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DEM e PSB, dois partidos de oposição, garantem a vitória da MP do ajuste fiscal na Câmara; parte da base, inclusive petistas, deixa Dilma na mão

O governo venceu, e o texto-base da Medida Provisória 665, que restringe as regras para a concessão do seguro-desemprego, foi aprovado. Mas o Planalto teve de suar, e o placar foi apertado: 252 a 227. Foram apenas 25 votos de diferença. Querem uma medida da dificuldade? Se os deputados de partidos de oposição que votaram […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h27 - Publicado em 7 Maio 2015, 05h01

O governo venceu, e o texto-base da Medida Provisória 665, que restringe as regras para a concessão do seguro-desemprego, foi aprovado. Mas o Planalto teve de suar, e o placar foi apertado: 252 a 227. Foram apenas 25 votos de diferença. Querem uma medida da dificuldade? Se os deputados de partidos de oposição que votaram “sim” tivessem votado “não”, a MP teria sido rejeitada: foram 8 do DEM, 7 do PSB e 1 do Solidariedade. Ao todo, pois, 16 oposicionistas engrossaram as fileiras governistas. Se eles fossem subtraídos dos 252 a favor e somados aos 227 contra, o placar teria sido 236 a 243 contra o governo. E a MP teria ido para o espaço. Logo, é justo que Dilma seja grata a parte do DEM e do PSB pela ajuda. Eles deram a vitória a um governo ao qual se opõem.

Não estou fazendo ironia, não. É fato! Afinal, convenham: votar com o governo é tarefa, em princípio, dos governistas. Mas estes também traíram. Dez deputados do PT deixaram Dilma na mão: nove não apareceram, e um votou contra. Dos 64 votos do PMDB, 13 disseram “não” à MP. No PDT, que tem o Ministério do Trabalho, houve unanimidade contra: 19. No PP, as defecções chegaram a 18 dos 39 votantes; no PTB, 12 dos 24. Todos têm titulares na Esplanada dos Ministérios. E olhem que houve esforço concentrado. Michel Temer teve de trabalhar. Ao fim da votação, José Guimarães, líder do governo na Câmara (PT-CE), sugeriu que os partidos aliados receberiam a devida compensação. Cobrado a se explicar, não o fez.

Notem: se a oposição tivesse votado unida, e a base desunida, o meu título seria este: “Governistas derrubam MP do ajuste fiscal”. Como a oposição também se desuniu, e como seus votos foram essenciais para a aprovação da medida, então não há como: “DEM e PSB, dois partidos de oposição, garantem a vitória da MP do ajuste fiscal na Câmara; parte da base, inclusive petistas, deixa Dilma na mão”.

A votação foi tumultuada, com militantes da CUT e da Força Sindical nas galerias, protestando contra o texto. Membros da Força portavam cartazes com as fotos de Dilma e Lula sob o título: “Procurados”. Quando eles derramaram sobre o plenário o que chamaram de “PTrodólares” — imitação da moeda americana com as efígies de Lula, Dilma e João Vaccari Neto —, Eduardo Cunha esvaziou as galerias. Os petistas gritavam histericamente, pedindo que saíssem do local… Justo eles, né?, sempre tão educados num Parlamento. A gente viu o que fizeram no Paraná…

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Concluída a votação do texto principal, os oposicionistas entoaram em coro uma adaptação de um samba celebrizado por Beth Carvalho: “O PT pagou com traição/ a quem sempre lhe deu a mão”. Inconformados, petistas e membros do PCdoB acusavam falta de decoro e comportamento incompatível com o Parlamento.

Depois da rejeição de dois destaques, deputados de oposição promoveram um panelaço em plenário, para tristeza do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que bufava: “São panelas importadas. Depois, vão jantar no Piantella”, referindo-se a um restaurante chique de Brasília. Não entendi a ilação deste comunista do Brasil: parece que ele considera que só pode jantar no Piantella ou quem vota com o governo ou quem é favorável a que se restrinjam as condições para o seguro-desemprego…

O governo venceu, sim. Mas a votação demonstrou como está desarticulada a base. Ou Dilma não teria dependido dos votos de DEM e PSB. Os oposicionistas fizeram o governo sangrar até o limite. E, como já deixamos claro aqui, os petistas estiveram entre os que mais deram trabalho a Dilma.

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Eduardo Cunha (PMDB-RJ) presidiu a sessão com impressionante calma. Era o dono da bola. Sabia que, se quisesse, aplicaria outra derrota a Dilma, seja pondo seus liderados para votar contra, seja deixando-se enredar pelas manobras da oposição, adiando mais uma vez a votação. Mostrou quem está no poder naqueles domínios.

Na noite anterior, já tinha desferido um cruzado no queixo do PT: ou o partido fechava questão, ou o PMDB não se comprometia com a MP. Dilma não conseguiu enquadrar seu partido. Coube a Cunha fazê-lo.

O PT acabou.

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