Aniversário, Corinthians etc e tal
Pô, vocês, hein!? Dêem uma folguinha para a minha carcaça cansada, hehe. Ontem, parei um pouco mais cedo — depois de 24 posts e de “mediar” 2.141 comentários. Fui ao aniversário de um amigo querido. Além do prazer da companhia, alguma memória de tempos um tanto heróicos e felizes. Companhia de primeira, comida excelente, champanhe […]
Tá, tá… Eu sei. O Corinthians perdeu. Havia muitos sãopaulinos na festa em que eu estava. Já conheço todas as piadas — embora o Tricolor tenha feito a sua parte para nos afastar da segundona. Fazer o quê? É literalmente do jogo. É claro que o primeiro responsável é o time mesmo, que é, convenham, sofrível. E há a barafunda que colheu a diretoria. Dizer o quê? Tenho alguma tentação de me sentir oprimido para saber como é esse prazer. Mas a vontade logo passa. Só penso em vitória e vingança… Os oprimidos querem compensações morais. Eu quero é ganhar.
Moro quase ao lado do Pacaembu. Passei por ali rumo à festa nos 15 primeiros minutos de jogo. O “nosso” povo — ou “meu povo” — ainda lotava as cercanias do estádio. Por que se torce e se resiste mesmo quando a vaca insiste em ir para o brejo? Por que eu me mantive corintiano se vi o time vencer um campeonato, pela primeira vez, só aos 16 anos, em 13 de outubro de 1977, depois de longos 22 anos, mesmo suportando a troça dos colegas, especialmente os palmeirenses? E, vá lá, até hoje, aquela expulsão de Rui Rei, da Ponte Preta, na final…
A primeira tentação é associar tal paixão à religião. Mas não é. Não se trata de nenhuma compensação mística ou entendimento superior da natureza humana. Nada. Reitero: ainda que perdendo, o que se quer é ganhar. Não há um compromisso com o insucesso. Talvez seja o mais perto que consigamos, os brasileiros, chegar de uma forma de convicção: “Eu sou isto; escolhi este caminho”. Sem acomodações, zonas cinzentas, áreas de acostamento. E, não obstante, o futebol brasileiro está dominado por uma estrutura ainda coronelista — que pode ser, como vimos, assassina. Nem isso leva um “crente” à apostasia.
É claro que nos ocorre a todos o óbvio: e se os brasileiros tivessem, em relação à política e à vida pública, essa mesma paixão convicta? Ocorre que, por mais canalha e politiqueira que seja a estrutura do futebol; por mais que a bandidagem também aí se mobilize para interferir no resultado, no mais das vezes, o jogo é pra valer. O que desmoraliza a política é a permanente marmelada. A torcida aceita até um time meio mequetrefe, mixuruca — desde que seja esforçado.
Lula, vocês fazem o desfavor de me lembrar o tempo todo, é corintiano. E, como sabemos, não é alheio ao futebol. É um traço de esperteza. E ele aprende com isso. Dando ou não show, um time tem de, em primeiro lugar, jogar para a sua torcida. E, vamos admitir, isso o Apedeuta faz muito bem. Não decepciona as suas bases. Qual é a base dos partidos de oposição? Quem não pode ser decepcionado? Qual é a torcida? Presumo que eles ainda não tenham essa resposta. E, sem ela, a chance de perder o jogo, mesmo para um time fraco, é bastante grande.