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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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O racismo que dá lucro

Deixem que eu lhes diga uma coisa: não sou hiena, não ataco em bando. Eu não faço parte de grupo nenhum — de “progressistas”, “reacionários”, “centristas”, o que for… Sou católico, por exemplo. A esmagadora maioria me apóia na minha crítica severa, sem concessões, ao abortismo. Quando me digo, no entanto, favorável à união civil […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h26 - Publicado em 29 fev 2012, 07h09

Deixem que eu lhes diga uma coisa: não sou hiena, não ataco em bando. Eu não faço parte de grupo nenhum — de “progressistas”, “reacionários”, “centristas”, o que for… Sou católico, por exemplo. A esmagadora maioria me apóia na minha crítica severa, sem concessões, ao abortismo. Quando me digo, no entanto, favorável à união civil de homossexuais — o que não quer dizer que concorde com a absurda decisão do Supremo, tomada contra a letra da Constituição —, muitos lamentam e dizem que minhas convicções são fracas. Fazer o quê? Defendo até mesmo que pares homossexuais (e não “casais”, né?) adotem crianças, satisfeitas algumas condições (que considero também exigíveis dos héteros), mas acho a tal lei que pune a homofobia facistóide. O mundo não é plano. Eu escolho, em suma, um mundo de liberdades individuais sem violação da ordem legal e institucional — que tem, quando é o caso, de ser mudada.

Alguns cretinos do que passei a chamar JEG (vou mudar a definição: de agora em diante, “Jornalismo da Esgotosfera Governista”) acusam-me de integrar a tal imprensa golpista. Pois é… Se o JEG ataca sempre em bando, e ataca, não somos assim. Há gente demonizada pelos “jeguistas” que também me detesta — e a recíproca é verdadeira. Se existe um fato sobre os jornalistas que não estão submetidos ao tacão governista, o fato é este: CADA UM É LIVRE À SUA MANEIRA. Ou liberdade não há.

Se um dia resolver contar a minha vida sem importância, um fato merecerá destaque. Uma professora disse que eu levava jeito pra escrever quando, ainda menino, fiz uma redação contestando o slogan publicitário: “Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”. Argumentei que, se liberdade era aquilo, então liberdade não era. Afinal, as pessoas deveriam ser livres para não usar a calça. A mestra gostou. Huuummm… Comprei o meu primeiro jeans há uns quatro anos, já aos 46! Antes disso, só usava calça de alfaiataria, mesmo quando era pobre pra chuchu. Uma tia costurava. Tenho uma foto, num dia meio frio, posando (Emir Sader escreveria “pousando”) numas pedras no meio de um riacho, em Visconde de Mauá, no estado do Rio. Aquela maconheirada meio esculhambada à volta, e eu ali, de calça de tecido e… botina!!! Deixei de usar colarinho fechado, sempre sem gravata, mesmo em casa, não faz muito tempo. A gente tem de ser livre até pra ser ridículo se é essa a nossa vontade.  Avanço.

Tenho amigos com quem comungo, por exemplo, a visão sobre política interna; se o assunto é, no entanto, Oriente Médio, aí, sem trocadilho, a discordância pode ser explosiva. Com outros, o bicho pega quando o assunto é Obama. Com outros ainda, a coincidência é quase total, mas basta que se debata o tal “aquecimento global” — aquela religião estranha —, e a confusão se instaura. Há até aquele que beira os 100% de concordância… Ocorre que ele é bicicleteiro, e eu o acuso de achar que está ajudando a salvar o mundo com suas pedaladas. Na última altercação, afirmei que, “se selim fosse categoria de pensamento, ficaria na cabeça, não perto da bunda”. Era um chiste. Ele se zangou e está sem falar comigo há uns 15 dias (deixe disso, ô sensível!!!). Espero que esteja andando de bicicleta no Ibirapuera, não nas ruas. Zelo pela segurança dos meus amigos, hehe (lá vai ele ficar ainda mais bravo…).

O mundo não é plano. O mundo só é plano para mentalidades intelectualmente delinqüentes, que pretendem lucrar com teorias conspiratórias, oferecidas, muitas vezes, a poderosos que não tiveram tempo de elaborar uma leitura consistente do mundo. Assim, agarram-se a algumas facilidades e pagam por elas. Adiante.

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Abaixo, reproduzo um trecho de um post publicado no Blog do Pannunzio, do jornalista Fábio Pannunzio. Não é meu amigo. Não o conheço. Jamais nos falamos. Já li coisas dele de que discordei radicalmente — e tenho a certeza absoluta de que a inversa é verdadeira. Ele não é o representante do “meu grupelho” atacando o representante do “grupelho adversário”. Reproduzo aqui parte do seu post porque as palavras me parecem sensatas. Quando gosto, digo “sim”; se não, então “não”. Ao texto, notavelmente bem-escrito, o que, hoje em dia, já é uma distinção.
*
O racismo que dá lucro

Paulo Henrique Amorim, blogueiro autoproclamado progressista e apresentador da TV do bispo Edir Macedo,  teve lucro com suas injúrias racistas. No blog dele está estampada a manchete “Heraldo aumenta a audiência do CAf em 42%”. O blogueiro “progressista” se ufana de sua obra: “Tem publicidade melhor do que essa?”

Para o caso dele, não deve haver.

Se o que PHA queria era ficar estigmatizado como o último racista assumido da imprensa brasileira,  conseguiu. Se seu objetivo era a auto-desmoralização, ele conseguiu. Se o objetivo era sanar dúvidas sobre seu caráter, também conseguiu. E, no fim das contas, ainda saiu lucrando 42%.

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Não foram poucas tentativas de produzir esse resultado. Ele já havia lançado mão do jargão racista quando chamou Paulo Preto de “Paulo Afro-Descendente”. Heraldo foi a segunda vítima do estratagema.

PHA já havia pedido perdão a Bóris Casoy numa situação humilhante – e, da mesma forma, zombou do acordo assinado às pressas para evitar uma condenação. O arauto da nova censura, chamada agora de Ley de Medios, desconhece o Código Civil e o Código Penal. E faz troça do que ele mesmo propôs e acordou em juízo.

Nos delírios veiculados em seu Der Angriff eletrônico, PHA não tem o menor constrangimento de inventar e repetir inverdades  escancaradas – com aquela em que afirmou que Heraldo havia dito que ele não é racista (se não leu, clique aqui e aumente o lucro do blogueiro). Na Ata de Sentença que encerrou esse capítulo do caso, é ele quem declara que foi “infeliz” ao usar a expressão negro de alma branca, e que não teve intenções racistas. O ofendido jamais declarou a ninguém que PHA não é racista. Até porque ele não pensa assim.

Se PHA é ou não racista  quem vai decidir é a Quinta Vara Criminal do DF. É onde tramita o processo crime aberto pelo Ministério Público para apurar e punir as mesmas ofensas. Condenado, Paulo Henrique, que se gaba de figurar como réu em mais 40 processos, pode pegar de dois a cinco anos de reclusão. Se vai ou não para a cadeia é outra história. Mas, nessas circunstâncias, perder a condição de réu primário seria desastroso para ele.

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Enquanto contabiliza o lucro de seu retumbante sucesso de audiência na internet, PHA certamente não considera o passivo que só faz aumentar no capital volátil de sua desgastada reputação. Jornalistas, salvo algumas exceções indecentes, vivem do que apuram e publicam. Vivem, enfim, de sua capacidade de informar de maneira correta e honesta. Nesse caso, a deplorável atuação do blogueiro pôs a nu um profissional que, na ausência de fatos, inventa; na ausência de argumentos, injuria;  quando faltam palavras para injuriar, recorre ao jargão abjeto dos racistas. Para arrematar, ainda tem a coragem e a cara de pau de alardear que lucrou com o episódio. Faça-me o favor!
(…)

Texto publicado originalmente às 20h11 desta terça
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