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DOCES PROMISCUIDADES QUE MATAM

LEIA CORREÇÃO PUBLICADA NO PÉ DO POST O que faz esta foto aqui? Já explico a imagem. Antes, algumas considerações. Um dos grandes acertos do filme “Tropa de Elite 1″ era demonstrar a conivência das ONGs com o narcotráfico, o que apelidei, brincando, de “Bonde do Foucault”. Depois, o bom diretor José Padilha ficou com […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h59 - Publicado em 6 dez 2011, 06h17


LEIA CORREÇÃO PUBLICADA NO PÉ DO POST

O que faz esta foto aqui?

william-denis
Já explico a imagem. Antes, algumas considerações. Um dos grandes acertos do filme “Tropa de Elite 1″ era demonstrar a conivência das ONGs com o narcotráfico, o que apelidei, brincando, de “Bonde do Foucault”. Depois, o bom diretor José Padilha ficou com medo de sua própria obra e fez o “Tropa de Elite 2″, aí para cantar as glórias de Marcelo Freixo, o deputado estadual do PSOL, que junta a luta meritória contra as milícias com os delírios psolistas. O rapaz é também um bravo do marketing pessoal. Muito bem!

Na semana passada, todos vimos, foi preso o sedizente líder comunitário da Rocinha William de Oliveira. Um filme mostra o rapaz — ele diz que não, mas fica difícil negar — vendendo um fuzil AK, de fabricação russa, para ninguém menos do que Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Na mesa, a dinheirama esparramada. No mercado negro, uma arma como aquela é avaliada em R$ 50 mil. William, acreditem, era funcionário do gabinete da vereadora Andre Gouvêa Vieira, do PSDB. Com ele, foi preso Alexandre Leopoldino da Silva, que compõe a equipe de zeladoria do Palácio da Guanabara, sede do governo do Rio. Tá bom assim?

Eu não esqueci da foto lá do alto não, já chego lá. Vamos avançar mais um pouco.

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William era um queridinho das ONGs, dos políticos, dos artistas e dos “descoletes” do Rio. Vocês sabem como as celebridades andam interessadas no social e nas hidroelétricas nos últimos anos. Como a pobreza em São Paulo está mais na periferia, o exercício da demagogia solidária é mais difícil, rende pouca notícia. No Rio, a geografia da cidade e a da pobreza colaboram para criar a fantasia da integração. A miséria é vista, como já apontei aqui muitas vezes, como atração turística e como variante antropológica. Visita-se a favela como quem vai em busca da diversidade cultural num país estrangeiro. Quantos textos já escrevi a respeito neste blog desde junho de 2006? Devem chegar a uma centena.

A lista de políticos e celebridades que foram até William, um dos “líderes” da Rocinha, é mesmo impressionante. Vejam. Volto depois.

O então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e o governador do Rio, Sérgio Cabral
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A presidente Dilma Rousseff
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O tenista Guga
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O humorista Rafael Cortez
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O Senador Crivella (PRB-RJ)
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O ator Ashton Kutcher e o apresentador Luciano Huck
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
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Voltei
Vocês viram direito, sim. Acima, temos ninguém menos do que o ministro da Justiça, responsável último pelo combate ao narcotráfico e ao tráfico de armas, de braços dados com o tal líder comunitário. Não que faltassem motivos para desconfiar dele. Informa a VEJA desta semana:
“Em 2005, durante o reinado de terror implantado pelo antecessor de Nem, William foi flagrado em uma constrangedora escuta telefônica. Em nome do chefão. instruía bandidos a deixar dois fuzis roubados do Exército em uma favela dominada pela facção rival. Ficou preso por nove meses, mas conseguiu ser absolvido sob a alegação de que pretendia apenas fazer com que se livrassem dos tais fuzis, evitando um banho de sangue na Rocinha – então na iminência de uma ação policial. A emenda foi tão disparatada quanto o soneto, mas todo mundo fez que acreditou. William seguiu livre e solto, colecionando amizades nos mais diversos círculos, de políticos a artistas. Um de seus três filhos tem Flora Gil, a mulher do cantor Gilberto Gil. como madrinha.”

Pois é…

Agora vamos à primeira foto
E o que é aquela primeira foto, que estava no site da Rocinha, mas desapareceu de lá? Vemos ali o presidente da ONG Sou da Paz, Denis Mizne, concedendo um prêmio a William, em 2004, por seu empenho no… DESARMAMENTO da Rocinha!!! A láurea foi concedida por outra ONG, a Viva Rio (falei dela ontem à noite, vejam lá).

Isto mesmo: o rapaz premiado pela Viva Rio por seu empenho no desarmamento foi preso porque flagrado vendendo um fuzil para “Nem”, o chefão do narcotráfico da Rocinha.
*

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CORREÇÃO PUBLICADA ÀS 23h59 DO DIA 7 DE DEZEMBRO DE 2011

Publiquei um post intitulado “Doces promiscuidades que matam”, em que William de Oliveira, o sedizente “líder comunitário” da Rocinha, que foi preso acusado de venda de armas, aparecia na companhia de muitas personalidades — o que não quer dizer que estivessem envolvidas com ele, claro! Havia até ator americano… — e em que censurava o que chamei de promiscuidade das ONGs com, vamos dizer, “autoridades informais” dos morros.

Ali, informava que Denis Mizne, diretor do “Sou da Paz”, premiou William, em nome de outra ONG, a Viva Rio, por seu empenho em favor do desarmamento. Está errado. Recebo de Raquel Melo, coordenadora da entidade, a seguinte informação. Leiam. Volto em seguida.
*
Gostaríamos de esclarecer uma informação publicada em seu blog nesta terça-feira, dia 6 de dezembro, acerca do Instituto Sou da Paz.

Na nota com título ‘Doces promis6cuidades que matam’ o senhor afirmou que o Sou da Paz teria premiado William de Oliveira por empenho dele no desarmamento da comunidade carioca Rocinha.

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No entanto, esta informação atrelada a primeira foto que ilustra a nota publicada está equivocada. O Sou da Paz não premiou esta pessoa, mas sim foi agraciado pelo Prêmio Segurança Humana 2004 pela Unesco e pela organização não governamental Viva Rio por sua atuação naquele ano na promoção da cultura de paz no Brasil. Nesta ocasião, o diretor do Sou da Paz, Denis Mizne, recebeu o prêmio das mãos de William. Como o senhor pode constatar no link: https://www.vivario.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=16&infoid=910&from_info_index=426

Voltei
Se vocês lerem o post original, verão que a nota da “Sou da Paz” não reproduz exatamente o que escrevi. Mas não faz mal! Estava errado mesmo. O importante é publicar a informação correta:
– Foi a Sou da Paz que recebeu o prêmio;
– o prêmio foi concedido pela Unesco e pela Viva Rio;
– Denis Mizne recebeu o prêmio das mãos de William de Oliveira.

É uma oportunidade para esclarecer outra vez: eu não acuso todas as ONGs de práticas criminosas, não! Existem, sim, as criminosas —- NÃO É O CASO DA “SOU DA PAZ”.

Há muito me incomoda certa visão ingênua de pessoas de bem que acabam caindo no conto de malfeitores, que posam de “líderes comunitários”. Acho que é preciso tomar mais cuidado.

Mizne, um homem decente, não merecia, evidentemente, receber o prêmio das mãos de alguém como William de Oliveira. E William não tem merecimento para fazê-lo.

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