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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Joaquim Barbosa tem acesso de fúria com jornalista e depois se desculpa com “profissionais da imprensa”. Falta agora o pedido pessoal de desculpa, ministro!

Escrevi nesta madrugada um longo texto condenando as milícias fascistoides que agora já ousam tentar bater em jornalistas. Estão ideologicamente orientadas e agem sob a inspiração de alguns pistoleiros disfarçados de imprensa, amplamente financiados por estatais. É uma tentativa de cercear a liberdade de expressão e de opinião. E isso não pode ser tolerado, venha […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h44 - Publicado em 5 mar 2013, 21h32

Escrevi nesta madrugada um longo texto condenando as milícias fascistoides que agora já ousam tentar bater em jornalistas. Estão ideologicamente orientadas e agem sob a inspiração de alguns pistoleiros disfarçados de imprensa, amplamente financiados por estatais. É uma tentativa de cercear a liberdade de expressão e de opinião. E isso não pode ser tolerado, venha de onde vier.

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, não é um fascistoide. Ao contrário: ele demonstrou ter a coragem necessária para fazer cumprir a Constituição e as leis, a despeito de pressões. Seu nome já está inscrito e escrito no capítulo virtuoso da história brasileira. Mas cometeu um erro brutal nesta terça, um verdadeiro desatino. Depois fez o certo: desculpou-se, mas há um porém. Reproduzo texto do Estadão Online e volto em seguida.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, chamou de “palhaço” e mandou “chafurdar no lixo” o repórter do Estado. O ministro irritou-se ao ser abordado nesta terça-feira, 5,  na saída da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os jornalistas esperavam ao final da sessão para ouvi-lo sobre as críticas que recebeu das associações de classe da magistratura em nota divulgada no final de semana. Antes que a primeira pergunta fosse feita, Barbosa atacou.

O repórter apenas iniciou a pergunta: “Presidente, como o senhor está vendo…”. Barbosa o interrompeu e não deixou que terminasse a pergunta: “Não estou vendo nada”. O repórter tentou fazer nova pergunta, mas novamente foi impedido. “Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre”.

O jornalista tentou questionar a razão do comportamento do ministro. “Que é isso ministro, o que houve?”. Ainda exaltado, Joaquim Barbosa prosseguiu. “Estou pedindo, me deixe em paz. Já disse várias vezes ao senhor”, disse. O repórter disse que apenas lhe fazia uma pergunta, o que é parte de seu trabalho.

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No mesmo tom, Barbosa afirmou que não responderia as perguntas. “Eu não tenho nada a lhe dizer, não quero nem saber do que o senhor está tratando”, afirmou.

O assessor de imprensa do ministro tentou tirá-lo do lugar, pedindo para que o ministro seguisse em frente. E quando estava à porta do elevador, na frente dos jornalistas, chamou o repórter de “palhaço”.

O presidente do STF foi criticado pelas associações de magistrados pelas críticas que fez aos juízes em entrevista concedida na semana passada a agências internacionais. Barbosa afirmou que os juízes brasileiros são pró status quo e pró impunidade.

Na nota, as associações argumentaram que as declarações do presidente do Supremo foram preconceituosas, generalistas, superficiais e desrespeitosas. Veja a nota oficial emitida pelo STF:

“Brasília, 05 de março de 2013
Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa.

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O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque.

Wellington Geraldo Silva
Secretário de Comunicação Social – SCO
Supremo Tribunal Federal”

Voltei
O alvo da fúria de Barbosa foi o repórter Felipe Recondo, do Estadão. Já discordei de análises e abordagens suas. Já discordei até de mim mesmo, no passado. O fato é que Recondo é um profissional sério, dedicado a seu trabalho. Ainda que não fosse bem assim, a reação de Barbosa seria obviamente absurda. Não lhe cabe se deixar confundir com esses bandoleiros que estão por aí tentando calar a imprensa.

As autoridades brasileiras precisam se convencer de que exercem funções públicas, e isso as torna protagonistas das notícias. E o trabalho de um jornalista é justamente reportar o que vê, sabe e apura. Se há alguém que não pode reclamar do tratamento que lhe dispensa a imprensa séria, este alguém é Barbosa. Sempre teve seus méritos reconhecidos, embora se tenha apontado também seu temperamento algo mercurial. Não porque não gostem dele, mas porque é fato, como se vê.

Barbosa pede desculpas aos profissionais de imprensa. No que me diz respeito, como “profissional de imprensa”, aceito. Mas sua nota me parece insuficiente. Ele é presidente do Supremo. Sabe que um agravo dessa natureza é, antes de mais nada, pessoal. Não vou falar em nome de Recondo; escrevo como observador da cena: ele deve desculpas pessoais ao repórter. Só assim o seu erro estará inteiramente admitido.

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