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Dilma e a recandidatura: base aliada sente falta da amoralidade e da imoralidade do governo Lula

Leitores me perguntam se considero sincera a disposição da presidente Dilma Rousseff, anunciada a Lula na Semana passada, de não disputar a reeleição. O que é “sinceridade” num discurso político? Dilma percebeu que, no modelo herdado de Lula, o poder é mesmo descentralizado: cada partido cuida do seu feudo, desde que dê o necessário apoio […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h04 - Publicado em 17 ago 2011, 16h10

Leitores me perguntam se considero sincera a disposição da presidente Dilma Rousseff, anunciada a Lula na Semana passada, de não disputar a reeleição. O que é “sinceridade” num discurso político? Dilma percebeu que, no modelo herdado de Lula, o poder é mesmo descentralizado: cada partido cuida do seu feudo, desde que dê o necessário apoio político ao governo, e deve preservar, tanto quanto possível, a aparência de moralidade. Mas também não é uma exigência sine qua non...

A crítica de patriotas do PR e do PMDB a Dilma é compartilhada pelo núcleo duro do PT, Lula inclusive: para eles, um presidente da República não governa a nação, mas a federação de partidos que chegou ao poder; seu papel é administrar as ambições e, vamos dizer, a distribuição de benefícios aos aliados. Qual era, para essa gente, o traço mais encantador do Apedeuta? Não dar bola para as evidências de corrupção, o que lhe era facultado por sua popularidade e pela inimputabilidade que lhe foi conferida pela maioria da população. Em muitos aspectos, o eleitorado foi conivente com a sem-vergonhice, sim, não adianta negar.

A tal base aliada, em suma, se ressente é daquela amoralidade propositiva, boquirrota e, às vezes, agressiva de Lula. Os exemplos de Renan Calheiros e José Sarney são evocados aqui e ali. Lula nunca lhes tirou a escada. Ao contrário até: submeteu, em 2009, o então líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (agora ministro e membro do Instituto Lula…), ao ridículo, levando-o a provocar uma pequena revolução semântica. Mercadante defendeu que se investigassem os tais atos secretos e pôs o cargo à disposição: ou bem o Planalto concordava, ou ele entregaria a liderança. Lula lhe disse um sonoro “não”, ele renunciou ao posto “em caráter irrevogável” e… continuou líder. A voz petista mais estridente em defesa de Renan (aquele que chamava a mulher grávida de um filho seu de “a gestante”…) e de Sarney era Ideli Salvatti, agora ministra das Relações Institucionais.

E cadê Ideli? É uma boa pergunta. A realidade é um pouquinho mais complicada do que parece. Dilma não tem a mesma destreza para articular o discurso amoralista — e imoralista — de Lula. Dado que o Babalorixá o fazia contra a decência, admitamos que esse é um traço positivo da presidente na comparação com seu antecessor. Mas Dilma é também incompetente na gestão da crise política. A escolha de Ideli para a função, por exemplo, é de uma infelicidade óbvia. À época da nomeação, houve unanimidade a respeito: nem os petistas entenderam. Ela funcionava bem como membro de tropa de choque. Argumentar é diferente de ofender… a inteligência, no que ela é perita! Gleisi continua ser a face mais bonitinha da irrelevância política.

Dilma estava sendo sincera ao dizer que não quer se candidatar em 2014? A questão é outra. Com oito meses de governo, há um quase consenso entre os seus aliados de que só Lula pode lhes satisfazer os apetites. Precisam de sua imunidade à moral e aos bons costumes para que possam ser o que são. A presidente se sente vigiada por esse gigante do amoralismo e do imoralismo. A saída seria ter um norte, um objetivo, um alvo a perseguir. Ocorre que nem Dilma sabe por que é presidente da República.

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