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PT quer esmagar o PMDB, diz Pedro Simon

Na sexta, na minha coluna na Folha, publiquei um texto intitulado “Viva a guerra!”, sobre a crise entre o PMDB e o PT. Leem-se lá afirmações como estas (em azul): (…) Ignorar que o conflito em curso é também expressão das tentações hegemônicas do petismo, como deixam claro os palanques estaduais, corresponde a abandonar o jornalismo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h15 - Publicado em 15 mar 2014, 19h55

Na sexta, na minha coluna na Folha, publiquei um texto intitulado “Viva a guerra!”, sobre a crise entre o PMDB e o PT. Leem-se lá afirmações como estas (em azul):
(…)
Ignorar que o conflito em curso é também expressão das tentações hegemônicas do petismo, como deixam claro os palanques estaduais, corresponde a abandonar o jornalismo em benefício da fofoca ou do cumprimento de uma tarefa. O PMDB é o próximo alvo dos petistas caso Dilma se reeleja. O poder, como o entendem os companheiros, só pode ser exercido quebrando a espinha do principal aliado.
A essência da proposta de reforma política do PT, por exemplo, que está prestes a ser feita no tapetão do STF por iniciativa da turma de Luís Roberto Barroso –refiro-me ao financiamento público de campanha–, busca, no médio prazo, destroçar o PMDB. É uma aspiração compatível com os marcos teóricos da companheirada. Só não vê quem não sabe. Finge não ver quem já sabe.
(…)

Retomo
Ainda que por outros caminhos e com uma inflexão ideológica muito diferente da minha, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) chega à mesma conclusão: a crise em curso é fruto do esforço petista para esmagar seu principal aliado. Leiam a entrevista concedida pelo senador à repórter Marcela Mattos, da VEJA.com.

*
Aos 84 anos, o gaúcho Pedro Simon é um dos políticos que mais conhecem o PMDB, partido que ajudou a criar em 1980 como sucessor do antigo MDB, agremiação de oposição à ditadura militar após o golpe de 1964. Simon coleciona histórias em sua vida pública: foi ministro da Agricultura, governador do Rio Grande do Sul e está há três décadas no Senado. Foi um dos poucos políticos peemedebistas a votar contra os governos Lula e Dilma Rousseff. Hoje, com planos de deixar a vida pública no final do ano, ele vê com ceticismo a ameaça do seu partido de deixar o barco petista e romper a aliança com Dilma: “Podia até ter o rompimento, mas a expectativa dos cargos é muito grande para mudar de lado. Hoje o governo está tão misturado ao PMDB que não é fácil em uma convenção querer mudar os rumos”. Simon afirma não simpatizar com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder da bancada na Câmara, que comanda uma rebelião na base governista. Mas admite méritos ao colega pelas derrotas impostas ao Palácio do Planalto: “É o tipo da coisa que nunca se conseguiu mexer. Mas ele jamais vai ser meu representante, não identifico nele coisa nenhuma”. Leia trechos da entrevista ao site de VEJA.

Qual a avaliação do senhor essa rebelião do PMDB?
O grande erro do PMDB é não se colocar como um grande partido. Nós elegemos governadores pelo Brasil, temos o maior número de filiados e a segunda maior bancada do Congresso. Mas o PMDB, ao longo dos últimos anos, corta as próprias pernas para não caminhar.

De que forma o partido se prejudica?
Nós não vamos ter candidato a presidente da República, embora o [Michel] Temer venha demonstrando o controle no governo ao ajudar a Dilma a não implodir. Enquanto isso, o PT faz uma aliança conosco, mas não nos deixa governar ou participar. O PT quer esmagar, quer esvaziar o PMDB. Na reforma ministerial, por exemplo, as trocas dos mais importantes ministérios foram feitas sem nos avisarem. E mais: temos o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira, candidato ao governo no Ceará com ampla maioria nas pesquisas, e a Dilma quer colocar como ministro tampão apenas para tirá-lo do páreo porque ela quer apoiar o Ciro Gomes e o irmão dele. Isso é grosseiro. É uma paulada que está sendo dada no PMDB. Mas o partido permite isso e não se impõe.

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O PMDB, então, tem parcela de culpa na crise?
Estamos sim em uma crise, mas, com toda a sinceridade, não acho o PMDB culpado. O PT está jogando baixo: quer crescer para 120 deputados na Câmara e nos deixar com 40. Isso não é uma política de aliança, é uma política de subserviência. Os outros partidos apenas fazem figuração. Mas o PMDB, principalmente o do Senado, tem sido chamado de fisiologista. Eu sou um dos integrantes do PMDB que mais têm restrições à cúpula do partido. Eu acho que eles se entregam fácil para o governo, perde méritos por cargo, não apresenta candidato, tem mil coisas. Mas o que está havendo é o PT querendo massacrar o PMDB. De governo importante, hoje só temos o Rio de Janeiro, e agora os petistas já estão na disputa. O fisiologismo é do PT.

No final das contas, o que o PMDB quer com essa rebelião?
Nossos ministérios, principalmente Turismo e Agricultura, são uma piada. Turismo, aliás, acho que nem ministério deveria ser. Temos sim o de Minas e Energia, que é importante, mas só temos o ministro. Nem o chefe de gabinete é nosso. Afinal, quem é que manda? O PT também se queixa, está uma revolta total com a presidente. Não acho que a briga por ministérios seja fundamental, mas a Dilma quis fazer. No momento em que ela nomeia um monte de ministros do PT e começa a fazer leilão dos cargos, pedindo indicação de nomes, ela fez descaradamente uma discriminação com outros partidos. Se o PMDB estivesse se vendendo, tinha de pelo menos ganhar um valor maior. Mas é bem verdade que o partido perdeu a capacidade de luta e está se acomodando.

Como o sr. acha que o PMDB deveria reagir?
Agora nós estamos correndo contra o tempo. Podia até ter o rompimento, mas a expectativa dos cargos é muito grande para mudar de lado. Hoje o governo está tão misturado com o PMDB que não é fácil em uma convenção querer mudar os rumos. Não temos como fazer uma candidatura própria em tão pouco tempo. Todo mundo está com a bandeira [do partido] no bolso. Ninguém ergue a bandeira. Tem de esperar a Dilma se eleger, para então se reunir para dizer o que nós iremos apoiar. Não se pode nem dar palpite. O PMDB está em um mato sem cachorro. Pode até ganhar mais ministérios, mas isso não resolve nada.

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A atuação do Eduardo Cunha representa a vontade do partido?
Eu nunca gostei muito do Eduardo Cunha. Ele sempre quer fazer esquema, é muito mal comentado. Ele quer ministério, quer ser ouvido, mas os pleitos dele são normais. Mas não o identifico com as causas ou bandeiras do PMDB. As pessoas têm muita restrição a ele e ao modo dele de fazer política. Isso causa um certo desconforto, ele não se identifica com a área mais progressista do partido e não é o líder que a linha mais antiga do partido gostaria. Mas isso não significa que ocasionalmente ele não represente a posição do partido contra a prepotência da presidente. Sozinho, ele consegue formar um bloco e convocar dez ministros de uma vez. Não me lembro na história do Congresso da convocação de dez ministros na mesma Casa em um só dia. É o tipo da coisa que nunca se conseguiu mexer. Mas ele jamais vai ser meu representante, não identifico nele coisa nenhuma.

Essa crise pode ter algum beneficio?
Não é bom nem para o PMDB nem para a Dilma. Com isso acontecendo, é enorme o tempo que vai se perder nessa composição, nessa costura, e nas madrugadas para dialogar e resolver isso. Sem contar as escolhas precipitadas dos ministros, que Dilma faz pela indicação, não pela qualidade ou competência. Acho que ninguém ganha.

O sr. será candidato neste ano?
Eu acho que não. Eu estou muito velho. Para mim, o Senado não vai fazer falta. Cansei disso, foram 32 anos. Uma vida.

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