Blindagem de araque
Na mesma Veja em que brilha a coluna de Diogo, André Petry dá uma enorme contribuição ao equívoco numa coluna intitulada “Moralismo de Araque”. Reclama dos que chamaram Lula de bêbado. Refere-se principalmente a senador José Jorge (PFL-PE), vice na chapa do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), e a José Roberto Arruda, outro pefelista. “A acusação […]
Na mesma Veja em que brilha a coluna de Diogo, André Petry dá uma enorme contribuição ao equívoco numa coluna intitulada “Moralismo de Araque”. Reclama dos que chamaram Lula de bêbado. Refere-se principalmente a senador José Jorge (PFL-PE), vice na chapa do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), e a José Roberto Arruda, outro pefelista. “A acusação de que Lula é um bêbado é o primeiro grande exemplo de golpe rasteiro e ofensa pessoal na atual campanha”. Discordo de Petry de várias maneiras combinadas. O primeiro golpe baixo da campanha é Lula ser candidato. Mas poderia ser o reajuste concedido ao funcionalismo na boca da urna, a inauguração de pedras fundamentais ou o uso descarado da máquina pública. Ou a candidatura dos mensaleiros. O PT passou oito anos “acusando” FHC de ser um intelectual. E aquilo era parte do jogo. Prefiro um país em que a reputação dos bêbados seja pior do que a dos intelectuais. Clinton quase cai nos EUA porque dava destinação heterodoxa a charutos em lugares não menos heterodoxos e porque, bem, revelou ter um entendimento particular sobre o que é exatamente sexo ao falar em juízo: para ele, só valia “aquilo naquilo”; o resto era prosopopéia. E ninguém ficou arrepiado com os “golpes rasteiros”. A democracia vai bem na América. Asseguro que tem avançado de Tocqueville a esta data. A reação de Petry se insere numa já longa tradição da imprensa brasileira que faz questão de proteger Lula de si mesmo. É como se o homem precisasse ser tutelado pelos iluministas: um bom selvagem caído num ambiente de racionalidade e realismo político que lhe seria estranho.