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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Há três anos, apontei aqui a tendência que resultaria no aumento do analfabetismo: governo ignorou o assunto, e a petezada partiu pra porrada, como sempre… Eis aí!

O Brasil teve um grande ministro da Educação. Seu nome: Paulo Renato Souza. Foi, mais de uma vez, alvo da máquina de destroçar reputações criada pelo PT, por intermédio, no caso, de seu braço sindical. Em junho de 2011, por ocasião de sua morte, escrevi aqui um post sobre os números da educação brasileira, desfazendo alguns […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h18 - Publicado em 27 set 2013, 17h16

O Brasil teve um grande ministro da Educação. Seu nome: Paulo Renato Souza. Foi, mais de uma vez, alvo da máquina de destroçar reputações criada pelo PT, por intermédio, no caso, de seu braço sindical. Em junho de 2011, por ocasião de sua morte, escrevi aqui um post sobre os números da educação brasileira, desfazendo alguns mitos. O décimo item da minha lista era este, que reproduzo na íntegra (em azul):

“10 – Cresceu o número de analfabetos no país sob o governo Lula – e eu não estou fazendo graça ou uma variante do trocadilho. Os números estão estampados no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. No governo FHC, a redução do número de analfabetos avançou num ritmo de 0,5% ao ano; na primeira metade do governo Lula, já caiu a 0,35% – E FOI DE APENAS 0,1% ENTRE 2007 E 2008. Sabem o que isso significa? Crescimento do número absoluto de analfabetos no país. Fernando Haddad sabe que isso é verdade, não sabe? O combate ao analfabetismo é uma responsabilidade federal. Em 2003, o próprio governo lançou o programa ‘Brasil Alfabetizado’ como estandarte de sua política educacional. Uma dinheirama foi transferida para as ONGs sem resultado – isso a imprensa noticiou. O MEC foi deixando a coisa de lado e acabou passando a tarefa aos municípios, com os resultados pífios que se veem.”

Retomo
É isso aí. Com base nos dados no PNAD, apontei, então, que caía o ritmo da redução de analfabetos, o que estava a indicar o constante aumento do número absoluto de analfabetos. Mantida a tendência, é claro que acabaria acontecendo o que agora se verifica: haveria um aumento da taxa — pela primeira vez em 15 anos. É matemática, não tem jeito. Os “companheiros” podem até achar que essa ciência só existe para sabotar seus propósitos, mas a gente sabe que não é assim.

O dado, que reproduzi no texto de novembro de 2011, já estava num artigo que escrevi em agosto de 2010. Três anos depois, o fatal acontece.

Notem: quando, então, naquele agosto de 2010, apontei que havia a tal redução da queda do analfabetismo, eu não o fazia porque, afinal de contas, não comungo — e não comungo mesmo, com todo o direito que tenho! — dos valores petistas (ou da falta deles). Eu o fiz porque era um dado da realidade, haurido dos números oficiais.

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Alguns abestalhados acharam que se tratava apenas de má vontade, uma forma de negar os formidáveis avanços obtidos pelos companheiros na educação. Já então Fernando Haddad estava sendo treinado para vir a ser um “líder” no petismo. Deu no que deu. Imaginem o escândalo que não se faria nas redes sociais e na máquina de propaganda das esquerdas e assemelhados se uma reversão dessa natureza tivesse se dado num governo tucano.

Analfabetismo universitário
No ano passado, a ONG Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro divulgaram dados sobre o Alfabetismo Funcional (Inaf) segundo a escolaridade. O quadro é este.

Em 2001/2002, 2% dos alunos universitários tinham apenas rudimentos de escrita e leitura. Em 2010, essa porcentagem havia saltado para 4%. Vale dizer: 254.800 estudantes de terceiro grau no país são quase analfabetos. Espantoso? Em 2001/2002, 24% não eram plenamente alfabetizados. Um número já escandaloso. Em 2010, pularam para 38%. Isso quer dizer que 2.420.600 estudantes do terceiro grau não conseguem ler direito um texto e se expressar com clareza. É o que se espera de um aluno ao concluir o… ensino fundamental!

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Concluo
Sim, meus caros, o diabo é invariavelmente mais feio do que se pinta — ou não seria o diabo, mas outra coisa de menor malignidade. Aquela taxa lá do alto, que aumentou, é do analfabetismo mesmo, a parte do Brasil que forma a sociedade ágrafa. Caso se leve em consideração o analfabetismo funcional, aí é que a gente se defronta com uma parte do Brasil real que o discurso ufano-triunfalista esconde.

Nas democracias convencionais, exemplos escandalosos de ineficiência, como o que se vê acima, costumam ser levados para as campanhas eleitorais. É o certo. “Você prometeu fazer e não fez etc.” É um direito da sociedade confrontar intenções com gestos. No Brasil jabuticaba, como tenho tratado aqui há tempos, não só inexiste um grande partido conservador que seja alternativa de poder (única democracia da Terra com essa característica) como inexistem forças políticas capazes de fazer essa cobrança. Ao contrário: todas as campanhas eleitorais, da oposição ou da situação, exploram o Brasil grande, o Brasil que vai pra frente, o ninguém segura este país.

Algumas drogas perigosas atentam contra o nosso futuro: o ufanismo sem lastro é uma delas.

Quando apontei a redução do ritmo da queda de analfabetismo, algo deveria ter sido feito. Já estaria dando resultado. E deveria não porque fui eu a apontar, claro!, mas porque eram números extraídos de dados oficiais. Mas quê… Fernando Haddad saltou do Ministério da Educação (“o melhor ministro da história destepaiz”, segundo Lula) para a Prefeitura de São Paulo. Ele tinha uma grande tarefa a cumprir: prometer o Arco do Futuro e, no presente, devolver o Centro de São Paulo aos traficantes e consumidores de crack. “O que uma coisa tem a ver com outra?” Só estou evidenciando como o processo político brasileiro, por um conjunto de razões que não cabem neste artigo, premia a ineficiência.  

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