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Dilma insiste na falácia de que financiamento privado de campanha é a origem da corrupção. Ou: Os três motivos do PT

Há coisas que são vergonhosas por sua própria natureza, que não dependem de circunstâncias. Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff participou do encontro do Diretório Nacional do PT, em Fortaleza. Foi lá acender algumas velinhas ao capeta da esquerda, depois de indicar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. E insistiu na tese falaciosa de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h33 - Publicado em 1 dez 2014, 05h25

Há coisas que são vergonhosas por sua própria natureza, que não dependem de circunstâncias. Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff participou do encontro do Diretório Nacional do PT, em Fortaleza. Foi lá acender algumas velinhas ao capeta da esquerda, depois de indicar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. E insistiu na tese falaciosa de que a origem da corrupção está no financiamento privado de campanha, que ela classificou de “semente de um processo incontrolável”, acrescentando: “Temos um compromisso com este país: a reforma política. Nada desse combate [à corrupção] se tornará efetivo se nós não fizermos uma verdadeira reforma política no nosso país”.

Então tá. Entendemos, assim, que ou o Brasil passa a ter financiamento público de campanha, ou continuará a ser assaltado por larápios. É espantoso que asnices desse naipe sejam ditas assim, com tanta sem-cerimônia.

Vamos ver. A VEJA desta semana traz uma reportagem informando que, em 29 de maio de 2007, o então advogado da Petrobras junto ao TCU, Claudismar Zupiroli, enviou um e-mail à então secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra. Ele relatava sua preocupação com o fato de o TCU estar no pé da Petrobras pelo uso abusivo de um decreto que permite gastos sem licitação na estatal. Zupiroli informava que havia um “voa barata” entre os gestores da Petrobras, que estavam “com medo do recrudescimento do tribunal em cima deles” por causa das contratações sem licitação.

Erenice era o braço-direito — e o esquerdo também — de certa ministra chamada Dilma Rousseff. Vale dizer: a mensagem deixava claro que a Petrobras já estava fora do controle. Caixa de campanha apenas? Uma ova! Quem obrigava a Petrobras a jogar no lixo a Lei de Licitações? Em 2009, um simples diretor de área — Paulo Roberto Costa!!! — enviou e-mail à ministra Dilma incitando o governo a mandar o TCU às favas. Ou por outra: ele queria que o governo continuasse a abastecer o esquema de corrupção. E assim foi feito. O tribunal recomendou a suspensão de repasse para obras com evidências de corrupção, o Congresso aprovou essa suspensão, e Lula a vetou — com o endosso de Dilma, é claro!

O que isso tudo tem a ver com financiamento público ou privado de campanha? Nada! É indecoroso Dilma insistir nessa falácia.

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Mais: levantamento feito pela Folha mostra que as eleições de 2014 custaram R$ 5 bilhões — e olhem que se está a falar das doações declaradas. Querem uma perspectiva realista? Podem multiplicar isso por dois. Quanto dinheiro o Tesouro terá de repassar para eleições? Aí, sim, teríamos uma explosão de caixa dois. O pior é que boa parte da imprensa comprou tal tese por ignorância.

Mais: Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, deve deixar o cargo definitivamente nesta semana. Mas o governo já disse a Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que ele continuará dono do cargo. Por que um senador tem de ter o privilégio de indicar o presidente de uma subsidiária da Petrobras?

E Dilma vem falar que a mãe da corrupção é a doação de empresas privadas a campanhas? É piada!

E por que o PT insiste tanto no financiamento público? Ora, é simples: o dinheiro teria de ser distribuído segundo um critério: ou número de votos para a Câmara ou número de deputados eleitos. Hoje, a legenda receberia a maior fatia. Ou vocês acham que petistas apoiariam essa tese se formassem, sei lá, a quarta bancada?

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Em segundo lugar, todas as doações privadas teriam de ser feitas por baixo do pano — tanto para o governo como para a oposição. É claro que o risco para as empresas aumentaria muito. Pergunta óbvia: vocês acham que elas prefeririam correr perigo financiando o caixa dois do oposicionismo ou do governismo? Em terceiro lugar, o PT domina boa parte dos sindicatos e de outros organismos corporativistas do país, que fazem campanha indireta para o partido. A lei proíbe, sim, mas quem dá bola?

Assim, o financiamento público é bom para o PT porque ele lucra três vezes:
a: seria o partido com mais recursos do Tesouro;
b: seria o partido que mais receberia do caixa dois;
c: seria o partido que continuaria a receber o financiamento privado dos sindicatos.

A tese é só um golpe vigarista.

Dilma afirmou ainda em Fortaleza que pretende fazer a reforma com a participação popular. Ela e seu partido insistem nos plebiscitos. É mesmo? Plebiscito sobre o quê? Se é para convocar o povo, isso tem de ser feito por meio de um referendo: a população diz se aceita ou não a mudança. Referendo à parte, ideias esdrúxulas como Constituinte exclusiva ou plebiscitos prévios, antes de o Parlamento votar uma proposta, são apenas investimentos no baguncismo.

Texto publicado originalmente às 2h27
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