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Realismo republicano

(leia primeiro o post acima) Íntegra do artigo de David Brooks, colunista do New York Times, publicado no Estadão desta quarta. * Dois anos atrás, quando os democratas voltaram ao poder, os moradores de Washington sentiram no ar uma faísca de eletricidade. Livros de fotos celebrando a aurora de uma nova era foram publicados. Hoje […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h44 - Publicado em 3 nov 2010, 22h45

(leia primeiro o post acima)

Íntegra do artigo de David Brooks, colunista do New York Times, publicado no Estadão desta quarta.
*
Dois anos atrás, quando os democratas voltaram ao poder, os moradores de Washington sentiram no ar uma faísca de eletricidade. Livros de fotos celebrando a aurora de uma nova era foram publicados.

Hoje o clima é diferente. É possível que os republicanos obtenham maioria no Congresso, mas todos estão escrevendo a respeito da fúria, e não da inspiração. (Nota aos jovens jornalistas: as vitórias democratas sempre são atribuídas à esperança; as vitórias republicanas são fruto da fúria.) A principal mudança ocorreu no campo dos possíveis vencedores. Dois anos atrás, os democratas entregaram-se ao romantismo. Este ano, os republicanos parecem modestos e cautelosos.

Temos de ser cuidadosos para não cair na empolgação, diz Lamar Alexander, o terceiro na cadeia de comando republicana no Senado. “Pensei em colocar fotos de Nancy Pelosi e Henry Waxman na sala de reuniões dos republicanos para lembrar dos perigos do exagero”, disse ele. É preciso cautela com as expectativas irreais, enfatizou o senador Jon Kyl, segundo republicano mais importante. Os republicanos não serão capazes de grandes feitos sem a ajuda dos democratas. Não conseguirão cortar sozinhos os recursos do sistema de saúde de Barack Obama e nem aprovar uma nova legislação tributária.

Muitos americanos ainda se mostram céticos em relação a nós, reconheceu Eric Cantor, o republicano número 2 na Câmara. Não podemos fazer nada que possa deixá-los desconfiados, como inviabilizar a governabilidade. Em vez disso, os republicanos devem transmitir confiança. As empresas devem ser capazes de prever quanto gastarão com impostos e com planos de saúde, e também quais serão as proporções do fardo regulatório.

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Em 1994, Newt Gingrich falou numa revolução republicana, mas estes republicanos ainda estão sofrendo com a ressaca. Gingrich concentrou poder no gabinete do presidente da Câmara, enfraqueceu os presidentes das comissões e preparou sua máquina para atingir grandes velocidades.

O atual líder republicano, John Boehner, promete fazer o oposto – enfraquecer o gabinete do presidente da Câmara, descentralizar a autoridade e avançar passo a passo. Muitos republicanos acreditam que a era das maiorias permanentes chegou ao fim. Os democratas conseguiram se manter no controle da Câmara por 40 anos, mas agora é maior a probabilidade de este controle mudar de mãos acompanhando as viradas da maré política. Assim, mudanças duradouras terão de ser adotadas com firmeza e absorvidas gradualmente.

A melhor enunciação da teoria republicana para reavivar o crescimento econômico é de Alexander: “Queremos tornar a criação de empregos no setor privado mais fácil e barata.” Os republicanos esperam emitir semanalmente projetos de lei para reduzir a incerteza, os gastos públicos e o custo das contratações.

Algumas das medidas tentarão reverter partes da reforma do sistema de saúde promovida por Obama. A nova lei do sistema de saúde traz, por exemplo, um dispositivo que obriga as empresas a enviar um formulário à receita federal sempre que pagarem a um mesmo indivíduo ou empresa mais de US$ 600 anuais por bens ou serviços.

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Os líderes republicanos estão também preparados para aceitar as vitórias possíveis, ainda que nem sempre correspondam aos objetivos ideais. Os republicanos gostariam de prorrogar todos os cortes de impostos aprovados por George W. Bush até que o Sol se apague, mas estão dispostos a fazer uma concessão e aceitar dois ou três anos de prorrogação. Os republicanos estão sob intensa pressão por parte dos lobbies empresariais no sentido de fazer concessões aos democratas e avançar certas medidas: mais gastos com infraestrutura e cortes nos impostos para incentivar inovações no setor energético.

A resposta previsível a todo este gradualismo determina que, apesar de os líderes republicanos alimentarem tais intenções, é impossível imaginar que os cuspidores de fogo do movimento Tea Party aceitem cooperar com tudo isso. Há algo de verdadeiro nesta hipótese.

Os membros de baixo escalão do Partido Republicano são mais hostis à alocação predeterminada de recursos públicos do que seus líderes (segundo os quais na ausência de tal alocação predeterminada, as decisões simplesmente são tomadas pelos burocratas).

Haverá também conflitos envolvendo orçamentos, o aumento do limite de endividamento e os reembolsos aos médicos. Mas esta trama que coloca líderes do partido contra membros fanáticos tem sido exagerada. Os novos republicanos podem desconfiar do governo, mas a geração republicana que será conduzida ao poder tem grande experiência legislativa. Independentemente da empolgação envolvendo o Tea Party, a maioria dos principais candidatos republicanos já trabalhou anteriormente em legislaturas estaduais ou em Washington.

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Em resumo, se for confirmada, a maioria republicana na Câmara será como um segundo casamento. Menos entusiasmo, mais realismo. O partido poderia ter aproveitado mais alguns anos para desenvolver planos para os grandes temas, como a reforma tributária e do sistema previdenciário. Mas, se um partido vai se dar bem numa eleição, que seja ao menos um partido que desenvolveu certa modéstia.

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