Conte aí, Zé Eduardo: se o STF lhes disser “não”, será uma corte também “golpista”?
Advogado-geral da União parou de falar coisa com coisa faz tempo. Seus ex-alunos devem estar envergonhados por ele
José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, deveria perder a batalha sem perder a compostura. Deixou claro que o governo vai, sim, conforme o esperado, tentar recorrer ao Supremo contra o resultado da votação do impeachment na Câmara se for adverso a Dilma, é claro. E sentenciou, com aquela sabedoria robusta:
“O dia em que o Judiciário for entendido como um tapetão, nós rasgamos de vez o estado de direito no Brasil. A Constituição é clara: nenhuma lesão de direito pode ficar afastada de apreciação do Judiciário. Se um cidadão comum, se qualquer pessoa ou um presidente da República têm uma lesão, vamos ao Judiciário. Isso sinceramente não é tapetão”.
Descontado o contexto da chicana judicial a que o Planalto está disposto a se entregar, a fala do ministro está QUASE correta. Com um reparo: ele deveria ter dito “se qualquer pessoa ou presidente da República ACHAM QUE TÊM uma lesão…”. Afinal, quem vai decidir é o… Judiciário, certo? Eu posso achar que um direito meu foi agravado, e a Justiça pensar o contrário. Forçoso é que eu me submeta ao resultado, certo?
E aí está a fraude essencial, que distingue essas pessoas de seus adversários na disputa do impeachment: os petistas, Dilma e o governo como um todo, além de seus milicianos nos ditos movimentos sociais, já afirmaram que que não reconhecem o resultado se este não for do seu agrado.
Pergunta a Zé Eduardo: se o Supremo não atender aos reclamos da presidente, também o tribunal será considerado uma corte golpista?