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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Jornalista da Folha não lê o meu livro, engana seus leitores, resolve resenhar Reinaldo, não “O País dos Petralhas II”, e mente sobre mim

Bernardo Mello Franco, jornalista da Folha, escreveu um texto sobre “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”. Está publicado hoje no jornal. Não resenhou o livro, mas o autor, de quem ele parece não gostar muito, o que é um direito. Ele não tem é o direito de escrever mentiras […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h45 - Publicado em 29 set 2012, 07h09

Bernardo Mello Franco, jornalista da Folha, escreveu um texto sobre “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”. Está publicado hoje no jornal. Não resenhou o livro, mas o autor, de quem ele parece não gostar muito, o que é um direito. Ele não tem é o direito de escrever mentiras sobre mim e sobre o livro.

É claro que eu respondo. Eu sou como Joaquim Barbosa: cedo a provocações. Como não estou no Supremo e meus leitores se divertem, então eu me divirto também. Segue o seu texto em vermelho. Respondo em azul.

*

Azevedo volta a mirar o PT em “O País dos Petralhas II”
Jornalista lança nova coletânea de textos em que ataca o ex-presidente Lula, políticos e artistas que julga simpatizantes do partido.
O País dos Petralhas II reúne 113 artigos. Sabem quantos tratam diretamente de Lula? Apenas 10. Outros 12 se referem ao governo Dilma. Nesse segundo grupo, há críticas muito duras à oposição. Não que eu tenha qualquer receio de ser reconhecido como crítico do petismo. Na era do nariz marrom, eu me orgulho disso. Fui crítico do governo FHC também, inclusive na Folha. Forneço os números porque esses são os fatos.

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Na reta final das eleições municipais e do julgamento do mensalão, o jornalista Reinaldo Azevedo volta a mirar o PT em “O País dos Petralhas II”, nova coletânea de textos do seu blog no portal da revista “Veja”.
Mello Franco deve me confundir com algum político da antiga UDN, que ambicionava chegar ao poder com discursos e a eventual ajuda de uns tanques… Qual é a inferência? Que tentei influenciar o processo eleitoral com um livro? Mais: fosse para aproveitar o mensalão, teria esperado o fim do julgamento.

“Volta a mirar o PT”??? Além daqueles 22 textos a que me referi, “O País dos Petralhas II” é composto de:
– 2 textos sobre princípios;
– 5 textos sobre aborto;
– 8 textos sobre religião;
– 8 textos sobre cotas raciais;
– 7 textos sobre “ecologismo”;
– 7 textos sobre embates envolvendo alguns artistas (que nada têm a ver com o PT) por conta de Prêmio Jabuti e Lei Rouanet;
– 6 textos sobre o que chamei “sindicalismo gay”;
– 5 textos sobre descriminação das drogas;
– 11 textos sobre política internacional (4 sobre os EUA, 3 sobre América Latina; 4 sobre Oriente Médio);
– 8 textos sobre a Comissão da Verdade;
– 5 textos sobre o Poder Judiciário;
– 7 textos sobre educação;
– 9 textos sobre ideologia;
– 3 textos sobre os falsos liberais brasileiros.

Ou por outra: dos 113 artigos, 77,8% versam sobre outros assuntos. Os leitores que ficarem com a sua versão jamais saberão disso. É claro que o PT aparece aqui e ali porque, afinal, é o partido que está no poder. “País dos petralhas”, como está claro desde o volume I, de 2008, é o espírito de um tempo — tempo que gera resenhas como essa…

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Desta vez, o trocadilho de petistas com metralhas, dos irmãos Metralha, vem acompanhado de um subtítulo: “O Inimigo Agora É o Mesmo”, paródia da continuação do filme “Tropa de Elite”.
Das duas uma: ou explica a referência ou não cita (mas aí ele perderia a chance de fazer um gracejo raso no parágrafo seguinte). Inverti o subtítulo do filme “Tropa de Elite II – O inimigo agora é outro” porque, como está claro num dos textos do livro, critiquei a subordinação do segundo filme de José Padilha à sociologia do pé quebrado, que resolveu culpar “o sistema” pela violência no Rio. Como eu acredito em responsabilidades de indivíduos, não de entes abstratos, fiz a brincadeira.
Nota – “Petralha” não é um “trocadilho”, mas um neologismo, que já integra um dos três grandes dicionários da língua portuguesa produzidos no Brasil. 

Azevedo, um ex-trotskista arrependido, é uma espécie de Capitão Nascimento da direita. Da sua tribuna na internet, aponta o fuzil sem piedade para o ex-presidente Lula e para políticos, artistas ou intelectuais que julga simpatizantes ou aliados do PT.
Sou tão “ex-trotskista arrependido” quanto Mello Franco é um pós-udenista culpado! É uma tolice e uma mentira! Como ele não leu o livro, não chegou à página 364, em que está escrito, com todas as letras:
“Fui trotskista dos 14 aos 21 anos mais ou menos. Posso não me orgulhar, mas também não cabe ficar falando de arrependimentos. Havia as circunstâncias e as escolhas que fiz com o entendimento que tinha do mundo à época. Mas acho que bem cedo percebi o mau cheiro que exalava daquele pântano moral. Curiosamente, o livro que me tirou daquela bagaceira também ética foi escrito por um deles — ainda hoje considero o mais inteligente entre eles. Refiro-me a Moral e Revolução, escrito por Leon Trotski.”  

E essa é apenas uma das vezes em que escrevi que não me arrependo de coisa nenhuma! Já disse que foram anos importantes na minha formação porque li boa parte da literatura de esquerda, que é hoje utilíssima às minhas análises. Quem é esse Mello Franco para dizer que sou “ex-trotskista arrependido”??? É meu confessor? Meu terapeuta? Sabe sobre mim mais do que eu? E não tenho fuzil, rapaz! Nem metafórico. Eu trabalho com palavras. “Capitão Nascimento da direita”??? Por quê? O original era de esquerda? E não! Eu não critico esse ou aquele porque petistas. Um dos textos mais longos do livro é um embate entre mim e um economista claramente liberal.

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No novo livro, sobram balas para Chico Buarque (“mau romancista” e “propagandista do petismo”), para Caetano Veloso (“pensador amador”) e até para o apresentador Silvio Santos (“puxa-saco de sucessivos governos”).
Dada a sequência do texto, parece que os três são… petistas! Ora.. Esqueceu-se de informar que, no caso de Caetano, respondi a dois artigos seus no Globo, em que fui citado. No caso de Chico, omite o fato de que expliquei por que o considero “mau romancista”. E não é porque ele seja prosélito do PT — no Rio, do PSOL… Aliás, afirmei também que ele é um bom letrista. O PT nada tem a ver nem com uma coisa nem com outra. Ou Chico seria ruim nas duas coisas. Entendeu, Mello Franco, ou quer agora um desenho?

Lula, alvo principal do blog, é chamado de “O Apedeuta”. No verbete de dicionário transcrito pelo próprio Azevedo: “quem não tem instrução, ignorante”.
É mentira! Eu teria muito prazer em fazer um livro em que Lula fosse o alvo principal. Talvez ainda faça. A lista de textos vai acima. Mello Franco pode ser eventualmente doloso no terreno intelectual. A definição completa de “Apedeuta”, que está na página 431 do livro, é esta: “O termo está dicionarizado: ‘Que ou quem não tem instrução, ignorante’. Neste livro e no blog, ‘O Apedeuta’, com artigo, designa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando faz a apologia da ignorância ou fala alguma batatada teórica”. Ele reproduz só parte da definição porque, se sou um “Capitão Nascimento da direita”, então tenho de parecer também preconceituoso. Sabem como é… Por que haverão eles de ser ao menos honestos com “direitistas e reacionários”, essa gente tão maléfica?!

O primeiro volume dos “petralhas” vendeu mais de 50 mil exemplares. O sucesso de público é alimentado por um ritmo frenético de atualizações -ele costuma varar a madrugada comentando o noticiário político.
É…

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Algumas das polêmicas se arrastam em posts muito longos e recheados de insultos, um problema que a edição não quis eliminar. O texto flui melhor quando o autor investe na ironia.
Entendi. Aí você ficou com preguiça e não leu! Resenhou o que não leu! Poderia ter detestado, sim! Mas, se quer escrever sobre o meu livro, não sobre mim, tenha a decência de ler. “Recheados de insultos” uma ova! Quais são os insultos? Onde estão? Não que eu ache o insulto sempre descabido, não! Nem eu nem gente muito melhor do que eu. Ocorre que, de novo!, isso é mentira!
Em tempo: meu blog e meus livros fazem sucesso, sim, Melo Franco, como você mesmo admite. E com meus textos longos! Escrevo para quem gosta de ler e para quem não é fulminado por orações subordinadas.  

O livro faz ataques ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, chamado de “teórico do homicídio em massa” por uma frase sobre Stálin. O post em que Azevedo declarou voto em José Serra (PSDB) ficou fora da coletânea.
Quando escrevi o texto sobre Fernando Haddad, ele não era candidato à Prefeitura de São Paulo. Ocorre que Mello Franco, desde a primeira linha, quer transformar “O País dos Petralhas II” numa peça da guerrilha eleitoral — ele pode não gostar de mim e me achar bobo, mas não o bastante para atrelar um livro a uma disputa que estará decidida daqui a um mês… 

E por que chamei Haddad de “teórico do homicídio em massa”? Por causa destas palavras DO ENTÃO MINISTRO DA EDUCAÇÃO, que o resenhista também omite, por ocasião da polêmica sobre aquele livro do “nós pega o peixe”:
Há uma diferença entre o Hitler e o Stálin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los. Essa é a grande diferença. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler”.

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Quem acredita que matar pessoas depois de ler livros é superior a matar antes de lê-los é o quê? Fui generoso com o mais recente aliado de Paulo Maluf. O fim do texto de Mello Franco esbarra na delinquência intelectual mesmo. Diz ele que já declarei voto em Serra, o que é verdade, mas que isso “ficou fora da coletânea”. Só ficou porque o livro não reúne textos sobre a disputa municipal em São Paulo.

Qual é a inferência do rapaz? Então eu vou lhe contar uma coisinha: meu blog deve fechar este mês de setembro com 3.070.000 visitas (para arredondar). Se digo aqui em quem vou votar, por que tentaria omitir a informação num livro? Qual é a sua hipótese?

Encerro
Não é, acreditem, a resenha negativa que me desagrada. Ela pode, inclusive, ajudar a vender livros. Podem espalhar por aí, por favor, que um jornalista da Folha detestou!  Se eu tivesse a pretensão de ser amado por essa gente, não escreveria o que escrevo, não diria o que digo, não compraria as brigas que compro. Nem diria que Chico Buarque é “mau escritor”… Se esse rapaz ou qualquer outro quiserem dizer o que não vai bem no meu livro, ok. Se eu achar que devo responder ou polemizar, faço-o. E pronto! Como sempre.

Já a mentira me incomoda. A pauta do meu livro não é eleitoral — só me faltava acreditar que livros interferem no resultado das urnas…  Chalita está descobrindo que não! A esmagadora maioria dos textos trata, é claro!, de temas políticos e personagens da política — e Lula é apenas uma delas. Eu não me arrependo de coisa nenhuma do meu passado — nem do que não fiz! Ocorre que o rapaz não leu o livro. Como, no momento, cobre a campanha eleitoral, em especial o candidato Fernando Haddad, do PT, resolveu não fugir da pauta.    

Finalmente, Mello Franco, eu digo no blog, em livro, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé em quem vou votar e já votei. Pior é o gato escondido com o rabo de fora. Não é insulto. É só uma metáfora carinhosa!
*
Se vocês quiserem ir ao lançamento do livro do Reinaldo Azevedo, resenhado — o Reinaldo, não o livro — pelo jornalista da Folha, não esqueçam: dia 2 em São Paulo e dia 4 no Rio.

 

Texto originalmente publicado às 5h19
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