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Dilma disse a Lula que não quer disputar a reeleição; era tudo o que ele queria ouvir, mas não já!

A presidente Dilma Rousseff teve uma conversa com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira passada. E falou aquilo que o interlocutor estava doido para ouvir, mas não já: pensa seriamente em NÃO SE CANDIDATAR à reeleição em 2014. A Viscondessa está no governo há menos de oito meses, mas dá sinais de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h04 - Publicado em 17 ago 2011, 07h25

A presidente Dilma Rousseff teve uma conversa com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira passada. E falou aquilo que o interlocutor estava doido para ouvir, mas não já: pensa seriamente em NÃO SE CANDIDATAR à reeleição em 2014. A Viscondessa está no governo há menos de oito meses, mas dá sinais de cansaço e de impaciência. Uma coisa era ser uma peça da maquinaria de propaganda do lulo-petismo — a “gerenta” durona —, outra é ser presidente da República e, dado o estado das artes, ter de fazer também a articulação política.

Dilma não concluiu seu primeiro ano de governo, e figurões do petismo já falam abertamente na sua sucessão. É um despropósito. Até outro dia, Lula dizia que tinha de “desencarnar”, para empregar o verbo a que ele mesmo recorreu, e sustentava que Dilma disputaria certamente a reeleição. Ocorre que a insatisfação com a “presidenta” toma conta da base aliada. Mais do que a oposição, muito mais!, são os aliados que não suportam a mandatária. E os petistas não são os que exibem menor desconforto.

Nem poderia ser diferente. Lula, para não variar, não cumpre a palavra empenhada e se comporta como uma sombra no governo e na República. Era ele o fiador do condomínio governista, com sua formidável capacidade de gerar factóides. Dilma era uma peça da engrenagem apenas; não tinha — e não tem — pleno domínio de todas as variáveis com a qual lidava o antecessor. O discurso de ontem do ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes), presidente do PR, em que anunciou a “independência” do partido, foi bastante claro. Com Lula, estavam todos no paraíso; com Dilma, o apoio automático ficou impossível. Ou por outra: com o Apedeuta, Nascimento, o próprio, e os outros 26 defenestrados continuariam a fazer o que vinham fazendo, sem perturbações.

Ontem, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, marido da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, concedeu uma entrevista ao UOL e à Folha e afirmou o que era dado como impensável há poucos dias: no tempo certo, Dilma e Lula se reunirão para definir quem será o candidato à Presidência em 2014. Tentando emprestar certa lógica comezinha à fala, tentou ser óbvio: se Dilma “estiver bem e se tiver desejo de concorrer, muito dificilmente ele [Lula] vai se colocar como postulante”.

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Releiam de novo a frase. Se Dilma não “estiver bem”, nem mesmo terá a chance de se defender numa campanha e de tentar mudar a opinião do eleitorado. Ora, dados os menos de oito meses de governo, cumpriria a alguém na posição de Bernardo assegurar que a presidente será, sim, candidata porque fará uma grande gestão etc. e tal. Políticos não têm dificuldade nenhuma de lidar com fantasias. Poderia ter dito mais: já que a reeleição existe, é evidente que ela é a candidata natural. Mas quê!!!

Agora é oficial: a recandidatura de Dilma não está assegurada. A oração principal traz coordenadas entre si duas orações subordinadas condicionais: a primeira condição é “estar bem”, e a segunda e Dilma ter “o desejo de concorrer”. Logo, um ser lógico é obrigado a concluir que, não sendo certo que a presidente vá “estar bem”, também é incerto que ela queira. Notem que ambas atribuem à própria Dilma a perda de uma prerrogativa que o PT já está lhe cassando; afinal, se ela estiver mal, a culpa dela; se não quiser, também é. Mas ainda não era o máximo do requinte de Bernardo.

Observem que, mesmo Dilma reunindo as duas condições — estar bem e querer —, nem assim a sua recandidatura estaria assegurada. Nesse caso, Lula “muito dificilmente” se colocaria como postulante; nem assim a desistência do Apedeuta é dada como certa.

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Estratégias
Lula jamais deixou de tratar Dilma como alguém que está lá para a cadeira não esfriar. Lembrem-se de sua emblemática fala na campanha: pela primeira vez desde a redemocratização, disse ele, seu nome não estaria na cédula; ou melhor, estaria: onde se lia “Dilma” se devia ler “Lula”. Ela era uma mera realidade derivada. O Apedeuta não conta, todos sabem, com uma nova candidatura de Dilma, mas não gostou de ouvir que ela pensa em jogar a toalha agora. Lula é de uma ignorância que aspira ao sublime, mas burro nunca foi.

Uma Dilma que tomasse já a decisão íntima e inamovível, ainda que não a anunciasse, de não se candidatar de novo em 2014 pode ser fonte de problemas para o PT e seus aliados. Sem apostar no próprio futuro político, haveria um certo risco de querer cuidar só da sua biografia. Já imaginaram se decidisse levar mesmo a sério esse negócio de faxina? Lula conta com a desistência de Dilma; atua para que isso aconteça; move as peças pensando no seu retorno, mas  quer, como informa Bernardo, discutir isso “no tempo certo”.

Sem bandeiras
Sem bandeira e sem projeto, a impressão de que Dilma é intolerante com a corrupção acaba sendo a marca reconhecível de seu governo. Ocorre que os aliados, muito especialmente o PT — e mais especificamente Lula —, querem lhe tirar esse ativo. Caso a presidente decida agasalhar Wagner Rossi e outros que virão atrás dele, é bem possível, para recorrer ao vocabulário do ministro Paulo Bernardo, que ela “não esteja bem” em 2014. Nesse caso, o partido lhe cassará a candidatura, ainda que ela mude de idéia e queira disputar.

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