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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Coitado do Rio de Janeiro! Tão perto do Cristo, tão longe de Deus!

O estado do Rio pode estar marcando um encontro com o desastre — e com a colaboração entusiasmada de setores da imprensa e de alguns descolados. Vamos ver. No dia 9 deste mês, escrevi aqui um post intitulado “Invasão da Câmara do Rio é só manifestação de truculência do PSOL, um partido amigo de ditaduras. Ou: […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h36 - Publicado em 15 ago 2013, 16h26

O estado do Rio pode estar marcando um encontro com o desastre — e com a colaboração entusiasmada de setores da imprensa e de alguns descolados. Vamos ver.

No dia 9 deste mês, escrevi aqui um post intitulado “Invasão da Câmara do Rio é só manifestação de truculência do PSOL, um partido amigo de ditaduras. Ou: A agenda aloprada”. Muito bem! Esse partido — que se tornou um dos bibelôs da imprensa carioca por causa do supostamente impoluto deputado estadual Marcelo Feixo, e, em certa medida, da imprensa nacional por causa da elevação de Jean Wyllys à condição de Schopenhauer da diversidade — comanda a bagunça na Casa. Ao arrepio da lei, do regimento ou de qualquer código civilizado, o partido exige que um seu vereador, Eliomar Coelho, seja o relator da chamada CPI dos ônibus. E o que embasaria tal exigência? “Ele foi o autor do requerimento!” Desde quando autores de requerimentos são alçados automaticamente à condição de relatores? O PSOL não reconhece a legitimidade dos governistas para investigar. Ah, bom… Mas esperem: a comissão só existe porque os governistas decidiram aprová-la — ou teria sido rejeitada. Quer dizer que eram legítimos para apoiá-la, mas não para conduzi-la? Não peça a um esquerdista que opere com a lógica. É impossível. Se lógico fosse, não seria de esquerda. É simples. Sei do que falo…

Há pouco, li na Folha uma  reportagem de que destaco um trecho. Volto em seguida:
“Mesmo escoltados por seguranças e policiais militares, os vereadores Professor Uóston e Chiquinho Brazão, ambos do PMDB, foram hostilizados e agredidos com tapas e ovos arremessados por manifestantes ao deixarem pelos fundos o prédio da Câmara dos Vereadores, no final da manhã desta quinta-feira (15).
Relator da CPI dos Ônibus, o vereador Professor Uóston foi atingido por pelo menos dois ovos nas costas. No mesmo momento, seguranças revidaram com socos e empurrões contra os manifestantes.
Presidente da comissão, Chiquinho Brazão foi cercado por ativistas, que tentaram agredi-lo com tapas. Houve corre-corre e gritaria. Os dois vereadores conseguiram embarcar em táxis na rua do Passeio, próximo à Câmara. Os manifestantes gritavam palavras de ordem: “ladrões”, “essa Casa é nossa”. A PM tentou localizar os agressores, mas eles fugiram. A Folha tentou contato com os assessores dos vereadores, mas ninguém foi encontrado.
(…)

Voltei
Ok. A Folha queria ouvir os agredidos. Não entendi bem por quê, mas vá lá. E os agressores? Por que não ouvir os comandantes do PSOL na cidade, que organiza a bagunça? “Ah, mas nós não gostamos dos vereadores do PMDB…” Ok. Tentem despedir a democracia primeiro, ora bolas! Antes que prossiga, um esclarecimento.

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Lá no primeiro parágrafo, refiro-me a Marcelo Freixo, o queridinho dos socialistas da Vieira Souto, como “supostamente impoluto”. Por que “supostamente”? Sei de alguma falcatrua que tenha cometido? Vamos ver. Falcatruas existem de várias ordens. Há os larápios da grana, que roubam dinheiro público. E há, com a devida vênia, a trapaça ideológica, de que o PSOL é a mais clara e escancarada expressão. Esse partido nanico, que conta com a adesão de pouquíssimos brasileiros, tem, não obstante, uma atuação deletéria nos chamados “movimentos sociais”, em alguns sindicatos (comanda o dos Metroviários de São Paulo, por exemplo) e especialmente nas universidades, onde age com impressionante truculência. É a tática de sempre dos esquerdistas: grudar-se como craca nos aparelhos de representação e impor a sua vontade na base do berro. Entre os fundadores do PSOL, está um terrorista e assassino. As pessoas fazem suas escolhas, inclusive eu. Não considero “impoluta” gente que se liga a esse tipo de prática. Ponto. Não são apenas os ladrões contumazes que fazem mal à política e aos países. Adiante.

Para onde vai o Rio? E agora começo a me aproximar do meu título provocativo. Pois é… Tudo o mais constante — e é visível que Sérgio Cabral mergulhou na abulia apatetada —, as forças governistas não andam muito bem das pernas. As eleições não estão assim tão perto, mas também não estão longe. A imagem de Cabral se esfarelou. Caiu dos píncaros da glória — e olhem que ele conseguiu resistir até à dança do lenço — para um buraco que parece não ter fundo. O que não andava bem, mas estava devidamente maquiado por um marketing agressivo e por uma imprensa servil, explodiu com todas as suas contradições. Refiro-me, em particular, à política de Segurança Pública. A bagunça sobre a qual pontificava o santo José Mariano Beltrame era bem maior do que se supunha.

Muito bem! Ainda assim, é evidente que o “Fora Cabral” e esse simulacro de insurreição no Rio obedece a comando — ou comandos. Não é possível que existam na cidade tantas pessoas desocupadas, dedicadas exclusivamente a pedir a deposição do governador. Alguém tem de pagar as contas, não é? Quem paga? “Ah, teoria da conspiração!!!” Não. Objetividade apenas. Se eu, a cada mês, tenho de arcar com a conta de luz, água, telefone, escola, supermercado, transporte, até de algum lazer, acho que o mesmo ocorre com os “manifestantes”, a menos que vivam de luz… A única pessoa, que eu saiba, que faz essa fotossíntese econômico-existencial é Marina Silva, né?…

O pau está comendo na cidade, em manifestações que há muito ultrapassaram a linha do aceitável, e, até agora, não se ouviu uma só palavra de reprovação do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ou do próprio Marcelo Freixo. Ora, claro que não! A turma do PSOL, como é visível, compõe a linha de frente do “pega-pra-capar”. Os petistas, no Rio, são mais discretos do que em São Paulo (até porque integram o governo), mas, obviamente, não estão infelizes com o que se vê no estado. A legenda, por ela mesma, não adere ao “Fora Cabral”, mas as suas franjas nos ditos “movimentos sociais” estão assanhadíssimas.

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Lindbergh em apuros
Pois é… Para aqueles que se acostumaram a ver o PT como um partido da ordem, vai aqui uma lembrança: Lindbergh Farias está em apuros. Corre contra ele um processo no Supremo Tribunal Federal. Ele é acusado de fraudar o Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu, quando era prefeito. Não sei no que vai dar. Pode ser inocentado até as eleições. Pode ser condenado antes, e aí se torna inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Se condenado no curso de um eventual mandato como governador, esse mandato será cassado.

E, claro, há a alternativa que tanto encanta os socialistas do asfalto, mas com vista pro mar: Freixo ou algum de seus amigos do PSOL, que tem cabos eleitorais muito populares no Rio, como Caetano Veloso, Chico Buarque e Wagner Moura — pessoas que dedicam boa parte do seu tempo à reflexão política…

“Reinaldo passou quase sete anos esculhambando Sérgio Cabral e agora começou a defendê-lo…” Eu não retiro uma linha do que escrevi sobre o governador do Rio e ainda poderia acrescentar outras milhares. O ponto, definitivamente, não é esse. O que estou demonstrando aqui — e já o fiz em outros posts — é que a demolição de sua imagem se dá de uma forma que pode ser nefasta para o futuro do estado do Rio de Janeiro. As alternativas que se desenham naquele horizonte de cartão-postal não são muito alvissareiras, daí ter parafraseado Porfírio Díaz, que exclamou sobre seu país: “Pobre México! Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.

De resto, escrevo aqui uma obviedade. Não é a “população” do Rio que simula aquele estado de insurreição. A dita “população” está trabalhando. O jornalismo tem a obrigação de investigar quem são esses militantes e a que orientação obedecem. Não necessariamente para denunciá-los, mas para, ao menos, saber qual é a sua agenda — a sua verdadeira agenda.

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