Planalto usa Wikipédia e omite dados sobre advogada de Dilma em perfis de comissão
Por Lucas Ferraz, na Folha Online: Ao apresentar os sete membros da Comissão da Verdade, o Palácio do Planalto usou a Wikipédia (uma enciclopédia virtual) para formular alguns dos perfis dos integrantes e omitiu que a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha foi defensora da presidente Dilma Rousseff e de seu ex-marido na ditadura militar […]
Por Lucas Ferraz, na Folha Online:
Ao apresentar os sete membros da Comissão da Verdade, o Palácio do Planalto usou a Wikipédia (uma enciclopédia virtual) para formular alguns dos perfis dos integrantes e omitiu que a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha foi defensora da presidente Dilma Rousseff e de seu ex-marido na ditadura militar (1964-1985).Um dos perfis, o do ex-ministro José Carlos Dias, traz a descrição exatamente igual à da Wikipédia.No caso de Rosa Maria, o perfil não diz que ela atuou como advogada de Dilma e de Carlos Franklin Paixão de Araújo, ex-marido da presidente e uma das pessoas consultadas por ela para indicar os membros da Comissão da Verdade.Aos 65 anos, Rosa é dona de um escritório de advocacia no Rio de Janeiro.
O processo que a ditadura abriu contra Dilma e seus colegas da organização de esquerda VAR-Palmares, que ficou trancado em cofre no STM (Superior Tribunal Militar) e só foi liberado depois de três meses de disputa judicial travada pela Folha, em 2010, mostra a atuação da advogada em defesa da hoje presidente.
Rosa Cardoso chegou a ser perseguida por causa da defesa que fez dos presos políticos. “Éramos vigiados e as petições eram feitas sempre com muita reserva. Sabíamos que os processos eram copiados pelos órgãos de segurança”, afirmou ela à Folha em janeiro de 2011.Uma das petições de Rosa, entre as mais de 3.000 páginas do processo contra a hoje presidente, revela um pedido para que ela voltasse a ter tratamento dentário, que havia sido interrompido pelos militares na prisão. Rosa também pedia exames médicos, como tratamento ginecológico.
Segundo o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, “não houve motivo específico” para se omitir no perfil dos membros da comissão que Rosa Maria foi advogada da Dilma e do ex-marido da presidente na ditadura. Sobre o uso do Wikipedia, ele disse que “não há nada por trás disso” e que o site foi usado para “facilitar a vida dos jornalistas”.
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