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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Como Mino Carta me ajuda a educar as crianças

Eu já lhes relatei aqui: se estou vendo televisão em companhia de minha mulher ou de minhas filhas, e passa uma propaganda daquelas bem idiotas, sou tomado de um sentimento gêmeo da vergonha, do constrangimento, como se me sentisse co-responsável por aquilo; como se me visse na obrigação de dar alguma explicação. Surpreendo-me, então, constrangido […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h06 - Publicado em 16 out 2006, 02h12
Eu já lhes relatei aqui: se estou vendo televisão em companhia de minha mulher ou de minhas filhas, e passa uma propaganda daquelas bem idiotas, sou tomado de um sentimento gêmeo da vergonha, do constrangimento, como se me sentisse co-responsável por aquilo; como se me visse na obrigação de dar alguma explicação. Surpreendo-me, então, constrangido a expressar a minha censura. Isso vale mais para as meninas — até porque Dona Reinalda me explica o sentido oculto de certas “sacadas” publicitárias que fogem ao meu alcance.

No caso das filhas, a coisa é séria: “E se elas acharem que acho esse negócio normal ou aceitável? Preciso dizer: ‘mas que bobagem!; que coisa cafona!; que besteira!’” Entendo que isso faz parte da educação sentimental. Educar, no fim das contas, é transmitir aos filhos ou aos discípulos as linhas gerais da nossa moral e da ética do grupo; corresponde a dizer: “Isto não, isto sim, isto pode, isto não pode”. E, claro, é importante, nesse processo, ter e sentir vergonha.

Foi vergonha o que senti ao ver a capa da revista Carta Capital desta semana. Está lá: “A trama que levou ao segundo turno”. Para a revista, não foram os eleitores que decidiram que haveria um segundo turno. Eles votaram. Ao somar o total de um lado e de outro, o próprio Lula disse a frase que resume o que se deu: “Não ganhei no primeiro porque faltaram votos”. Não para a Carta Capital. Tudo não passou, tenta-se demonstrar na revista, de uma trama urdida pelos tucanos e, claro, pela Rede Globo.

Acreditem, juro!, a coisa se deu como relato a seguir: uma de minhas filhas viu a revista num posto de estrada, na Anhangüera. “Nossa!, pai, esta revista está dizendo que foi a Globo que fez ter segundo turno!?” E eu tive de exercer aquele ofício que exerço quando exposto a uma propaganda cretina. Expressar o quão mentirosa, fantasiosa, estúpida achava aquela capa. Lendo a reportagem, enquanto tomava um café, ia sendo assaltado pelo escândalo, não o dos “meninos de Lula”, mas o “dos meninos de Mino”. A revista ignora todos os fatos objetivos que dizem respeito ao dossiegate, faz uma defesa do governo que o próprio PT não tem coragem de fazer e cai nos braços da teoria conspiratória.

Com o devido recato, leitor, exclamo: “Puta merda!” São jornalistas que fazem isso! Há profissionais de imprensa que se prestam a esse papel. Sim, a Carta Capital defende o voto em Lula. Eu acho que as pessoas devem votar no Alckmin. Mas quero crer que nunca me fiz aqui de guia pilantra de cego; nunca procurei dourar a realidade ou endossar o que considerei erro do candidato que acredito ser o melhor para o Brasil. Em suma: não preciso justificar nenhuma bobagem de Geraldo Alckmin. Carta Capital não tem vergonha de arrumar uma teoria alternativa para o dossiê.

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Carta Capital nunca gostou de Primeira Leitura, quando esta existia, ou de mim. Também não gosto deles. Nada do que a publicação ou Mino Carta, seu diretor e mentor espiritual, pensam me interessa. Há naquilo uma mistura insuportável de cabotinismo, arrogância, servilismo e prepotência megalômana de gente pequena, de que todo mundo faz troça nos corredores (até da própria revista…). É que é duro ganhar a vida, como sabemos, e as pessoas vão levando…

Eexiste coisa mais fácil — e antiga — do que culpar a Rede Globo? A emissora corresponde “aos suspeitos de sempre” de Louis, aquele policial corrupto do filme Casablanca. De certo modo, sou grato a Mino Carta e à sua revista: consegui exemplificar a duas garotas, uma de 11 e outra de 9 anos, o que não é jornalismo. Foi o meu “Isso o papai não faz de jeito nenhum!”.

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