A USP e o Batman
Há dias, uma professora da Geografia da USP, Ana Fani Alessandri Carlos, escreveu um texto no blog dos invasores da reitoria e, orgulhosa, espalhou para seus colegas. Era assim (segue conforme o original): Ao não receber os “estudantes ocupados” da USP a reitora esta dispensando a eles tratamento igual ao que se dá a terroristas […]
Ao não receber os “estudantes ocupados” da USP a reitora esta dispensando a eles tratamento igual ao que se dá a terroristas e bandidos que exigem dinheiro em troca de reféns. O que se pretende ignorar é o óbvio: eles só estão lutando por uma universidade autônoma e livre das investidas do mercado e da lógica do poder político – suficientemente desmoralizado neste país. Infelizmente jornalistas que pretendem saber alguma coisa, produzem análises irresponsáveis sobre o trabalho desenvolvido na universidade. Enquanto isso, alguns professores (dentro de suas confortáveis bibliotecas e não do lado das barricadas), resolvem dispor de seu espaço privilegiado na mídia, para trocar a luta pela universidade – portanto por uma sociedade melhor – pela defesa do governo Serra. Abdicam assim de prestar um serviço à sociedade à qual pertence a universidade e com a qual todos devem estar compromissados.”
Esta senhora merece uma chicotada intelectual a cada vírgula que ela emprega para separar o sujeito de seu predicado. Observo que ela também usa o particípio passado de “ocupar” para qualificar os invasores: “ocupados”. Até onde acompanho, “ocupada” — de fato, “invadida” — era a reitoria. Os militantes, ao contrário, eram DESOCUPADOS. Nem os estudantes de Maio de 68, na França, faziam essa oposição rasteira entre “bibliotecas” e “barricadas”. Ana Fani acusa a desinformação dos jornalistas. Pode ser. Mas eu sei quem é ela, velha militante petista. Querem ver? Sei, por exemplo, que esta senhora ainda é do tipo que tem em Marta Harnecker, uma stalinista furiosa, uma de suas principais referências intelectuais.
Ana Fani é um gênio. Sempre que há alguma causa complicada na Geografia, algum enrosco, ela é chamada. Ela participou, por exemplo, da banca da seguinte dissertação de mestrado: “Granja Viana: a produção (ideo)lógica do espaço.” Reparem no “ideo” entre parênteses. Deve querer dizer alguma coisa. Seu currículo diz que ela é especialista em espaço. Daí que ela tenha sido convidada para um outro tema excitante: “A representação do espaço nas histórias em quadrinhos do gênero super-heróis: a metrópole nas aventuras de Batman”.
Continuo a tratar, no post seguinte, da loucura que toma conta da Universidade de São Paulo.