E Lewandowski decide também fatiar o seu voto. Ou: Do cumprimento de um desiderato
O ministro Ricardo Lewandowski, que ontem ameaçou renunciar à revisão do processo ao saber que Joaquim Barbosa fatiaria o voto, recuou e decidiu que fará o mesmo. Teria sido convencido por Celso de Mello e por Marco Aurélio Mello, que chegou a lhe fazer um apelo público nesse sentido. Assim, na segunda-feira, é ele quem […]
O ministro Ricardo Lewandowski, que ontem ameaçou renunciar à revisão do processo ao saber que Joaquim Barbosa fatiaria o voto, recuou e decidiu que fará o mesmo. Teria sido convencido por Celso de Mello e por Marco Aurélio Mello, que chegou a lhe fazer um apelo público nesse sentido. Assim, na segunda-feira, é ele quem abre a sessão. E tem de se pronunciar justamente sobre o caso e as personagens a que se referiu Barbosa. Aí votam os demais ministros, do mais recente na corte para o mais antigo — o presidente é o último. Trata-se apenas de quatro réus. Vamos ver de quanto tempo precisará.
O clima entre Lewandowski e o sempre calmo Ayres Britto esquentou. Como revelei aqui ontem, o revisor ameaçou renunciar a seu papel, o que empurraria o processo para o ano que vem. Britto perdeu a paciência e revelou, em meio a outros ministros, que Lewandowski já o havia procurado com, digamos, “embargos auriculares” por duas vezes, propondo que o julgamento ficasse para 2013. Se renunciasse à revisão agora, estaria cumprindo um desiderato.
Vamos ver. Eu estou doido para ouvir ministros a dizer, por exemplo, que a pesquisa encomendada por João Paulo ao sempre ínclito instituto Vox Populi — para saber se a população associava José Dirceu a Waldomiro Diniz e para colher a opinião dos entrevistados sobre o próprio João Paulo — caracteriza um uso decente do dinheiro público. Será um momento lindo do direito!