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A GRANDE NOTÍCIA DO DIA QUASE IGNORADA PELA IMPRENSA. OU:DEIXANDO-SE PAUTAR PELO ADVERSÁRIO

A notícia vai quase escondida no Estadão. Não mereceu nem mesmo uma chamadinha na primeira página. Nos outros jornais, não vi nada a respeito. Os grandes portais, hoje, a ignoram: o estado de São Paulo teve, no terceiro trimestre, o menor número de homicídios em 14 anos. Na série anualizada, que teve inicio em 1996, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h48 - Publicado em 27 out 2010, 17h02

A notícia vai quase escondida no Estadão. Não mereceu nem mesmo uma chamadinha na primeira página. Nos outros jornais, não vi nada a respeito. Os grandes portais, hoje, a ignoram: o estado de São Paulo teve, no terceiro trimestre, o menor número de homicídios em 14 anos. Na série anualizada, que teve inicio em 1996, comparando-se trimestres correspondentes, o estado atinge a marca de 9 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes. É o índice mais baixo do país. Só para que se tenha uma idéia do que isso significa: no Brasil como um todo, a taxa é escandalosa, quase o triplo: 26 homicídios por 100 mil habitantes. Em Pernambuco, o índice de São Paulo se multiplica por seis; em Alagoas, por quase sete; no Rio, cuja segurança pública a petista Dilma Rousseff toma como modelo, por quatro.

Qual será o segredo de São Paulo? A própria reportagem do Estadão encerra o texto com uma explicação que certamente agrada aos “especialistas” em direitos humanos, mas desagrada os fatos e a lógica: atribui a queda ao Estatuto do Desarmamento. Sei. E por que não terá o dito-cujo exercido nos demais estados o mesmo efeito? Querem outros que o crescimento econômico esteja na raiz desse feito. O Nordeste foi a região do Brasil que mais cresceu nos últimos anos: a violência, no entanto, explodiu por lá. Em 14 anos, o índice de homicídios em São Paulo despencou: caiu mais de 70%!!!

Mais números: são assassinadas 50 mil pessoas por ano no país, boa parte delas em razão do tráfico de drogas. Se o incide nacional fosse igual ao paulista, morreriam 17.100 — poupando-se 32.900 vidas por ano.

Qual é o segredo de São Paulo?
Se o Estatuto do Desarmamento vale no país inteiro, e os índices de mortes recuam muito timidamente; se o crescimento econômico não explica a redução — já que estados que tiveram excelente desempenho viram explodir a violência —, como explicar o “milagre” paulista? A resposta — que os “especialistas” se negam a ver porque, petistas na sua maioria, estão fazendo política e não ciência — é esta: o estado tem uma polícia mais eficiente e que prende mais bandidos. Querem mais números, que estão ao alcance de todos os meus coleguinhas?

Em dezembro de 2009, a população carcerária no país era de 474.626 pessoas. Do total, nada menos de 34,6% estavam em São Paulo, que tem apenas 22% da população. Será que o estado tem mais pilantras do que os outros ou prende demais? Não! Tem uma polícia e uma segurança mais eficientes. O Rio, por exemplo, vinha em quinto lugar, com menos presos do que Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. Eram, há um ano, 399,79  por 100 mil habitantes em São Paulo, contra apenas 166,56 no estado que Dilma elegeu como exemplar na segurança pública.

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Vejam que coisa estupefaciente, não é mesmo? Quanto mais bandidos encarcerados, menos bandidos na rua. Quanto menos bandidos na rua, menos gente morta. Essas relações não deveriam ser espantosas, evidentemente. Mas é tal a delinqüência intelectual, teórica e acadêmica no Brasil que o óbvio precisa ser explicitado.

Campanha eleitoral
O eleitor que não é  de São Paulo não sabe: uma das teclas na qual o candidato do PT ao governo do estado, Aloizio Mercadante, derrotado no primeiro turno, bateu muito foi justamente a segurança pública — que, para ele, estava fora de controle.  Até Marina Silva chegou a dizer algo parecido!!! Dilma Rousseff, e isso todo mundo sabe, também é uma crítica severa da política do PSDB na área. Vale dizer: de maneira organizada, sistemática, o PT ataca o que inequivocamente funciona. Há algum tempo, andei me estranhando com um medalhão da Faculdade de Direito da USP, igualmente petista, que andou dizendo besteiras a respeito. Falarei dele em outro post.

Sim, eu acho, sim, que os tucanos são ruins de propaganda pra caramba. Essa questão nem mesmo foi para o horário eleitoral de Serra — e já não tinha sido usada na de Geraldo Alckmin, em 2006. É que alguns bocós consideram que lidar com essas coisas tira o caráter, digamos, “progressista” dos candidatos. Há três eleições, a marquetagem tucana é feita para tentar ganhar votos da esquerda, que, não obstante, votará no PT. O homem comum, esse que anda na rua, que quer segurança pública eficiente, acaba ignorado. Lei e ordem são coisas “de direita”, dizem os colunistas de clichês.

As pesquisas todas apontam que o PSDB perderá a eleição no domingo. Pode ser. Se acontecer, muitas razões poderão ser apontadas (não se joga sozinho, por exemplo), mas uma delas disputa o primeiro lugar nas motivações: a vergonha que os tucanos têm de exaltar os próprios feitos, deixando-se pautar pela agenda do adversário.

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