Delator acusa Aécio de receber R$ 30 mi no exterior; tucano nega
Segundo Benedicto Valadares, dinheiro teria sido pulverizado em várias contas no exterior; senador diz que investigação provará que essas contas não existem
Benedicto Valadares, um dos ex-diretores do grupo Odebrecht, afirma em depoimento gravado pelo Ministério Público Federal, no âmbito da delação premiada, que o agora senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, teria recebido da empreiteira R$ 30 milhões no exterior. Depósitos mensais teriam sido feitos em várias contas, sempre indicadas por Dimas Toledo, que seria o intermediário do então governador de Minas. O acerto teria sido feito em 2008. Uma desses destinatários seria o empresário Alexandre Acciolly, dono da rede de academias Bodytech.
O vídeo segue abaixo.
Segundo o delator, ele e Marcelo Odebrecht estiveram com Aécio no Palácio das Mangabeiras. E afirma: “Ele [Aécio] e Marcelo começaram a discutir uma série de temas importantes, políticos, do país, da economia do país… Conversa dessa natureza, que você tem com qualquer político: conversa republicana, tratando do interesse do país, do crescimento do país etc. E foi isso só, a conversa inteira… Em nenhum momento, se falou de propina, de pagamento, de nada”.
Mais adiante, Valadares diz que, ao fim da conversa, Aécio lhe disse que seria procurado por Dimas. E acrescenta o delator: “Após o encontro, Marcelo me disse no carro que tinha acertado com o governador um valor de R$ 50 milhões (…), R$ 30 milhões por parte da Odebrecht e R$ 20 milhões por parte da Andrade [Gutierrez]. E o que se pediu a ele, em contrapartida, foi exatamente isto: que ele, na condição de governador de um estado importante, na condição de um dos principais expoentes do PMDB [NOTA: ele queria dizer PSDB], na condição — depois a Cemig entrou também como sócia — de defender o interesse da empresa estatal [desse apoio ao projeto]. Valadares não fala em propina.
Em seu depoimento, abaixo, Marcelo Odebrecht também trata do assunto. Fala das contribuições que teriam sido feitas ao PSDB, mas, do mesmo modo, não cita contrapartidas.
“Não aconteceu”
Em nota, a assessoria do senador Aécio Neves afirma:
“Aécio não recebeu trinta milhões em conta no exterior. Também não procede a afirmativa de que pagamentos de propina no exterior teriam sido acertados em reunião entre Aécio e Marcelo Odebrecht e Valadares.
Mesmo os delatores tendo sido unânimes em enfatizar que tais recursos não envolviam nenhum ato ilícito, nem propina nem contrapartida, é importante ressaltar que tais doações nunca ocorreram. Basta dizer que as obras do sistema elétrico mencionadas foram licitadas e conduzidas pelo governo federal do PT, sem nenhuma interferência possível do governo de Minas Gerais.
Não existem as tais contas no exterior mencionadas, o que ficará claro no decorrer das investigações.”