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O desfile antecipado dos carnavalescos Cabral e Beltrame. Ou: A piada do ano: delação premiada para “Nem”

Pois é… Quem não faz gol leva. Havia anotado: “Comparar ocupação da Rocinha com escola de samba e afirmar que Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame já são os carnavalescos do ano”. Deixei para escrever hoje — até porque a Claro decidiu atuar ontem como agente de censura e me deixou sem Internet. O humorista […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h10 - Publicado em 15 nov 2011, 16h26

Pois é… Quem não faz gol leva. Havia anotado: “Comparar ocupação da Rocinha com escola de samba e afirmar que Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame já são os carnavalescos do ano”. Deixei para escrever hoje — até porque a Claro decidiu atuar ontem como agente de censura e me deixou sem Internet. O humorista Tutty Vasques, no Estadão, escreveu primeiro. Já era! Perdi, hehe. É o segundo desfile do ano. O outro foi o dos royalities do petróleo — ah, sim: eu acho que o Rio e o Espírito Santo têm razão de reclamar. Sigamos.

É claro que a polícia tem de chegar a todos os bairros do Rio. O espantoso é que não chegue. Prendeu-se o traficante Nem e, que se saiba, mais cinco apenas. A quantidade de droga apreendida é ridícula — e há alguns fuzis para impressionar. Bem, essa é a política de segurança vigente no Rio, cantada em prosa e verso. Depois, é só coroá-la com índices maquiados de homicídio e declarar o sucesso da operação.

Qualquer ser lógico sabe em que resultaria essa “política” se implementada em todas as favelas do Rio: considerando que os traficantes mais robustos são espantados em vez de presos, se todo o estado fosse “ocupado”, a marginália seria obrigada a migrar para São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, né? Por enquanto, essa prática redistribui os marginais no próprio Rio; se um dia se generalizasse, a cidade seria um pólo exportador de bandido. Nota à margem: jamais esquecer que, conforme o oficialmente admitido, a UPP não busca coibir o tráfico de drogas; não é esse o intento. Na prática, a polícia e as Forças Armadas acabam funcionando como segurança desse “comércio informal”. As imagens correm o mundo, como o Carnaval.

Delação premiada
Beltrame e Cabral têm um senso de humor que é preciso ser analisado em profundidade, acho eu. São dois satiristas, só agora me dou conta. O secretário de Segurança do Rio, sob o pretexto de descobrir a banda podre da polícia, quer que a Justiça ofereça a “Nem” o benefício da delação premiada. Huuummm…

Considerando que o dito-cujo não é só um soldadinho do tráfico, mas uma figura graduada; considerando que está longe de ser um idiota; considerando que quem se mete nessa atividade e ascende na hierarquia vai fazendo contatos no mundo do crime, este impressionante Beltrame está querendo dar ao próprio Nem o privilégio de se vingar de seus inimigos, não é mesmo? Se a delação premiada lhe for oferecida, ele pode usar a polícia e a justiça para ajustar algumas contas internas e consolidar seu poder.

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A política no Rio, definitivamente, não pode ser vista segundo a lógica convencional.

Há um caso conhecido de delação premiada no Brasil: a de Durval Barbosa. Sem dúvida, a operação pegou alguns larápios. Depois de tudo, noves fora, o governo do Distrito Federal acabou nas mãos de Agnelo Queiroz, e o próprio Durval terá um destino melhor do que teria se pego numa investigação convencional. O resumo da ópera é o seguinte: a delação premiada tem sido realmente um prêmio. Um prêmio para alguns bandidos, aos quais é dado o privilégio de selecionar as informações que lhes são úteis.

Desculpem-me não falar a linguagem patriótica que caracteriza a cobertura do Carnaval de Cabral & Beltrame.

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