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Código Florestal: ONGs levam Marina, de liteira, ao Planalto, e Palocci, agora, quer adiar a votação

Marina Silva deu uma de vestal — daqui a pouco, não pisa mais a terra e será carregada numa liteira. Esta senhora, diga-se, vai se constituindo, com o beneplácito de boa parte da imprensa babona, numa figura notavelmente autoritária da política. Já chego lá. Vamos ao fato do dia. Faz tempo que um novo Código […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h06 - Publicado em 3 Maio 2011, 17h11

Marina Silva deu uma de vestal — daqui a pouco, não pisa mais a terra e será carregada numa liteira. Esta senhora, diga-se, vai se constituindo, com o beneplácito de boa parte da imprensa babona, numa figura notavelmente autoritária da política. Já chego lá. Vamos ao fato do dia. Faz tempo que um novo Código Florestal está em debate. A nossa Deusa da Floresta sempre se negou a confrontar suas idéias com as de seus oponentes — preferindo ameaçar a Terra e o país com o apocalipse. Conta, para isso, com o apoio de ONGs fartamente financiadas e de colunistas que não distinguem um pé de feijão de erva daninha. Caso se dissesse a alguns deles: “O povo pede alho”. A resposta seria uma só: “Ora, que coma bugalho”…

Certa de que a “mídia” amiga seria eficiente em matar o relatório de Aldo Rebelo (PC do B-SP) antes mesmo que ele viesse a público, Marina se limitou ao seu tradicional “quero não, posso não, os deuses da floresta não deixam, não”. Como o debate avançou, chegou a hora de apelar aos universitários. Aí a até então omissa SBPC resolveu fazer o seu relatório recheado de elogios à agricultura brasileira (que remédio?) e apocalipses para tentar adiar a votação do projeto por mais dois anos… A iniciativa também não vingou.

Como sabe ou pode saber o leitor, as vestais romanas, virgens sem mácula, eram encarregadas de manter aceso o fogo sagrado. Gozavam de grande prestígio. Os altos dignitários de Roma lhes confiavam segredos, e elas costumavam ser chamadas para dirimir conflitos e apaziguar dissensões. Excepcionalmente, podiam abandonar seu templo e desfilar pela cidade em sinal de protesto se considerassem que uma grave ameaça pesava sobre Roma.

Foi o que fez Marina hoje. As ONGs resolveram carregar a nossa vestal até o Palácio do Planalto, onde ela se encontrou com Antonio Palocci. Ela reivindica no tapetão o que não conseguiu no debate político: o adiamento da votação do relatório. Palocci, aquele bonachão todo-sorrisos, aderiu à causa de Marina com uma formulação um tanto estranha à democracia: disse que o governo está 100% em desacordo com o texto de Aldo. E se explicou: a concordância seria só de 95% — e, para ele, se não é tudo, então é nada.

Eu entendia, até então, que Parlamento existe, entre outras coisas, para isto: para dirimir os 5%, 10%, 15% ou 100% de desacordo. É uma concepção nossa de democracia essa esboçada por Palocci, o sorridente.  Votações, então, segundo essa concepção, são como as homologações do, por assim dizer, Parlamento chinês. Só se for com 100%…

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Aldo debateu o seu texto país afora. Marina preferiu fazer a cabeça dos ditos “formadores de opinião”. A democracia brasileira tem uma instância chamada Congresso. Marina prefere os carregadores de liteira das ONGs, aqueles que a acompanharam à reunião com Palocci levando consigo uma espécie de mandato apátrida, ao Parlamento.

Um padrão
Marina, eu já escrevi umas 800 vezes, é a outra personagem inimputável da política brasileira. Só perde para Lula. São beneficiados pelo preconceito de origem às avessas. Como vieram “do povo”, não se questionam seus propósitos. Seriam depositários de uma espécie de verdade ancestral. Note-se, a título de ilustração, que, quando ela deixou o governo, falou-se de seu conflito com Dilma, não com Lula…

A ex-senadora tem um método: se ela perde o debate nas instâncias consagradas para decidir um embate, apela, então, à galera. Está fazendo isso no PV. Desembarcou no partido de mala e cuia, conhecendo as regras. Fez-se candidata deixando claro, sempre!, que era maior do que a legenda. No momento, está empenhada em depor a direção da legenda. Como foi derrotada nas instâncias internas — cujas regras ela prometeu acatar quando se filiou —, foi para o debate público, certa de que ela não precisa ter razão para conquistar adesões. Afinal, do outro lado, está um tal José Luiz Penna, cuja biografia, em face de Marina, se esmaga com facilidade.

Ninguém nem precisa saber o que Marina quer exatamente. Basta saber que ela quer uma “coisa”.

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