pastoral, mais missionária, mais apegada à doutrina e mais próxima dos pobres — e Francisco I representa esses valores. Mas também urge uma Igreja mais disciplinada, mais rigorosa, mais obediente ao comando, mais, enfim, jesuítica.

Em síntese: o mundo se surpreendeu com Bergoglio, mas não Bento XVI — e os cardeais que lhe eram fiéis. Ele não renunciou por acaso.

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