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A sofisticada estratégia “Salva Palocci”: seria tudo mera questão de legislação confusa!

Não resta dúvida de que o ministro Antônio Palocci vem recebendo apoios de peso. Ontem, como vocês viram, foi a vez de Paulo Maluf atestar a sua honradez, seguindo a trilha de José Sarney e Romero Jucá. Renan Calheiros não vê a hora de anunciar a sua irrestrita confiança no petista. Que coisa! Michel Temer, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h55 - Publicado em 23 Maio 2011, 07h27

Não resta dúvida de que o ministro Antônio Palocci vem recebendo apoios de peso. Ontem, como vocês viram, foi a vez de Paulo Maluf atestar a sua honradez, seguindo a trilha de José Sarney e Romero Jucá. Renan Calheiros não vê a hora de anunciar a sua irrestrita confiança no petista. Que coisa! Michel Temer, vice-presidente da República, presente ao evento que reconduziu Maluf à presidência do PP em São Paulo, ao comentar o caso, lembrou que é preciso regulamentar a atividade de lobby. Como dois mais dois são quatro, segundo Temer, Dilma Rousseff tinha um lobista como assessor de campanha — o que explicaria, segundo entendi, seu ganho fabuloso em 2010: R$ 20 milhões! Vamos ser claros: ignora-se a existência de ex-ministro ou parlamentar que tenha ficado tão rico em tão pouco tempo sem uma atividade conhecida na iniciativa privada. Palocci é o primeiro.

Prestem atenção, leitores, aos jornais deste domingo. Todos eles trazem uma mesma pauta, com meras diferenças de acento aqui e ali: o caso Palocci teria trazido à luz um problema de legislação, justamente aquele apontado por Temer: a falta de uma legislação mais clara, eventualmente mais dura, que discipline a relação de políticos com a iniciativa privada. Entenderam a operação sutil, mas bastante eficiente, que está em curso? O petista, a rigor, não teria feito nada de irregular. A legislação é que é confusa.

Imaginem o PT na oposição com um caso desses nas mãos. Não houve um só ministro de FHC que tivesse vivenciado situação parecida. No entanto, os petistas os mandavam para o banco dos réus morais diante de uma simples suspeita. Sempre havia um batalhão de procuradores para fazer picadinho da honra alheia. Se colasse… Quase sempre colava. Os inimigos do PT eram rematados safados; os seus amigos são pessoas que, como diria o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça!!!), não podem ser condenados por terem “enriquecido licitamente”. Do total de R$ 20 milhões que Palocci faturou só em 2010, R$ 10 milhões foram recebidos nos meses de novembro e dezembro, com Dilma Rousseff já eleita, e Palocci já nomeado ministro de alguma coisa grande. Enriquecimento lícito!

A cascata de que a legislação precisa ser reformada é só uma maneira, já politicamente orientada, de tentar salvá-lo, diminuindo a gravidade do que fez. Outros seriam acusados de corrupção ou tráfico de influência. E ele? Ah, ele ajudou a revelar uma questão institucional. Afirmei aqui desde o primeiro dia e reitero: o “consultor” José Dirceu é mais eticamente correto, no ramo da consultoria (e isso não é um elogio), do que Palocci. Afinal, abriu a sua empresa quando não era mais deputado. Oficialmente ao menos, não pode atuar para beneficiar “clientes”. A gente sabe que é falso, mas, ao menos, não passa recibo de idiota. Ocorre que Dirceu é um dos que ajudam, involuntariamente, a manter Palocci no cargo. O temor de muitos é que, sem o ministro-chefe da Casa Civil, os petistas cascas-grossas avancem. E os “paloccetes” alimentam esse temor.

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Muita gente já lembrou na semana passada e deixo aqui o registro. Em outubro de 1992, o então presidente Itamar Franco afastou do ministério seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, hoje seu assessor no Senado. Na CPI dos Anões do Orçamento, seu nome fora citado. Teria facilitado a liberação de emenda fantasma ou algo assim. Era uma coisinha de nada na comparação com Palocci. Itamar deixou claro: Hargreaves ficaria fora do governo, tudo seria investigado, e, caso provada a sua inocência, voltaria. Era inocente. Em novembro de 1993, reassumiu o cargo.

Por alguma razão, má razão, o exemplo dado por Itamar não fez escola. Ao contrário. Palocci não explicou rigorosamente nada até agora. Ao tentar se justificar, deu-nos ciência de que um ex-ministro vale muito no mercado. E agora nos defrontamos com essa cascata, segundo a qual há um vazio legal que permite zonas de ambigüidade etc e tal. O que isso quer dizer? Em algum momento, por acaso, será considerado aceitável que um deputado, assessor de uma presidenciável, ministro certo da presidente eleita, receba R$ 20 milhões a título de consultoria? Ou, então, por outra: será necessário que isso seja explicitamente proibido em lei para que alguém como Palocci seja contido?

Vênia máxima, é uma tese vigarista!

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