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O REALISMO E O MEGALONANIQUISMO

Hillary Clinton concedeu uma entrevista coletiva depois do encontro com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil — ou das Relações Extravagantes, sei lá. “Temos que demonstrar para o Irã que há conseqüências para violações dos regulamentos da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)”. A secretária de Estado dos EUA estava defendendo, com essa […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h48 - Publicado em 3 mar 2010, 19h00

Hillary Clinton concedeu uma entrevista coletiva depois do encontro com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil — ou das Relações Extravagantes, sei lá. “Temos que demonstrar para o Irã que há conseqüências para violações dos regulamentos da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)”.

A secretária de Estado dos EUA estava defendendo, com essa frase, a aplicação de sanções àquele país. A constatação é tão estupidamente óbvia que chega a dar preguiça ter de comentar ou de explanar o que Hillary está dizendo ao Brasil. Mas vamos lá. Se o Irã insiste em se comportar como pária, não pode ser tratado como se não se comportasse. Ou por outra: se a sua insistência em desenvolver um programa nuclear secreto se torna a precondição para a negociação, isso, na prática, quer dizer que se está cedendo a uma chantagem. E, pois, torna-se irrelevante seguir ou não seguir as diretrizes da AIEA. E notem que fala uma porta-voz do governo Obama, não do governo Bush!

Eu não disse que era escandalosamente óbvio? E Hillary estava mesmo disposta a DESENHAR a questão para Amorim: “Sanções são a melhor maneira de evitar mais conflitos”. Ela está afirmando que tais medidas se inserem numa gradação de punições. Caso sejam tiradas da lista, resta pular para a fase seguinte. O entendimento cretino de Amorim é este: “Sanções poderão ter efeito contraproducente nas negociações com o Irã. Bem, então o que é “producente”? Já vimos como o governo daquele país entende a “negociação”.

Como um bom megalonanico, Amorim está se lixando para a questão nuclear do Irã. O tema é mais um pretexto para a diplomacia brasileira anunciar a sua “independência”, para ser, como diz um documento do PT redigido pela sua Secretaria de Relações Internacionais, um “concorrente” dos EUA: “Não se trata de o Brasil se recusar a se juntar a um consenso. As questões internacionais não são discutidas dessa maneira, com pressão. Cada país tem que pensar pela própria cabeça, e nós pensamos pela nossa própria cabeça”, afirmou Amorim.

Não me diga! QUEM, DE MODO DELIBERADO E SISTEMÁTICO, DECIDE FAZER O CONTRÁRIO DO QUE FAZEM OS ESTADOS UNIDOS NÃO PENSA PELA PRÓPRIA CABEÇA, MAS PELA CABEÇA DO OUTRO, SÓ QUE PELO AVESSO.

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Na ânsia de demonstrar que não se subordina às decisões do governo americano, o governo brasileiro evidencia toda a sua… subordinação!!! Comporta-se como aqueles estudantes malcriados, que decidem chamar a atenção nem tanto pelo talento, mas pelo espírito de confronto.

Isso, queridos, NA MELHOR DAS HIPÓTESES. O apoio incondicional do Brasil ao Irã é tão desastroso para as próprias pretensões do Itamaraty de firmar o Brasil como um ator global que estou convicto de que não sabemos dessa missa macabra nem a metade. Mesmo a determinação de afrontar os Estados Unidos com a tal política do diálogo preferencial Sul-Sul — ou sei lá que nome queiram dar a esta estrovenga que é a política externa — tem o limite do ridículo. E Amorim e Lula já o ultrapassaram.

Pressinto que alguém — ou “alguéns” —, nessa história, foi longe demais.

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