Governantes fazem de conta que são obrigados a nos tolerar; é o contrário: nós é que os toleramos
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, homem dado a juízos um tanto inusitados — imaginem: ele é até cristão e marxista ao mesmo tempo, que é, assim, como ser um corintiano palmeirense ou um flamenguista vascaíno… —, afirmou que a presidente Dilma Rousseff quer decidir com calma o que vai fazer no Ministério do Esporte, sem […]
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, homem dado a juízos um tanto inusitados — imaginem: ele é até cristão e marxista ao mesmo tempo, que é, assim, como ser um corintiano palmeirense ou um flamenguista vascaíno… —, afirmou que a presidente Dilma Rousseff quer decidir com calma o que vai fazer no Ministério do Esporte, sem se deixar influenciar pela “histeria” da mídia. Ai, ai…
Que coisa, né, gente? O Brasil precisa se livrar logo dessa “mídia” que fica apontado os malfeitos dos homens públicos e escolher logo os malfeitores. Essa imprensa que fica denunciando corrupção é muito histérica. Boa é aquela que se dedica ao elogio cotidiano do governo, financiada com dinheiro público.
Cristina Kirchner, a candidata a Hugo Chávez de saias, está tentando resolver isso à sua maneira. Eu entendo Carvalho: não fosse a “histeria” da mídia, mensaleiros, aloprados, vagabundos que fabricam dossiês, ladrões do Dnit, do turismo, dos esportes, da agricultura… Toda essa gente, em suma, estaria por aí, dando a sua contribuição ao Brasil.
Os governantes fazem de conta, às vezes, que são eles que nos toleram por bondade. Não! É o contrário: é sempre o povo que tolera o governo. O Estado é que é fruto de uma concessão da sociedade, não o contrário. A razão é óbvia: nós trabalhamos para que eles gastem. Governos não geram dinheiro. Nós garantimos o circo. O palhaço tem de trabalhar a sério.
De resto, quem quer punir ladrão não é histérico; é apenas uma pessoa séria. Do contrário, ou se é ladrão também ou se é amigo de ladrões. Alguém consegue imaginar uma categoria intermediária?