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Contra os antediluvianos de iPad nas mãos

Vivemos imersos nos fatos. No mais das vezes, não temos plena consciência do que está à nossa volta. Eis a importância do narrador, do cronista, do moralista, do pensador. Ele não produz objetos de consumo, mas objetos de consciência: liga os fatos aparentemente desconexos, confere ao tempo uma unidade que ilumina a nossa trajetória e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h06 - Publicado em 10 set 2014, 16h59

Livro não é a mamãe

Vivemos imersos nos fatos. No mais das vezes, não temos plena consciência do que está à nossa volta. Eis a importância do narrador, do cronista, do moralista, do pensador. Ele não produz objetos de consumo, mas objetos de consciência: liga os fatos aparentemente desconexos, confere ao tempo uma unidade que ilumina a nossa trajetória e a dos outros. Por que isso tudo?

Porque considero obrigatória a leitura do livro “Não é a Mamãe”, do jornalista Guilherme Fiuza, que reúne cem textos que ele escreveu para a revista “Época” e para o jornal “O Globo”. Vocês vivem aqui me pedindo dicas de livros, não é isso? Daqui a pouco, vem o fim do ano, com seus inevitáveis e, espera-se, agradáveis presentes. Ofereça a seus amigos e a quem você ama um pouco mais de clareza. Fiuza — antes de tudo, um escritor competente — faz o mais preciso e, em certa medida, devastador retrato dos quatro anos de governo Dilma. Devastador, nesse caso, não é “depredador”. Depreda quem pensa sem método. Fiuza demole falácias com argumentos.

O livro, primorosamente editado pela Record, é, a um só tempo, um guia saboroso e seguro para entender o que está em curso e, se querem saber, o que virá. “Não é a Mamãe”, desde o título, nos dá o entendimento de presente.

“Não é a Mamãe”, lembrem os mais maduros e saibam os mais jovens, era o bordão do bebê da família Dinossauro. Dilma nos foi oferecida como a mãe do Brasil por Lula, que pretendia ser o pai. Lula e dinossauros se estreitam num abraço insano. Não! Ela não é a mamãe, mas a madrasta má do nosso futuro. Na realidade, afinal, não existe sapatinho de cristal. Se o governo queima os ativos dos brasileiros, terminamos nas cinzas, no borralho.

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Olhem para Guido Mantega, por exemplo, o ex-ministro no cargo, situação inédita no mundo. E leiam o que vai no livro de Fiuza. Permito-me reproduzir um trecho:

“Quem estava preocupado com a inflação pode ficar tranquilo. (…) Diante da notícia de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo tinha ultrapassado o teto da meta – batendo em 6,51% ao ano em abril, contra o teto de 6,5% –, Mantega explicou que não é nada disso. Segundo o ministro, a aferição da meta não considera a segunda casa depois da vírgula. Estamos salvos. (…) Melhor olhar só para a primeira casa, onde a moral e os bons costumes monetários estão intactos. Ali não se veem a orgia dos gastos públicos no governo popular, a farra do crédito populista e os subsídios mascarados do Tesouro jorrando dinheiro na praça e fustigando a inflação. Essas cenas explícitas de administração perdulária só são visíveis para quem espiar pela fresta da segunda casa depois da vírgula.”

Texto primoroso, ironia fina. Fiuza não é só um bom cronista da desordem mental que marcou o governo Dilma na economia. O nosso Suetônio contemporâneo também é um agudo observador dos costumes destes tempos, em que patrulheiros antediluvianos saem de iPad nas patas a vituperar contra o capitalismo e o mercado. Enquanto, é claro, para lembrar Fernando Pessoa desancando Rousseau, o bestalhão, “mordomos invisíveis administram-lhe a casa”.

Faça um bem a si mesmo, leitor, e a seus amigos. Vá à livraria mais próxima e compre “Não é a Mamãe’, de Guilherme Fiuza. O silêncio covarde com que o livro foi recebido por veículos de comunicação assustados, esperando Godot, é a prova da sua importância política. Ler “Não é a Mamãe” é um ato de resistência contra a empulhação.

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