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As novas agressões a Israel e o futuro

Os leitores já perceberam que eu, definitivamente, não estou entre os otimistas com a chamada “Primavera Árabe”. Mais do que isso até: acho que os americanos, com o auxílio luxuoso da França e da Grã-Bretanha, estão cometendo erros em penca no Oriente Médio. Numa leitura em perspectiva bastante crítica, digo que Jimmy Carter entregou o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h58 - Publicado em 17 Maio 2011, 06h37

Os leitores já perceberam que eu, definitivamente, não estou entre os otimistas com a chamada “Primavera Árabe”. Mais do que isso até: acho que os americanos, com o auxílio luxuoso da França e da Grã-Bretanha, estão cometendo erros em penca no Oriente Médio. Numa leitura em perspectiva bastante crítica, digo que Jimmy Carter entregou o Irã aos aiatolás, e Barack Obama está se encarregando de consolidar o país como a grande potência regional.

Há jihadistas fazendo a luta “democrática” contra Muamar Kadafi; o “novo Egito”, no que diz respeito à tolerância com “o outro não-islâmico”, por enquanto, mostra-se pior do que o do ditador Mubarak. Nunca, em décadas, tantas igrejas cristãs e tantos cristãos propriamente foram tão perseguidos. Não é por acaso — e, com freqüências, as pessoas não se dão muito conta do que dizem — que tantos apontem que a “Primavera Árabe” torna o ambiente mais hostil a Israel. Que consideração estaria embutida nessa constatação? Seriam as “democracias” árabe e israelense incompatíveis?

A minha pergunta é retórica, claro! Alguém poderia dizer: “Oh, não se faça de ingênuo, Reinaldo; é claro que, sem os ditadores pró-Ocidente, a população tende a se solidarizar com a causa palestina”. Muito bem! Qual causa? São bem poucas as pessoas, judias ou não, que se opõem a um estado palestino. A questão, desde sempre, é saber sob quais condições e com quais atores, certo? Algumas dessas “condições” — a volta do que chamam “refugiados” a Israel, por exemplo — significariam o fim do estado judeu. Algum país flertará algum dia com o seu fim? Acho que não. Mas não quero me ater a esses aspectos já tão antigos do confronto. Fixo-me nos acontecimentos de domingo.

No aniversário dos 63 anos de Israel, palestinos residentes no Líbano, na Jordânia e na Síria tentaram invadir a fronteira legal de Israel e foram contidos pelas forças de segurança. O aniversário de fundação do país é, para eles, a “naKba”, “dia da desgraça”. Aqui e ali se lê que os protestos foram levados pelos mesmos ventos ditos “democratizantes” que sopram em outros países árabes.

Epa!!! Aí as coisas se complicam bastante. Qualquer que seja o desfecho da crise história do Oriente Médio, ele terá de ser negociado. Não será na base da invasão, origem, diga-se, de alguns dos severos impasses que se vivem hoje, não é? Foi o que se tentou, vamos ser claros, em 1967 e 1973 — e Israel ganhou as duas guerras. Quem se mobiliza em nome da “nakba” não está querendo negociar, mas eliminar o outro país. O “dia da desgraça” refere-se à criação do estado de Israel, à sua existência. Esperava-se o quê? Que os manifestantes fossem recebidos com flores? Com que então ventos democratizantes empurram palestinos justamente da tirania síria e do sul do Líbano (sob o comando do Hezbollah) para Israel? E esses “democratas” o fazem mobilizados pela “nakba”?

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Parece evidente que Síria e Líbano, por motivos diferentes, fizeram corpo mole. O governo sírio prefere que as atenções do país se voltem contra o “inimigo de sempre”, e o Hezbollah é um movimento terrorista. Não é difícil ler textos em que Israel aparece, de novo, como vilão — acusa-se o estado de ter “assassinado” 16 palestinos. Morreram, sim, infelizmente. E foram mandados para “o martírio” por líderes que não estão exatamente dispostos a negociar a paz.

Os tais ventos democratizantes também estariam na origem do acordo entre Hamas e Fatah, que, então, se uniriam para fazer a tal “declaração unilateral” do estado palestino, o que conta com a concordância já de muitos países — Brasil incluído. Eu nunca vi — seria esta a primeira vez — uma declaração unilateral de qualquer coisa (que não seja um cessar-fogo) contribuir para a paz entre litigantes. Nunca! Trata-se de um absurdo nos próprios termos. Mais: cobra-se moralmente de Israel que não interfira naquela união e que negocie. Pois bem! Pouco importa se o grupo chama “Hamas” ou “pomba da paz”. O busílis é outro: o Hamas vai mudar as suas práticas? O Hamas vai rever seus estatutos? O Hamas vai reconhecer a existência de Israel? Ou, então, me digam: o que se tenta impor moralmente a país? Que contribua para fortalecer um grupo que jura estar empenhado em eliminá-lo do mapa? Aí já é pedir um pouco demais, acho eu.

No fim das contas tudo se resume a esta fórmula: “Dêem-nos a terra, e nós lhes daremos a paz”. Não! Como escrevi e falei ontem no seminário (ver post abaixo), a paz vem primeiro. Ou por outra: os palestinos ponham fim ao terrorismo e reconheçam a existência legal de Israel. Esse, seria, sem dúvida, um começo virtuoso.

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