Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Dois uísques a menos e Frolic Raivinha

Deixei vocês na mão ontem… Fiquei na prosa até mais tarde com um grupo de amigos. E aí achei que não seria prudente escrever. Sabem como é: a gente toma dois uísques e vai logo tentando conquistar o mundo. Só dois combustíveis movem os meus textos: água e Coca-Cola light – a light, não a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h09 - Publicado em 31 dez 2009, 04h09

Deixei vocês na mão ontem… Fiquei na prosa até mais tarde com um grupo de amigos. E aí achei que não seria prudente escrever. Sabem como é: a gente toma dois uísques e vai logo tentando conquistar o mundo. Só dois combustíveis movem os meus textos: água e Coca-Cola light – a light, não a Zero. Mais do que isso, deixo os textos pra lá. Não é prudente que os leitores fiquem duas doses a menos, hehe… Vocês são muito generosos. Os sete textos das férias já contam com 2.300 comentários (não inclui os de hoje). Esta amizade é mesmo duradoura.

Escrevi anteontem sobre as propagandas indecorosas da Caixa Econômica Federal, com óbvio apelo eleitoral – sim, também empresas privadas estão naquele ritmo de “ninguém segura este país”. Elas façam do seu dinheiro o que acharem melhor e sejam livres para puxar o saco de quem lhes for útil. O que me interessa é a violação das leis e das instituições praticada nas e pelas empresas públicas. Aí, realmente, as coisas se complicam bastante.

É evidente, como já apontei, que existe uma identidade de linguagem – e até o emprego das mesmas expressões –  entre as propagandas do governo, do PT, das estatais e de alguns potentados privados. É como se toda a sociedade estivesse unida em torno de um eixo: o estado. Não! Escolho melhor e mais apropriadamente as palavras: é como se governo, estatais, empresas privadas, partido e sindicatos de trabalhadores formassem um “feixe” – sim, um feixe de varas foi o símbolo do fascismo, como vocês sabem; o nome deriva justamente de “fascio” – “feixe”, que simboliza a união.

Nessa “união” não cabe a divergência, que é, então, satanizada e vista ou como sabotagem ou como uma tentativa de regressão, de volta ao passado. Já não se discutem mais proposições ou propostas. Em vez disso, busca-se relativizar – e negar – o direito que o oponente tem de  se… opor. Ele estaria querendo impedir o bem comum, que se torna monopólio de uma única força política. Quando o presidente Lula ou a ministra Dilma dizem que não acreditam que o Brasil “possa andar para trás”, colocam-se como a vanguarda de um suposto avanço, que só estará assegurado se eles continuarem no poder.  É a política do medo.

Continua após a publicidade

É claro que essa prática concorre para a deseducação. O melhor sinal de recuperação dos EUA, por exemplo, está menos na economia do que no desprestígio com que a população americana brindou Barack Obama, depois da formidável confiança que nele foi depositada. Está claro que aquele povo não aceita olhar para trás; também recusa o maniqueísmo. É bem provável que Bush, o demônio de plantão, seja mais popular hoje do que há pouco mais de um ano.

Há nessa reação um estoque de notável educação política, que contribui para aquele país ser o que é e ter a importância que tem. Sucessivos governos, bons ou ruins, competentes ou incompetentes, treinaram o povo no saudável jogo de resolver o presente e antecipar soluções para eventuais problemas futuros. O seqüestro da vontade e da razão, que costuma ser praticado por algumas lideranças políticas, quando acontece por lá, tem vida curta. Entre nós, infelizmente, esse discurso ainda é eficaz. E, obviamente, faz mal à saúde democrática.

Ora, numa compreensão regular da democracia, qualquer  resultado das urnas em 2010 deveria ser encarado como uma vitória de Lula. Vocês sabem: é aquele papo aborrecido das democracias. O governante ganha para manter as regras do jogo. O que diferencia o vitorioso da hora é o acento nesta ou aquela áreas da administração. O melhor da democracia é precisamente isto: ser previsível e chata. Quem gosta de emoções fortes são as tiranias, são os regimes de força. Mas não!

Continua após a publicidade

Lula não aceita ganhar ou ganhar. Ele só aceita ganhar ou perder. Porque não está preparado, à diferença do que dizem muitos bocós, para os rigores da institucionalidade. Se ele vencer, dará continuidade a seu ridículo esforço para apagar o passado. Se ele perder, não demora uma semana, e sua tropa estará preparada para sabotar o governo do vitorioso. Dá até para antever o mote: “Eu deixei tal projeto, ele  não executou; o país está caminhando para trás; olhem como tal coisa não avança”. Não há democracia respeitável que tenha sido construída desse modo. E a propaganda da CEF com isso?

No post abaixo deste, ainda volto ao tema. Vejam lá. A propaganda da CEF evidencia justamente essa compreensão torta do que seja democracia e a certeza de que eles vão apostar no vale-tudo. Gabrielli, o presidente da Petrobras, como vimos naquela entrevista ao Estadão, já está na ativa: resolveu complementar a mistificação publicitária com o terrorismo eleitoral descarado.

Lula poderia ganhar ou ganhar, mas quer ganhar ou perder. O problema é que, se ele ganha, perde o Brasil. Os petralhas ficam bravinhos ao ler isso. Pena! Vão lamber sabão ou encarar um pratinho de Frolic Raivinha.

Continua após a publicidade


Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.