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A CADA ENXADADA, UMA MINHOCA. OU: MAIS SOBRE O “PLANO NACIONAL DE BANDALHEIRA LARGA”

Volta e meia repito aqui uma frase vinda lá do meu interior para retratar pessoas que jamais frustram nossas piores expectativas: “A cada enxadada, uma minhoca”. Gostei de vê-la hoje um excelente editorial da Folha sobre o Plano Nacional de Bandalheira Larga. Reproduzo o texto. * Banda turva A CADA ENXADADA, uma minhoca. Natural da […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h51 - Publicado em 26 fev 2010, 13h50

Volta e meia repito aqui uma frase vinda lá do meu interior para retratar pessoas que jamais frustram nossas piores expectativas: “A cada enxadada, uma minhoca”. Gostei de vê-la hoje um excelente editorial da Folha sobre o Plano Nacional de Bandalheira Larga. Reproduzo o texto.
*

Banda turva

A CADA ENXADADA, uma minhoca. Natural da cidade de Passa-Quatro, no sul de Minas Gerais, José Dirceu certamente conhece esse dito popular, segundo o qual basta procurar para encontrar.

E minhocas não parecem faltar quando o assunto são os negócios de consultoria a que passou a se dedicar o ex-ministro do governo Lula. Desde que deixou a Casa Civil e teve o mandato de deputado cassado pela Câmara, em 2005, acusado de ser o mentor do mensalão, Dirceu tem se mostrado uma figura equívoca. A militância política e a atividade profissional, os contatos no mundo privado e as incursões pelos porões do poder público se misturam nebulosamente na vida deste personagem anfíbio.

O próprio Dirceu, vale dizer, alimenta uma certa mitologia em torno de seu personagem, sem que se saiba quanto disso é lobby de si próprio e quanto corresponde à influência que ainda exerceria sobre setores do Estado e da máquina petista.

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Em 2007, numa longa entrevista à revista “Playboy”, a certa altura ele explicava seu trabalho nos seguintes termos: “No fundo, o que eu faço é isso: analiso a situação, aconselho. Se eu fizesse lobby, o presidente saberia no outro dia. Porque, no governo, quando eu dou um telefonema, modéstia à parte, é um telefonema! As empresas que trabalham comigo estão satisfeitas. E eu procuro trabalhar mais com empresas privadas do que com empresas que têm relações com o governo”.

Primeiro, há esses telefonemas com exclamação, que mais mereceriam pontos de interrogação. Segundo, há o fato incontestável de que Dirceu trabalha, sim, com empresas que têm relações com o governo. Como revelou esta Folha, é o caso da consultoria que prestou ao empresário Nelson Santos entre 2007 e 2009, pela qual recebeu R$ 620 mil.

Dono de uma “offshore” num paraíso fiscal, Santos adquiriu em 2005, por R$ 1, uma participação na Eletronet, empresa em processo de falência que o governo Lula planeja recuperar para usar seu principal ativo -uma rede de 16 mil km de fibras óticas- na oferta de internet a 68% dos domicílios até 2014.

É no mínimo uma coincidência sugestiva o fato de que a massa falimentar da Eletronet tenha sido convertida em ouro pelo governo meses depois da contratação de Dirceu por Santos.

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Qualquer que seja o desfecho dessa história, ela constitui o mais recente capítulo do que se tem procurado ocultar sob a retórica do “Estado forte” lulo-petista: a aliança entre empresas privadas favorecidas pelo poder e grupos de interesse aninhados no Estado e no partido.

A operação de compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar, que demandou mudanças importantes na legislação e contou com forte injeção de dinheiro do Banco do Brasil e do BNDES, é um exemplo acabado do neopatrimonialismo em curso no país.

Com seu maquiavelismo de almanaque, Dirceu apenas mostra de maneira mais didática o que se tornou diretriz de governo.

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