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Os dilemas éticos e morais das guerras

Um leitor, se não fosse tão malcriado, poderia ter colaborado com uma questão importante, que remete a dilemas morais e éticos. Ele me pergunta se o bombardeio a Dresden, por acaso, iguala os aliados aos nazistas. Eu vou explicar a natureza de sua indagação depois de alguns esclarecimentos. Entre 13 e 15 de fevereiro de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h23 - Publicado em 24 out 2011, 20h28

Um leitor, se não fosse tão malcriado, poderia ter colaborado com uma questão importante, que remete a dilemas morais e éticos. Ele me pergunta se o bombardeio a Dresden, por acaso, iguala os aliados aos nazistas. Eu vou explicar a natureza de sua indagação depois de alguns esclarecimentos.

Entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, Inglaterra e EUA promoveram um formidável ataque à cidade alemã de Dresden. Foram quase 4 mil toneladas de bombas. Contas refeitas, estima-se hoje em dia amorte de 25 mil civis — não 250 mil como já se chegou a dizer. Não foi, evidentemente, o único ataque indiscriminado contra civis alemães promovido pelos Aliados nem a única questão da Segunda Guerra que levanta óbices éticos também à prática dos Aliados. Hiroshima e Nagasaki restarão como emblemas do que não se deve fazer nem numa guerra.

Com isso, o leitor pretende me acusar de ter feito o que não fiz: dizer que não havia diferença entre as forças de Kadafi e a de seus inimigos. Ora, é claro que havia, ou eles estariam todos juntos. A questão é saber se é uma diferença que permite chamar o que se pratica por lá de “Primavera”. Mas atenção, amigo! Sem qualquer disposição para o revisionismo em favor dos alemães, os eventos de Dresden e os do Japão não eram necessários. Não determinaram a vitória dos Aliados e só evidenciaram que a guerra, mesmo quando justa, evolui rapidamente para a bestialidade.

O paralelo é descabido, entendo, porque os ditos “rebeldes”, como começa a ficar claro já nos seus primeiros movimentos no Egito e na Líbia, não estão interessados exatamente numa sociedade livre. Há mais: quem, de fato, sustentou a guerra civil na Líbia foram EUA, França e Reino Unido, por intermédio da Otan e de posse de uma resolução da ONU. Nada disso estava dado na Segunda Guerra.

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Essas associações sempre são muito complicadas porque só podem ser feitas mudando o que tem de ser mudado, eliminando-se as diferenças. É um tipo de raciocínio especioso porque, por intermédio dele, você consegue provar que um asno é Schopenhauer. Afinal, é provável que tenham mais semelhanças do que diferenças. O problema é o peso que têm as diferenças. A semelhança entre as seqüências de DNA de um homem é de um chimpanzé é de 95%…

Não é possível promover a barbárie sob o patrocínio da ONU. Ponto! Supunha que sobre isso não houvesse divergência. Aliás, todos agora pedem investigação sobre o que se deu na Líbia, não? A divergência aceitável, entendo, é outra. Eu desconfio que a mão que balança o berço da Primavera Árabe é a Irmandade Muçulmana, que há muito mudou a sua tática de luta. O pensamento majoritário avalia que se trata da força da democracia chegando às terras de Alá. Divergir sobre isso me parece honesto, decente. Especular sobre as virtudes da barbárie porque, afinal de contas, havia um Kadafi do lado de lá, aí não dá.

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