Dilma vai, pouco a pouco, aderindo à contabilidade criativa que faz a fama de sua colega argentina, Cristina Kirchner…
Ninguém mais conhece direito os números das contas públicas no Brasil. A nossa sorte é que a institucionalidade avançou o bastante no país. O governo pode manipular os dados, mas a gente fica sabendo. Fosse na Argentina, a nossa governanta, pelo visto, faria o que faz a deles: maquiaria até os números de inflação. A […]
Ninguém mais conhece direito os números das contas públicas no Brasil. A nossa sorte é que a institucionalidade avançou o bastante no país. O governo pode manipular os dados, mas a gente fica sabendo. Fosse na Argentina, a nossa governanta, pelo visto, faria o que faz a deles: maquiaria até os números de inflação.
A gestão de Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda é, cada vez, mais uma realidade de papel. A cada novo procedimento, a realidade diz uma coisa, e o papelório de Guido, outra. Leiam o que informa Lu Aiko Otta, no Estadão. É mesmo uma sorte a Soberana não governar os EUA, não é?, e Guido não ser o chefão da economia naquele país atrasado, coalhado de republicanos. Por aqui, como lembram o vice-presidente da República, Michel Temer, e Renan Calheiros (AL), provável novo presidente do Senado, o PMDB “garante a estabilidade”… Maquiagem de contas naquele país atrasado daria demissão; no Brasil, rende fama de esperteza e habilidade. Leiam:
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O governo adicionou mais um item ao seu kit de maquiagem do resultado das contas públicas de 2012. Além de sacar recursos do Fundo Soberano, receber antecipadamente dividendos das estatais e inflar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Tesouro Nacional empurrou cerca de R$ 5 bilhões em despesas de dezembro para janeiro. Dessa forma, reduziu os gastos e engordou o saldo do ano.
Técnicos da Fazenda admitem que houve um “remanejamento” de despesas, mas não informaram o valor. O cálculo de R$ 5 bilhões foi feito pelo economista-chefe da corretora Convenção Tullet Prebon, Fernando Montero. O economista chegou a essa conclusão analisando o comportamento dos gastos ao longo de 2012. Ele verificou que, em comparação ao ano anterior, as despesas vinham crescendo a um ritmo de 6,9% até novembro, mas deram uma freada em dezembro, fechando o ano com uma alta de 5,4%. Isso é justo o contrário do que ocorre tradicionalmente. Normalmente os gastos, principalmente os de investimento, dão um pulo em dezembro.
Outras despesas
Analisando mais a fundo os principais componentes do gasto, ele verificou que as despesas com pessoal subiram 3,8%, os gastos com a previdência subiram 12,5%, puxados pelo aumento do salário mínimo. A contração das despesas ocorreu em dezembro e ficou concentrada nas chamadas “outras despesas de custeio e capital”.
Elas incluem investimentos e compra de material de escritório, por exemplo, que não seguem um calendário rígido como o dos salários e aposentadorias. Por isso, são os alvos preferenciais dos economistas do governo quando é necessário fazer cortes e outros ajustes nas contas públicas.
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