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Graça, o valor da corrupção e aquele tuíte do “enfia o dedo e rasga”

O Estadão de hoje traz a seguinte manchete: “Graça pôs em xeque cálculo de desvios da Petrobras”. A reportagem se refere a uma reunião de 12 de dezembro do ano passado. A então presidente da Petrobras afirmou: “Essa de dizer que eu só posso mostrar para o mercado a certeza absoluta dessa questão da Operação […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h26 - Publicado em 11 Maio 2015, 08h53

O Estadão de hoje traz a seguinte manchete: “Graça pôs em xeque cálculo de desvios da Petrobras”. A reportagem se refere a uma reunião de 12 de dezembro do ano passado. A então presidente da Petrobras afirmou: “Essa de dizer que eu só posso mostrar para o mercado a certeza absoluta dessa questão da Operação Lava Jato é uma inverdade porque jamais acontecerá. Só daqui a três, cinco ou dez anos. Quando tudo isso for julgado e sair o valor dessa operação toda”.

Sabem o que é especialmente ruim nessa fala? Ela é tristemente verdadeira. No fim do ano passado, a diretoria da estatal estudava assumir um prejuízo da ordem de R$ 4 bilhões. O mercado não aceitaria valor tão baixo. Graça caiu quando condescendeu com uma baixa patrimonial de R$ 88,6 bilhões, o que deixou Dilma furiosa. Com Aldemir Bendini na presidência da estatal, a admissão do prejuízo decorrente da corrupção saltou para R$ 6,194 bilhões — um chute! —, e aqueles R$ 88,6 bilhões foram convertidos numa perda de ativos de R$ 44,6 bilhões.

Os números — todos aleatórios — dão conta da aluvião que colheu a Petrobras na gestão da companheirada. É visível que diretores e conselheiros, deflagrada a Operação Lava Jato, estavam complemente perdidos.

Pois é…

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A memória sempre deve nos socorrer nessas horas, não é? Em abril de 2013, a Petrobras estava à mercê, agora sabemos com clareza, de uma quadrilha. Os desastres estavam sendo lá meticulosamente planejados. E veio à luz uma pesquisa CNI/Ibope que conferia à presidente Dilma 77% de ótimo e bom.

José Eduado Dutra, então ex-presidente do PT, ex-presidente da Petrobras e exercendo o cargo de “Diretor Corporativo e de Serviços”, pôs a seguinte mensagem no Twitter:
“Como se diz no Sergipe, enfia o dedo e rasga. Aprovação de Dilma chega a 77%, mostra pesquisa CNI/Ibope”.

Dutra - ataque

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Lembro-me de que, à época, cobrei que Graça Foster o demitisse, o que ela, obviamente, não fez. Indaguei se cabia a um dirigente de uma estatal, nomeado pelo governo, manifestar-se naqueles termos. Perguntei QUE OUTRA DEMOCRACIA DO MUNDO ACEITARIA COMO REGULAR UM PROCEDIMENTO COMO aquele. Ocorre, minhas caras e meus caros, que não há democracia no mundo em que o estado tenha o tamanho que tem no Brasil, com a sua consequente onipresença.

Por que há tanta corrupção no Brasil? O tuíte desbocado de Dutra explicava tudo: aqueles que assumem cargos públicos, a direção de estatais, de autarquias etc. conferem a si mesmos todos os direitos. Não se sentem obrigados a seguir nem as regras mínimas do decoro e da boa educação.

Se Dutra podia, na condição de homem de empresa, dizer aquilo, então outros diretores, considerei em abril de 2013, podiam muitas outras coisas que não constavam do rol de procedimentos oficiais da Petrobras. A corrupção de fato, aquela que rouba dinheiro público, é só a segunda etapa de um processo maior: a corrupção de valores. Antes de roubar o nosso dinheiro, eles roubam a nossa capacidade de nos indignar.

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Um ano e 11 meses depois daquele tuíte, estourou a Lava Jato. E a gente conheceu um pouco da Petrobras por dentro — esta, cujo prejuízo decorrente da corrupção, só conheceremos, se o conhecermos, em 10 anos.

Texto publicado originalmente às 6h53
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