REIVINDICAÇÃO RIDÍCULA: ARQUIDIOCESE DO RIO QUER INDENIZAÇÃO POR USO DO CRISTO REDENTOR NO FILME “2012”.
Leiam reportagem de Beatriz Thielmann, no Jornal da Globo. Volto em seguida: Com uma cidade inteira sob seus braços o Cristo Redentor é patrimônio nacional e admirado mundo afora. Agora é a razão principal de uma polêmica que envolve religião e ficção. As imagens exibidas no filme ‘2012’, do diretor Roland Emmerich, deixaram indignados os […]
Leiam reportagem de Beatriz Thielmann, no Jornal da Globo. Volto em seguida:
Com uma cidade inteira sob seus braços o Cristo Redentor é patrimônio nacional e admirado mundo afora. Agora é a razão principal de uma polêmica que envolve religião e ficção.
As imagens exibidas no filme ‘2012’, do diretor Roland Emmerich, deixaram indignados os membros da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ver a estátua desabar ultrapassou os limites da tolerância da cúria.
Em 2008 uma das equipes de produção do filme veio ao Rio para pedir autorização para usar a imagem do monumento na história, mas, assim que soube da parte do roteiro que inclui a estátua, a Arquidiocese negou o pedido alegando descaracterização do símbolo religioso. Mesmo assim ,os produtores incluíram a imagem. A arquidiocese não gostou e reagiu.
Os representantes da igreja na cidade querem uma retratação da Columbia Pictures, distribuidora do filme. A coordenadora do departamento jurídico da arquidiocese, Claudine Milione Dutra, vai além: está sendo exigida uma indenização, não pelo pagamento de uso da imagem, mas pelo uso indevido.
Uma notificação extrajudicial já foi expedida. “A arquidiocese entendeu que houve ali sim um dano à fé católica, ao símbolo religioso que é o Cristo Redentor”, afirma Claudine.
Mesmo assim, muita gente não concorda com a decisão. “Você não tem que proibir que uma obra de arte, seja religiosa ou não, que ela não possa ser mostrada, inclusive numa ficção, é uma bobagem isso”. “Eu acho normal, não tem o menor problema, faz parte, inclusive ajuda a divulgar a cidade no exterior”.
Comento
A turma da Arquidiocese do Rio pode até ser tão católica quanto este escriba, mas mais católica, aí acho difícil. E vocês sabem que não sou do tipo dado a modernidades, não é? Comigo não tem essa de padre ficar pulando no altar como se estivesse no palco, fazer a Dança do Passarinho na Missa ou trocar cartinhas públicas com seus amiguinhos de folguedos quase pios. Igreja é uma coisa, ramo do entretenimento é outra. Sou, assim, muito conservador. Até acho que padre tem de ler a Bíblia. E em latim! Ponto paráfrafo.
A reação da Arquidiocese do Rio é uma tolice sem tamanho. Nem se diga que é fundamentalista, como vão querer alguns, porque ela só é burra. Nenhum fundamento da fé foi agredido no filme. O domínio da religião é um; o das artes & espetáculos é outro. Detesto ter de tratar esse filme bocó nessa categoria, mas a tanto me obrigou a Igreja do Rio.
O Cristo Redentor, sem dúvida, é uma das evidências de nossa formação cristã. Todos sabem que acho a retirada OBRIGATÓRIA de crucifixos de repartições uma forma velada de perseguição religiosa. Defendo, sem receio, a superioridade moral e ética do cristianismo no cotejamento com outras religiões. MAS REPUDIO QUE SE CHAME DESRESPEITO O QUE É UMA OBRA DE FICÇÃO. Idiota, mas é.
O Cristo Redentor é uma imagem mundialmente conhecida. Se é um filme sobre o fim do mundo, esperavam o quê? Fez-se a filmagem, mas se poderia fazer a coisa com truque de computador. Os autores de ficção, mesmo as mais tolas, não têm de pedir licença nem à Igreja nem ao Estado para criar as suas obras. Acho que a ação, sim, é que traz dano à fé católica.
E não me confundam. Quando alguém, em nome da democracia, vem com tolices como: “A igreja tem de estimular o uso da camisinha, de apoiar o aborto, de aceitar o casamento gay, de ordenar mulheres etc”, respondo: “Não tem coisa nenhuma!”
A Igreja tem os seus princípios. Quem aceita fica; quem não aceita cai fora. Simples. O mundo leigo não tem de ficar dando pitaco nessas coisas. Mas também não cabe à Igreja determinar como os símbolos, religiosos que já fazem parte da cultura e estão incorporados ao patrimônio da humanidade devem ser tratados numa obra de ficção.
A ação se confunde com obscurantismo e censura. A Arquidiocese tem de ouvir menos seus advogados litigantes e mais os seus teólogos.