Governo de SP – Mercadante desiste; balança no PT pende para Padilha porque Lula detesta Cardozo
Leio na Folha que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anuncia que não será candidato ao governo de São Paulo. Sim, sempre é prudente a gente tomar um pouco de cuidado com suas afirmações peremptórias. Há o risco de o irrevogável ser revogado, não é? Mas parece que, desta vez, é mesmo para valer. Leiam trechos […]
Leio na Folha que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anuncia que não será candidato ao governo de São Paulo. Sim, sempre é prudente a gente tomar um pouco de cuidado com suas afirmações peremptórias. Há o risco de o irrevogável ser revogado, não é? Mas parece que, desta vez, é mesmo para valer. Leiam trechos do texto de Valdo Cruz. Volto em seguida.
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O ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou nesta sexta-feira que não será o candidato do PT ao governo de São Paulo no próximo ano. “Não serei candidato ao governo de São Paulo, vou me dedicar ao Ministério da Educação, uma prioridade para o país garantir um crescimento sustentável nos próximos anos”, disse o ministro. Candidato em 2010, seu nome era novamente cotado como um dos possíveis adversários do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que deve disputar a reeleição. “Eu já havia tomado essa decisão e já havia falado, inclusive, com a presidente na viagem a Roma”, afirmou o ministro.
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Com sua decisão de não ser candidato, Mercadante citou três nomes que podem vir a ocupar esta posição. Disse que o ministro Alexandre Padilha (Saúde) significa uma renovação e pode “ser um bom candidato”. Listou outro colega, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), um “nome altamente qualificado”, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.
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Voltei
Lula não queria Mercadante candidato. Acha que ele tende a despertar rejeição. Também não é um nome “novo”, aposta que o PT fez no caso Fernando Haddad (o Supercoxinha) em São Paulo. Esse critério também tira Marta Suplicy da jogada. A decisão precoce de Mercadante, no entanto, não tem o dedaço de Lula, não.
O ministro se tornou peça de destaque no primeiro escalão de Dilma, concessão que Lula nunca lhe fez porque, de fato, não morre de amores por ele, como sabe qualquer pessoa que conhece um pouco o petismo. Há um terceiro fator: a saúde de Mercadante andou emitindo alguns sinais que o convidaram a desistir da disputa. Qual fator pesou mais? Não sei.
Também não aposto muito no nome de Luiz Marinho. O alto comando petista não deve escolher um sindicalista para enfrentar Alckmin porque teme o que se chama por lá “eleitorado conservador e reacionário” do interior do Estado. Marinho, ademais, fez uma promessa meio solene em São Benardo de que cumpriria até o fim o segundo mandato. Se Dilma for reeleita, sempre resta a possibilidade de ir para um ministério em 2017.
No PT, a disputa ficaria entre José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Alexandre Padilha, da Saúde. Dilma adoraria que fosse Cardozo o candidato— para se livrar dele na pasta, que considera em marcha lenta. Acontece que, se o Apedeuta não gosta muito de Mercadante, ele verdadeiramente detesta Cardozo. Acha que não defendeu como deveria o partido nas lambanças do mensalão. Seu candidato é Padilha, de quem gosta muito, mas que a presidente gostaria de preservar na Saúde.
Tudo somado e subtraído, noves fora, a balança no petismo, hoje, pende mais para a Padilha, ainda que Cardozo tenha mais desenvoltura com as câmeras. Em pouco mais de dois anos de governo (levantamento até fevereiro), reportagem do Estadão descobriu que o ministro da Saúde fez 469 voos em jatinhos da FAB. Em 789 dias, descontem-se 208 sábados e domingos (nem considero os feriados). Sobram 581 dias de trabalho para 469 viagens — média de 20 mil quilômetros por mês. A maioria das solicitações era para o estado de São Paulo. Cadozo ficou em segundo lugar, com 353.
Eu, que torço para que os petistas sejam derrotados em São Paulo, lamento que Mercadante tenha desistido. Fui muito sutil?