E lá está Lula, pondo a Petrobras a serviço da protoditadura de Evo
Irresponsável. É a melhor palavra para definir a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia, inicialmente de R$ 300 milhões, podendo chegar a US$ 1 bilhão a depender de circunstâncias. Os áulicos, claro, vão falar em “pragmatismo”, já que o país precisa do gás daquele país. Calma lá. Evo expropriou — foi isso o que […]
É a melhor palavra para definir a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia, inicialmente de R$ 300 milhões, podendo chegar a US$ 1 bilhão a depender de circunstâncias. Os áulicos, claro, vão falar em “pragmatismo”, já que o país precisa do gás daquele país. Calma lá. Evo expropriou — foi isso o que fez — a Petrobras no país. Nem os bolivianos se arriscam a investir na Bolívia, vivendo um clima de quase guerra civil. A garantia é que a empresa poderá vender a maior parte do gás no mercado externo. É mesmo? Quanto vale um contrato para Evo Morales?
Não. A questão não é saber se o Brasil deve ou não fazer negócios com a Bolívia. A questão é saber se é este o melhor momento. Lula está se candidatando e a outra coisa: a fiador da protoditadura boliviana. Aliás, o país começa a se especializar nisso, não é mesmo? A versão oficial, toda revestida de glacê estratégico, dá conta de que Lula está disputando o coração de Evo Morales com Hugo Chávez. Essa tolice, aposto o mindinho que o Apedeuta perdeu, vai começar a aparecer nos jornais.
O que isso significa na prática? Com Lula fornecendo as “orietações”, a Bolívia será mais democrática? A parte oriental do país vai se submeter à ditadura da parte ocidental? Evo deixará, por isso, de seguir o modelo bolivariano? Vi o Apedeuta na televisão a recomendar a Evo “paciência, paciência e paciência”, usando a si mesmo como exemplo, como se tivesse enfrentado aqui questão parecida.
Quase escrevo que sua recomendação é ambígua. Mas não é. Não há ambigüidade nenhuma. Lula está dizendo, de fato, que o falso índio chicaneiro está certo em seu nacionalismo rombudo; que enfrenta uma maré de reação da Dona Zelite boliviana, mas que triunfará no fim. E, claro, afirmou generalidades sobre a necessidade de unir o país etc e tal.
Já escrevi e reitero agora em forma de pergunta: o que mais é preciso para que fique evidente que Lula, Chávez e Evo são aliados de fato? Eles não têm divergências, mas apenas diferenças determinadas pelas respectivas realidades locais.