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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Esquerdopatia, a psicopatia da política. Ou: Primeiro eles tentam desumanizá-lo para, então, matá-lo. Foi assim que eliminaram mais de 100 milhões no século passado

Por que os psicopatas são capazes dos piores horrores sem sentir remorso? Faltam-lhes mecanismos, e os motivos ainda não estão muito claros, que lhes permitam fazer um exercício simples, comezinho, a que nos dedicamos várias vezes ao longo do dia: colocamo-nos no lugar do outro. É o senso de proporção e de justiça que nos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h02 - Publicado em 30 nov 2011, 07h01

Por que os psicopatas são capazes dos piores horrores sem sentir remorso? Faltam-lhes mecanismos, e os motivos ainda não estão muito claros, que lhes permitam fazer um exercício simples, comezinho, a que nos dedicamos várias vezes ao longo do dia: colocamo-nos no lugar do outro. É o senso de proporção e de justiça que nos empurra para isso. Aliás, dessa prática nasce uma das boas recomendações da ética aplicada: ao praticar uma determinada ação, especule se ela poderia ser generalizada — vale dizer: se todos agissem como você age, o mundo seria melhor ou pior, um lugar mais agradável ou menos? O psicopata não reconhece a humanidade do outro; não se comove com o seu sofrimento. Ao contrário até: a dor alheia excita a sua imaginação. Estudos comprovam que o psicopata acredita que as vítimas são as verdadeiras culpadas pelo mal que ele lhes fez. Na sua imaginação delirante, elas queriam ser molestadas.

Existe na política o correlato da psicopatia, manifestado, no caso, não como uma doença mental, do indivíduo, mas como uma moléstia coletiva, ideológica. Há tempos emprego a palavra “esquerdopata” (já usado por blogueiros portugueses, o que muito me honra; atravessamos o mar, depois de a palavra “petralha” ter ido parar no dicionário!) para definir certo tipo de comportamento. Alguém tocado pela esquerdopatia está sempre justificando os malfeitos daqueles da sua turma. Até aí, dirá alguém, assim fazem todos. Mas isso ainda não o define: além da justificativa, há a tentativa de nos convencer de que o crime atende aos anseios dos “oprimidos” e tem uma função libertadora. A exemplo do psicopata, seu padrão moral é elástico o bastante para justificar qualquer coisa, desde que concorra para atingir seus objetivos ou os do grupo.

Mas a caracterização ainda está incompleta: também o esquerdopata precisa desumanizar o adversário, transformá-lo num portador de todos os horrores: pode, assim, eliminá-lo sem constrangimento, acusando-o de ser o verdadeiro responsável pelo mal que o atinge. Isso explica por que os esquerdistas, no século 20, mataram tanto e de forma tão contumaz! No seu delírio, aqueles muitos milhões morreram porque estavam criando entraves para o avanço da história. Se a libertação dos homens de seus algozes custa mais de 100 milhões de vidas, fazer o quê?

Denunciei ontem aqui, como viram, uma página criada no Facebook com o fito único de me atacar. Pior do que isso: há ali o incentivo claro, inequívoco, à violência, à agressão física, ao linchamento — não apenas o moral. Esta é uma novidade do Brasil do lulo-petismo: a organização de falanges, de milícias, com o objetivo de calar aqueles de quem discordam. A origem desse movimento está em algumas penas de aluguel, que recebem dinheiro do governo ou de estatais para manter no ar blogs e sites que têm o fito exclusivo de difamar aqueles que são considerados “adversários do regime”. Há casos até de notórios inimigos figadais que se tornaram aliados íntimos porque descobriram que uma mesma paixão os une: a pistolagem a mando. Estes, ao menos, sabem por que fazem o trabalho sujo: dinheiro! Papel triste, patético mesmo!, desempenham os idiotas que trabalham, sem saber, de graça para os pançudos. Nota à margem: fui, aos 16, tratado como “inimigo do regime”, durante a ditadura. Aos 50, sou tratado como inimigo do “regime petista”. Fui menos esperto do que alguns: eram amigos antes; continuam amigos agora.

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Não, senhores! Não havia gente dessa espécie no governo FHC. Esse trabalho de ataque sistemático, organizado, a alguns nomes da imprensa nasce do esforço frustrado do PT — a turma de José Dirceu e companhia — de criar mecanismos para censurar a imprensa. Como malograram no seu intento, então recorrem aos matadores de aluguel.

Eu sou um dos alvos e não vou aqui tirar onda de ingênuo. Sei muito bem por que me atacam. Não gostam das minhas opiniões. Até aí, bem! O QUE ACHO FABULOSO É QUE NÃO GOSTEM SOBRETUDO DAS OPINIÕES QUE JAMAIS EMITI. Defendem, abertamente, que eu seja empalado, espancado, agredido, hostilizado… Alguns traços de civilidade subsistem em sua formação. Sabem que isso não é coisa de gente de bem. Então precisam encontrar um culpado para seus crimes. E eles não hesitam: o culpado sou eu, a vítima.

Na tal página asquerosa, acusam-me, vejam que fabuloso, de “racista”. Mas não peçam a esses delinqüentes morais que dêem um só exemplo do meu racismo, porque eles não conseguirão. Ao contrário: eu sou o criador da expressão “racismo de segundo grau”, desvio que consegue ser ainda mais desprezível do que aquilo que se entende habitualmente como preconceito. Se há os cretinos que acreditam que um negro está impedido de aprender isso ou aquilo porque negro, há os que acham, julgando-se muito progressistas, que os negros estão condenados a determinados conteúdos ou talentos naturais porque negros. Esse é o texto em que denuncio — eu mesmo!!! —  o “Machado de Assis branco” da propaganda da Caixa Econômica Federal. Propaganda que foi refeita!

Eu sou, isto sim, contra cotas raciais — e chamar isso de racismo é coisa de pilantras, de vagabundos. Até porque há muitos negros que também são! Eu sou contra, isto sim, a que ONGs subam os morros do Rio ou cheguem à periferia das grandes cidades para ensinar meninos pretos e pobres a bater lata, a fazer rap e a dançar funk. Por que eles não podem aprender Machado de Assis — o próprio — morando na periferia, como aprendi? Aos 14, eu lia Machado numa casa de dois cômodos. Aos 18, eu me libertava da pobreza dando aula sobre Machado.

Eu tenho é um profundo desprezo por esses cretinos que acreditam que a carência é um parque de diversões para que exercitem a sua má “boa-consciência”, é uma variante antropológica, uma cultura de outro planeta. A pobreza, seus delinqüentes morais, é apenas algo que precisa acabar. Parem de fazer subliteratura com a miséria alheia, seus nojentos!

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Por que não exemplificam com um texto, uma entrevista, um livro: “Aqui está a prova do racismo”?! Não o farão porque não existe! Ao contrário! Racistas e antipobres são eles! Querem que eu exercite a sua mesma suposta piedade babona e vagabunda! Sim, eu sou contra cotas. Entendo que são, inclusive, inconstitucionais! Eu quero é uma escola pública de qualidade, como a que cheguei a ter, para que os pobres, pretos ou brancos, possam também competir. Acusam-me de “racista” porque, assim, podem se entregar ao linchamento e ainda se desculpar: “Ele é culpado pelas agressões que praticamos”.

“Ah, mas Reinaldo é homofóbico”. Sou? Cadê o texto, a entrevista, a declaração, o que seja, que o evidencie? Esses idiotas repetem o que lêem nas páginas de gente que é paga pra me atacar — e a outros jornalistas que não rezam segundo a cartilha oficial — sem nem se preocupar em saber se há alguma base de verdade no que propagam. Já escrevi aqui mais de uma vez, o que me rendeu críticas de alguns leitores que costumam gostar do que escrevo, que não me oponho à união dos gays, nem mesmo à adoção de crianças. Literalmente:Note-se: crianças abandonadas, no Brasil, são um verdadeiro flagelo social. Os orfanatos estão cheios. Parece que as famílias tradicionais não têm acorrido em seu socorro em número suficiente. Não posso crer que seja um ato de amor impedir que dois homens ou duas mulheres – dotados das devidas condições psicológicas, morais e financeiras – as adotem. Nesse caso, essa é minha escolha moral. E não me parece generoso, ademais, que uma pessoa impedida de escolher a sua sexualidade também seja impedida de ser feliz ao lado de quem ama.”

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Isso é o que eu penso. E há o que os canalhas dizem que eu penso. Eu sou, sim, contrário é à tal lei que criminaliza a homofobia porque já demonstrei aqui, mais de uma vez, que se trata, antes de mais nada, de censura. Fiz, sim, picadinho da tal PL 122, que é uma coleção de absurdos, que impunha, inclusive, na sua forma original, discriminação religiosa. E critiquei também o encaminhamento que o STF deu à “união estável”, ignorando o que diz a Constituição, que afirma explicitamente que ela se realiza ente “homem e mulher”. O Supremo decidiu contra a letra da Carta. Não é assim porque eu quero; é porque é. Homem tem pingolim; mulher tem borboletinha, ainda que seja um pingolim que goste de outro pingolim, e uma borboletinha que aprecie a outra. Mas seguem sendo “homem” e “mulher”. O que sustentei, e sustento, é que uma corte suprema age de modo temerário quando decide contra a letra da Constituição: o mal que potencialmente faz é superior ao bem que pretende fazer. Homofóbico é quem acha que uma autoridade é gravemente ofendida se associada à homossexualidade. Eu só acho isso uma bobagem. O que as pessoas fazem entre quatro paredes, não envolvendo crianças e não sendo forçado, não é da minha conta. Eu debato é legislação e cultura democrática.

“Ah, mas Reinaldo é contra o aborto”. Sou! “É contra a descriminação das drogas”. Sou! “É contra a invasão de propriedade privada”. Sou (eu e a família Safatle, diga-se!). “É a favor da internação compulsória de drogados que moram nas ruas”. Sou! “É a favor do novo Código Florestal”. Sou! “É a favor de bandido dentro da cadeia”. Sou!

E produzi quilômetros de textos tratando de cada um desses assuntos. Tenho, sim, muitos milhares de leitores: gente que gosta de debater, de argumentar, de contra-argumentar e que, à diferença do que dizem por aí, nem sempre concorda comigo. A questão que resta sem resposta é esta: por que eu não poderia defender cada um desses pontos de vista?

Não, senhores! O que os esquerdopatas pretendem é agir à moda dos psicopatas: desumanizando-me, caracterizando-me como um ogro, podem, então, exercer à vontade a sua pistolagem. Um sujeito chamado “Renato” tentou explicar o comportamento dos linchadores: “Se você fosse imparcial em suas matérias, como todo bom jornalista deveria ser, provavelmente não teríamos comentários tão absurdos como os citados por você. Lembre-se que a pessoa só colhe aquilo que planta.” Viram só? “Ser imparcial”, para ele, é certamente concordar com o que ele pensa. Ele reconhece os tais comentários como “absurdos”, mas acha que a culpa é minha. Na Alemanha dos anos 30, teria dito aos judeus: “Se vocês fossem mais discretos; se vocês cobrassem juros menores; se vocês não se metessem em conspirações…”. Em suma, ele usaria contra as vítimas todas as acusações de seus algozes para poder lavar as mãos, não sem antes dizer: “Quero deixar claro que não concordo com a perseguição, mas…” Acreditem: um colunista de um grande jornal já escreveu o mesmo…

Já uma tal “Marina” é mais direta: “Sou contra qualquer violência, mas vc, Reinaldo, bem que poderia morrer de câncer nas mãos ou na língua. Seus artigos são, sim, tendenciosos. É um arrogante. Come merda e rota (sic) caviar.” Marina é contra a “violência”, mas a favor do câncer, castigo que, parece, tem, na sua imaginação, algo de divino. Talvez acredite que os cânceres de Dilma  e Lula tenham nascido da praga de algum antipetista…

Estamos diante de um padrão moral! O espírito que anima aquela página, reitero, matou mais de 100 milhões de pessoas no século passado. Vivemos dias um tanto bárbaros. O rapaz que administra aquele lixo tenta se justificar: “A questão não é ter coragem para criar um blog, e sim dizer algo suficientemente plausível. Tudo o que Reinaldo faz é denegrir as pessoas que pensam diferente dele.” Entenderam? Ser “plausível”, claro!, é concordar com ele, que me acusa, entre outras coisas, de “racista”. Ele, que se considera certamente um anti-racista, emprega, não obstante, a palavra “denegrir” como sinônimo de “desqualificar”.

Merecíamos coisa melhor até para nos atacar, não?

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